A palavra do ano, segundo o Dicionário Oxford, é brain rot — uma expressão que significa “cérebro podre” ou “podridão cerebral” em inglês. Só em 2024, o termo foi pesquisado 130 mil vezes, chamando atenção para os efeitos do consumo excessivo de conteúdos superficiais: dificuldade de concentração, pensamento crítico enfraquecido e decisões mal embasadas.
Agora, imagine como isso impacta o mundo corporativo, especialmente em estratégias ESG (ambientais, sociais e de governança). Se líderes estão distraídos e sobrecarregados por informações irrelevantes, o que acontece com decisões que moldam o futuro do planeta — e com o exemplo deixado para a próxima geração de líderes?
O cérebro que decide o futuro
Estratégias ESG não são simples. Elas demandam visão de longo prazo, análise criteriosa e foco absoluto. Contudo, brain rot ameaça essa capacidade, trazendo uma mentalidade imediatista que prioriza soluções de curto prazo e metas superficiais.
Líderes soterrados por e-mails, notificações e reuniões desnecessárias perdem o tempo e a clareza necessários para enfrentar desafios urgentes, como mudanças climáticas ou desigualdades sociais. Assim, ESG corre o risco de ser apenas um “rótulo bonito” ao invés de uma prática transformadora.
O problema vai além do presente. Quando os líderes de hoje sucumbem ao excesso de distrações, eles também falham em inspirar e preparar as próximas gerações. Jovens talentos estão atentos a mais do que salários; eles buscam significado e liderança com propósito. Uma liderança desfocada deixa um legado vazio – e uma herança de hábitos.
Sustentabilidade não vive de checklists
O sucesso de ESG vai além de cumprir metas numéricas. Ele exige integração profunda com a estratégia da empresa. Mas, sob o efeito do brain rot, muitas corporações se limitam a “ticar” ações sem criar impacto real.
Se a liderança não está conectada ao propósito, como traçar estratégias que promovam mudanças concretas? O risco é transformar ESG em uma lista de tarefas sem significado, algo que ilude stakeholders, mas não muda realidades — e tampouco inspira futuros líderes a continuarem o trabalho.
Como combater o brain rot na liderança?
Para empresas que querem liderar com responsabilidade e inovação, o primeiro passo é combater o brain rot. Aqui estão algumas práticas que fazem a diferença:
- Escolha informação, não ruído: Incentive a curadoria de dados relevantes para
decisões estratégicas. Não basta mais; é preciso melhor. - Dê espaço ao pensamento profundo: Crie momentos na agenda para debates
focados e livres de distrações sobre ESG e sustentabilidade (brainstorms fazem
bem). - Eduque para o propósito: Ofereça capacitação contínua em ESG e
sustentabilidade. Quando líderes entendem o impacto de suas ações, estão mais
preparados para liderar com clareza. - Priorize resultados reais: Metas ESG não podem ser decorativas e nem
priorizando o marketing para “ficar bem na fita”. Invista em métricas que reflitam
mudanças tangíveis, como comunidades impactadas ou emissões reduzidas. - Inspire os futuros líderes: Mostre, por meio de ações claras, que liderar com
propósito é mais do que uma tendência — é um caminho para transformar o mundo.
Liderança transformadora começa na mente
O brain rot não é só uma metáfora, é um alerta: liderar no piloto automático não funciona
mais. Sustentabilidade exige foco, conexão e clareza para transcender metas imediatistas e
transformar o impacto das empresas no mundo.
Além disso, líderes não são apenas tomadores de decisão; são exemplos vivos para a próxima geração. Jovens que assistem a uma liderança desconectada e superficial podem perpetuar o ciclo. Mas líderes que priorizam a clareza, a empatia e o impacto criam um legado sustentável que transcende gerações.
O futuro será moldado por quem sabe filtrar o que importa é decidir com propósito. A pergunta é: você está liderando com clareza ou está distraído pelo excesso?