Direto ao ponto

Como “reconstruir melhor” depois da Covid-19

Segundo a pesquisadora da Rotman School of Management Sarah Kaplan, algumas empresas já criaram precedentes que devem permanecer no pós-pandemia

Compartilhar:

“Reconstruir melhor” é uma expressão cunhada pela força-tarefa das Nações Unidas encarregada de criar planos melhores de recuperação de desastres. Para eles, reconstruir melhor significa usar a recuperação depois de calamidades – no caso, terremotos, tsunamis e furacões – a fim de restaurar sistemas sociais equitativos, revitalizar moradias e proteger o ambiente.
Segundo Kaplan, diante da crise da Covid-19, reconstruir melhor significa honrar os compromissos com os stakeholders defendidos tenazmente no ano passado, quando as 180 empresas integrantes do Business Roundtable redefiniram o propósito das empresas e prometeram mudar o foco dos shareholders para os stakeholders.

Para isso, é fundamental redesenhar o trabalho. Salário digno, licença e assistência médica, e mais segurança resolverão muitas das profundas desigualdades que a pandemia colocou ainda mais claramente em foco. Por muitos anos, as empresas resistiram a fornecer esses benefícios.
Algumas, porém, demonstram durante a pandemia que isso é possível. Aldi, Anheuser-Busch, Danone e Nestlé, entre outras, aumentaram a remuneração de trabalhadores essenciais. Dominion Energy, SimpliPhi e S&P Global estão oferecendo mais licenças remuneradas por doença; e até mesmo o Uber está oferecendo duas semanas de licença médica remunerada para seus motoristas. Agora que o antes impensável foi realizado, parece difícil voltar aos velhos tempos.

Hoje, trabalhadores essenciais estão sendo aplaudidos por arriscarem sua própria segurança para fornecer alimentos, transportar mercadorias e cuidar dos doentes. No entanto, eles têm historicamente recebido salários notoriamente baixos com poucos benefícios. “Achamos que podemos voltar ao velho normal, quando trabalhadores de supermercados, cuidadores e enfermeiros, trabalhadores agrícolas e entregadores mal conseguem sobreviver?”, pergunta Kaplan.

© Rotman Management
Editado com autorização da Rotman School of Management, ligada à University of Toronto. Todos os direitos reservados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura