Desenvolvimento pessoal

Como vencer a batalha contra você mesmo

Na vida estamos cercados de desafios: no trabalho, na família, nos relacionamentos. Mas no fundo não percebemos que a principal batalha que precisamos travar é contra nós mesmos.
Virginia Planet é sócia e cofundadora da House of Feelings, primeira escola de sentimentos do mundo.

Compartilhar:

A batalha começa ao acordar todo dia sem apertar o botão de soneca e ao encontrar incentivo para arrumar a própria cama. Parece algo pequeno, não é mesmo?
Mas arrumar a própria cama tem um significado muito mais profundo, segundo o atleta e escritor, [David Goggins](https://davidgoggins.com/about/).

Goggins, que já enfrentou diversos problemas de saúde como obesidade e cardiopatia, nos propõe uma reflexão bastante interessante. E se nós tratássemos todos os nossos dias como se fossem o dia da entrevista de emprego mais importante da nossa vida?

Certamente tudo seria diferente. Provavelmente, experimentaríamos uma vida nova, mais plena, mais intensa.

Mas é bem provável que sentiríamos mais medo também, afinal, entregar a nossa “melhor versão” todo dia está longe de ser fácil.

## Como mudar a forma de ver e pensar

Pense: por que, quando estamos diante de situações cruciais como a entrevista de emprego da nossa vida, o nosso casamento ou a mudança de país, nos preparamos com antecedência e no nosso dia a dia “normal”, não?

Por que é mais fácil apertar o botão de soneca do que levantar no horário correto e nos preparar melhor para o que está por vir?

É porque não gostamos de coisas desconfortáveis.

Todo dia, segundo Goggins, precisamos deixar de ouvir, na nossa mente, o “eu” que nos diz que tudo deve ser fácil e sem obstáculos para que o outro “eu” – aquele que não está satisfeito com a cama desarrumada – possa vencer.

Este outro “eu” é justamente a nossa melhor versão e é esta versão de nós que nos levará onde realmente queremos chegar.

## Dor, fracasso e quedas

O que precisa ficar claro é que esta é uma jornada que envolve dor, fracassos e quedas. Precisamos estar preparados para muita coisa que a gente “não gosta de fazer”, muita coisa que nos deixa mais “vulneráveis” diante do novo, do desconhecido.

E é aí que está o ponto de virada: quanto mais vulneráveis nos sentimos, mais perto estaremos de vencer a batalha contra nós mesmos.

Em seu podcast Unlocking Us, Brené Brown, estudiosa do conceito de vulnerabilidade e professora da Universidade do Texas, diz que ser vulnerável é justamente aceitar o risco incerto de nos expor emocionalmente diante de outras pessoas.

Praticamente toda situação “nova” é desconhecida e nos apavora. E isso não se trata apenas de um novo emprego ou ter um bebê, por exemplo. Pode ser simplesmente quando começamos a andar de bicicleta pela primeira vez.

Essas situações nos deixam vulneráveis e muitos de nós simplesmente ficamos paralisados. “Estamos tão assustados e com medo de nos expor que paramos de tentar coisas novas e paramos de crescer. E quando paramos de crescer começamos a regredir”, diz Brené.

## Mas o que precisamos ter em mente para conseguir superar esse medo?

Bem, o primeiro passo para isso é adotar o FFT ([Fucking First Time](https://forge.medium.com/bren%C3%A9-browns-advice-for-when-you-feel-like-shutting-down-e809b94fcb40)) que basicamente é entender que, diante de toda situação nova, precisamos:

1. Normalizar nossas emoções desconfortáveis e falar sobre sentimentos ruins
2. Colocar esses sentimentos na mesa e entender que eles são temporários
3. Realinhar nossas expectativas de acordo com a realidade da situação

Comece a se perguntar: Por que estou fora de controle ou por que estou confuso?

Ao tentar responder essas perguntas, nomeie seus sentimentos. Você se sente ansioso com seu futuro? Com raiva por um desentendimento do passado? Ou feliz por ter tudo que sempre sonhou?

Ao ser honesto com você mesmo(a) e com seus entes queridos sobre como você se sente, você poderá finalmente se sentir livre para dar o próximo passo.

Tem uma frase do professor da Universidade de Yale, Marc Brackett que resume bem esta importante lição: “Permita-se sentir. Este é um direito humano”.

Falar sobre suas emoções e sentimentos não vai apenas “tirar um peso das suas costas”, mas vai te dar a habilidade poderosa de eliminar as distrações. Assim você finalmente conseguirá vencer o “eu” que te impede de promover a mudança que você precisa para alcançar seu propósito e a sua própria felicidade.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura
Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura