Uncategorized

Contagem regressiva com Tom Peters

o maior provocador do pensamento gerencial garante que os executivos precisam de mais tempo livre para serem bons líderes nos dias de hoje.

Compartilhar:

> **Saiba mais sobre – Tom Peters**
>
> **Como definem Peters:** o grande nome do pensamento gerencial, consultor e autor de vários best-sellers provocadores. 
>
> **Como Peters se define:** alguém que se recusa a tratar os negócios com receitas de prateleira. 
>
> **Peters no Brasil:** Participará do Fórum HSM de Liderança e Alta Performance, em abril deste ano, em São Paulo.

**5 – Em sua opinião, o que falta na discussão atual do management?** 

Não sei. Minha melhor suposição é a de que ninguém tem a mínima ideia do que está fazendo. Em uma situação assim, o melhor é ficar tentando coisas em um ritmo insano. Essa experimentação incansável provavelmente já era importante nos anos 1970, mas agora virou caso de vida ou morte.

 Eu vejo gestores que parecem ter 12 anos de idade com distúrbio de déficit de atenção, pulando de uma coisa para outra, constantemente barrados pelas informações, caçando sem parar a próxima grande ideia. Peter Drucker dizia que o principal traço de um líder eficaz é fazer uma coisa de cada vez, mas hoje a tecnologia nos aparelha para fazer –ou nos leva a achar que podemos fazer– 73 coisas ao mesmo tempo. [Para enfrentarmos essa experimentação incansável,] deveríamos deixar 50% de nosso tempo livre. É uma das coisas que lembro do livro Leadership the Hard Way, de Dov Frohman. 

A outra, correlacionada, é que o segredo do sucesso é sonhar acordado. Essa constatação veio, pasme, de um agente da inteligência israelense.

**4 – O que exatamente os executivos deveriam fazer nesse tempo livre?**

Eu estive recentemente em um jantar com as pessoas mais importantes das finanças mundiais e ouvi de um dos maiores líderes do setor o seguinte: “o principal problema dos CEOs de grandes empresas é eles não lerem o suficiente”. Não é interessante que ele pense assim? agora, mais do que nunca, precisamos nos atualizar, estudar como jamais fizemos.

 Por exemplo, [o físico] Albert Allen Bartlett já disse: “a maior deficiência da raça humana é nossa incapacidade de entender a função exponencial”. Deveríamos entendê-la. [Em 2012, e durante 18 meses, Peters cancelou boa parte de seus compromissos para estudar as novidades da gestão.] Como sobreviver ao ritmo frenético? Eu diria que é preciso viver para ficar mais esperto e para aprender coisas novas. 

Outra maneira é ir avançando na cadeia de valor agregado, indo além dos tipos de tarefas e papéis que podem ser automatizados. Recentemente, a [companhia de venture capital] Kleiner Perkins Caufield & Byers contratou o designer John Maeda para introduzir o design thinking em todas as companhias em que tem participação. As máquinas vão automatizar muitas coisas, mas o design é algo em que as pessoas são melhores. O design deve estar em tudo o que fazemos, até na resposta a um e-mail.

**3 – O que você tem a dizer sobre o criticado design dos organogramas?**

Odeio defender linhas e caixas, mas não acredito que a hierarquia esteja morta. Só não pode ser mais importante do que a cultura corporativa. Lou Gerstner [ex-CEO da IBM] dizia: “aprendi que a cultura corporativa não é parte do jogo, mas o jogo”. 

E, se você é um líder, deveria querer desenvolver pessoas para valer e tornar o ambiente de trabalho um lugar cheio de energia, excitação, oportunidades de crescimento, e não ficar se importando com o organograma. Talvez apenas 5% dos líderes já tenham entendido que o organograma não é o que importa realmente. Não tenho muita paciência com os 95% que ainda não o entenderam.

**2 – O líder do século 21 tem mesmo de ser diferente do do século 20?** 

Acho que a liderança do século 21 depois de Cristo é exatamente igual à liderança do século 21 antes de Cristo. Tem a ver com organizar os assuntos de nossos colegas humanos e servi-los de algum modo. Agora, quem não faz sabáticos para ler e aprender, como eu fiz, nem abraça as novas tecnologias com alegria não serve para isso. 

Rich Karlgaard [publisher da revista Forbes] escreveu um livro no qual diz que as empresas acabam enfiando-se em um círculo vicioso no qual as pessoas promovidas para a chefia são as do “lado obscuro da força” –menos engajadas com pessoas, cultura, valores.

**1 – Organizações grandes e pequenas ainda são diferentes**

Defino a diferença entre grandes e pequenas pelo modo como respondem ao que eu digo: os gestores das grandes dizem “adorei o que você disse, mas não posso fazer nada, meu chefe não deixa”, enquanto os profissionais das PMEs falam “Foi um discurso barulhento, mas já vou implantar algo amanhã”.

 Como se mudam as grandes? Pondo mais mulheres no poder, porque elas sabem como contornar a hierarquia, ainda que essa afirmação seja um tanto exagerada. Homens respeitam demais a hierarquia. 

Há um problema em como vemos a gestão. Tendemos a fazer uma distorção. Existem os 5% de empresas líderes e existe o resto, que, nos EUA, respondeu por 95% da recente criação de empregos

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Gestão de Pessoas
O aprendizado está mudando, e a forma de reconhecer habilidades também! Micro-credenciais, certificados e badges digitais ajudam a validar competências de forma flexível e alinhada às demandas do mercado. Mas qual a diferença entre eles e como podem impulsionar carreiras e instituições de ensino?

Carolina Ferrés

9 min de leitura
Inovação
O papel do design nem sempre recebe o mérito necessário. Há ainda quem pense que se trata de uma área do conhecimento que é complexa em termos estéticos, mas esse pensamento acaba perdendo a riqueza de detalhes que é compreender as capacidades cognoscíveis que nós possuímos.

Rafael Ferrari

8 min de leitura
Inovação
Depois de quatro dias de evento, Rafael Ferrari, colunista e correspondente nos trouxe suas reflexões sobre o evento. O que esperar dos próximos dias?

Rafael Ferrari

12 min de leitura
ESG
Este artigo convida os profissionais a reimaginarem a fofoca — não como um tabu, mas como uma estratégia de comunicação refinada que reflete a necessidade humana fundamental de se conectar, compreender e navegar em paisagens sociais complexas.

Rafael Ferrari

7 min de leitura
ESG
Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.

Dilma Campos

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A palestra de Amy Webb foi um chamado à ação. As tecnologias que moldarão o futuro – sistemas multiagentes, biologia generativa e inteligência viva – estão avançando rapidamente, e precisamos estar atentos para garantir que sejam usadas de forma ética e sustentável. Como Webb destacou, o futuro não é algo que simplesmente acontece; é algo que construímos coletivamente.

Glaucia Guarcello

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O avanço do AI emocional está revolucionando a interação humano-computador, trazendo desafios éticos e de design para cada vez mais intensificar a relação híbrida que veem se criando cotidianamente.

Glaucia Guarcello

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, Meredith Whittaker alertou sobre o crescente controle de dados por grandes empresas e governos. A criptografia é a única proteção real, mas enfrenta desafios diante da vigilância em massa e da pressão por backdoors. Em um mundo onde IA e agentes digitais ampliam a exposição, entender o que está em jogo nunca foi tão urgente.

Marcel Nobre

5 min de leitura