Quando ouço o canto dos sabiás-laranjeira ao amanhecer, quase não lembro que esses pequenos pássaros descendem dos dinossauros. Em 1860, pouco depois de Charles Darwin publicar sua teoria sobre a evolução das espécies, um fóssil que representava a transição entre os répteis e os pássaros foi encontrado na Alemanha, comprovando perfeitamente sua teoria (batizaram-no de Archaeopteryx, se você tiver curiosidade de pesquisar mais). Na visão da HSM, a educação executiva está vivendo o mesmo tipo de evolução darwiniana.
Os programas concentrados no saber gerencial e que tratam os gestores como alunos de faculdade corresponderiam aos dinossauros, possivelmente prestes a ser extintos, enquanto aqueles que, em suas metodologias, conjugam o saber, o fazer e o ser, convertendo gestores em líderes e empreendedores e virando uma parte do negócio, seriam os sabiás. Esta edição, que circula em nossa HSM ExpoManagement, dedica-se especialmente ao tema. Um provocativo Dossiê tem como ponto de partida as empresas contratantes da educação continuada –seus executivos de RH relatam os problemas que encontram na oferta atual– e é complementado pelas várias soluções propostas. Transparentes, abrimos também o posicionamento da HSM como provedora de educação executiva, nas palavras de nossa diretora da área, Angela Fleury, e de nosso presidente, Rivadávia Drummond.
A esse respeito também publicamos uma entrevista exclusiva com o especialista em estratégia Roger Martin, ligado à Rotman School of Management e reconhecido como uma das vozes de vanguarda da área por executivos do calibre de A.G. Lafley, o CEO da P&G. Seu desânimo com o atraso das escolas de negócios em relação à necessidade de mudança deixa claro o momento jurássico que a área vive. O rico conteúdo inclui ainda três matérias sobre varejo que evidenciam a diferença entre a inovadora Zappos, de Tony Hsieh (em sua nova fase da holocracia), e a agressiva Máquina de Vendas, de Ricardo Nunes. Uma esclarecedora análise da consultoria PwC compara o momento do varejo nos EUA e no Brasil e completa o quadro. Destaco também a entrevista de Jan Koum, do WhatsApp, que me fez finalmente entender por que Mark Zuckerberg desembolsou US$ 22 bilhões pelo aplicativo. E acho fundamental ler a reportagem sobre a função vital da música na Apple. Aliás, a incorporação do executivo Jimmy Iovine, da Beats, confirma (assim como a recente contratação de Angela Ahrendts, ex-Burberry) que a companhia mais valiosa do mundo vê seus gestores como vantagem competitiva, o que reforça a importância da educação executiva para as empresas.
Não quero encerrar esta mensagem, contudo, sem cumprimentar nossa equipe pelo prêmio IBGC-Itaú de melhor cobertura da governança corporativa pela imprensa. A matéria agraciada –Os cinco erros dos conselhos, publicada na edição 105– também tem Darwin; mostra a evolução do board. Parabéns a nossa editora Adriana Salles Gomes e à repórter Sandra Regina da Silva.