Não por acaso, mesmo antes da pandemia, bancos e financeiras já estavam reforçando suas operações via Internet com amplo destaque. Ainda assim, o fato é que a crise gerada pela Covid-19 trouxe uma nova demanda de transformação digital, com exigências muito mais abrangentes do que imaginávamos até pouco tempo.
É possível dizer que o cenário atual escancarou a necessidade de reavaliar o foco da inovação, saindo da perspectiva de criação de produtos para a consolidação de uma proposta mais Customer Centric, com as operações alicerçadas diretamente na experiência dos clientes. Isso fica claro quando notamos o avanço dos canais de autoatendimento à disposição dos consumidores.
## Mais dispositivos móveis e aplicativos
[Estudo publicado](https://www.appsflyer.com/br/resources/finance-app-marketing-brazil/) pela AppsFlyer em abril deste ano ranqueou o Brasil como o terceiro país do mundo em que os consumidores mais instalam aplicativos financeiros para realizar operações. Para se ter uma ideia, cerca de 8,5% do que é instalado em dispositivos móveis está relacionado ao setor financeiro, índice maior do que dobro da média global.
A migração para o celular, aliás, é um exemplo bastante relevante desse processo de mudança. Inexistente há algumas décadas, o contato via smartphone representa uma grande oportunidade para a venda de novos serviços e para a fidelização dos consumidores. Estima-se, por exemplo, que o usuário brasileiro gasta três horas em média por dia em aplicativos de smartphones, utilizando ativamente por volta de 30 deles, de acordo com números divulgados pela [App Annie](https://www.appannie.com/en/). Isso torna este campo um importante canal para contratação de produtos e transações financeiras, o que inclui investimentos, seguros e depósitos virtuais.
Para permitir essa transformação, o setor financeiro tem investido cada vez mais em novas tecnologias como Inteligência Artificial, Automação de Processos, Blockchain e Internet das Coisas. Segundo o [Gartner](https://www.gartner.com/en), com a pandemia, os gastos com tecnologia por parte de bancos e corretoras possam sofrer um recuo em torno de 4,7% este ano. Contudo, a previsão é que em 2021 o investimento do segmento volte a crescer 6,6% no mundo. O momento, portanto, é de buscar por soluções que elevem a capacidade de sustentação e otimização da cadeia bancária, no preparo para a recuperação.
## Mas nesse cenário, qual seria a tendência número um?
É preciso salientar, entretanto, que as mudanças não estão sendo causadas apenas pela pandemia. A crise da Covid-19 apenas acelerou um movimento de mudança que já estava começando e que agora foi intensificado. Até porque, é bom frisar, estamos prestes a inaugurar a era do Open Banking, modelo estabelecido pelo Banco Central e que prevê o compartilhamento de dados e serviços por meio da abertura e integração de sistemas das instituições financeiras e bancárias. Parte desse pacote chegou em novembro, com o início do sistema de pagamento instantâneo PIX às transações financeiras de todo o Brasil.
Teremos agora uma expansão contínua de ofertas do mercado, que irão aumentar, inclusive, a concorrência do setor, uma vez que novas empresas poderão entrar no segmento bancário. É esse impulso que tem gerado o surgimento de novas fintechs e bancos digitais, com a proposta de ressignificação dos conceitos de agência, de pagamento e de transação financeira. O Open Banking, em outras palavras, criará um modelo de trabalho em ecossistema, que permitirá adicionar novas funcionalidades à cadeia.
Diante disso, é fundamental que os atuais players do mercado – assim como os postulantes à entrada no segmento – invistam em parcerias com especialistas e provedores de transformação digital que já conheçam de fato esta área, que é altamente regulada.
São esses parceiros que podem simplificar a capacidade de inovação das instituições financeiras, ampliando a capacidade de repensar as arquiteturas de tecnologia. O objetivo deve ser somar a experiência em TI e transformação desses fornecedores, posicionando-os como facilitadores de negócios. A mudança está acontecendo e continuará de maneira ininterrupta. O que não significa dizer, evidentemente, que a missão principal de um banco deixará de ser ceder crédito – e para isso, essas empresas precisarão sempre analisar riscos de forma eficaz.
## Sociedade em transformação
A realidade é que os riscos também mudam conforme a sociedade se transforma – e hoje, além de serviços financeiros, as empresas da área bancária também precisam otimizar o relacionamento diário com os consumidores, oferecendo um mix de serviços e recursos capaz de gerar impacto e ampliar a relevância de suas operações para muito mais do que a simples relação de caixa bancário. Empresas bem sucedidas do setor financeiro serão as que tiverem capacidade de se transformar de forma rápida, oferecendo serviços e crédito com agilidade e a partir do uso eficiente de tecnologias que podem ajudar na análise, acompanhamento e atendimento aos clientes.
Das agências tradicionais ao Open Banking, empresas financeiras e bancos precisam se ajustar para estarem conectados a um novo ecossistema, em uma atmosfera sustentável, integrada e convidativa, com eficiência para atender todas as pessoas de forma muito mais proativa, completa e integrada. Quem antes investir em tecnologia e em serviços de TI conseguirá acelerar a jornada de transformação e de geração de receitas, posicionando-se muito à frente da concorrência.