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É uma questão de cultura – e de escolha

Confunde-se muito eficiência com produtividade, mas são coisas diferentes: a primeira manda fazer o mesmo com menos; a segunda, fazer mais com o mesmo. Enquanto uma restringe, outra prega a abundância
Rafael Balan Zappia é consultor associado da HSM para estratégias educacionais e conteúdos. É board member da ZIV, galeria voltada a criar oportunidades e gerar transformações com arte

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Todo mundo já sabe: perto do final de 2019, a Microsoft do Japão realizou um interessante experimento relacionado à produtividade que se tornou destaque nas principais mídias internacionais. Por um determinado período, a empresa reduziu a jornada de trabalho dos seus funcionários para quatro dias semanais, em vez dos cinco usuais. Os resultados foram impressionantes. Mostraram que os funcionários não ficaram somente mais felizes. Eles se tornaram muito mais produtivos (atenção ao advérbio “muito”): houve um impacto positivo nas vendas em 40% comparado com o mesmo período do ano anterior.

Enquanto outras iniciativas como essa estão sendo testadas ao redor do mundo, relatórios como o The Global Competitiveness Report, do Fórum Econômico Mundial, apontam que o mundo ainda está longe de atingir todo o potencial produtivo que a nova revolução tecnológica e digital permitiria alcançar. Sendo específico em relação ao Brasil, já estávamos longe antes, amargando a posição de número 71 no ranking das nações mais produtivas. 

Para mim, três aspectos principais merecem a reflexão do leitor para explicar nosso ranqueamento infeliz e o fato de não estarmos fazendo experimentos como o da Microsoft japonesa para o futuro. 

Um deles é entender o “flow”, assunto tratado na página 52.

Outro é o papel do contexto organizacional, muitas vezes relegado a segundo plano. Um recente estudo feito pela consultoria Bain & Company mostra que em média 20% da produtividade das pessoas (o equivalente a um dia de trabalho semanal) é prejudicada pelas próprias estruturas e processos das organizações nas quais trabalham. 

O terceiro, e mais importante, é cultural. Normalmente em nossa cultura de trabalho confundimos eficiência com produtividade. Eficiência é sobre como fazer o mesmo com menos (o que representa um mindset restritivo) e produtividade é sobre como fazer mais com o mesmo (um mindset de abundância e exponencial). Abordagens tradicionais como 6-sigma e reengenharia de processos, por exemplo, estão muito mais relacionados à busca de eficiência. Para que possamos considerar a produtividade como foco real das ações, e na quarta revolução industrial, temos de olhar o contexto do comportamento humano e da experiência organizacional em sua integralidade.

Com certeza, ser produtivo num mundo cada vez mais disruptivo exige novos olhares sobre o assunto e novos motores de produtividade.

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