Melhores para o Brasil 2022

Em alta, o lado humano do profissional digital

A liderança do futuro deve focar a necessidade de abraçar e lidar com as próprias emoções
José Augusto Figueiredo é country head do Grupo Adecco.

Compartilhar:

Muitos acreditam que se digitalizaram durante o isolamento da pandemia. Um olhar mais atento nos diz que não. Paradoxalmente, o fato mais importante do período foi ressignificarmos a essência humana.

O exercício de imaginar o futuro da liderança empresarial depois do que passamos em 2020 traduz-se em uma grande aventura. Tantos paradigmas foram superados, e aprendizados emergem a todo instante, ainda em um momento de grande incerteza. Na essência, mudamos nosso comportamento quanto a como consumir, interagir e, principalmente, liderar. Como liderar, por exemplo, com equipes trabalhando de forma remota? Como sustentar uma cultura em que não há interações sociais? O que é temporário e o que é definitivo? Ou, em última análise, como saber se as pessoas estão realmente trabalhando?

Percebemos essas questões na pauta de muitos líderes ao longo de 2020. Importante salientar que a liderança aqui retratada não é um atributo exclusivo de CEOs ou “chefes”. Nem um dom nato que não possa ser aprendido. A liderança é, sim, um fenômeno humano, pleno em diversidade, descolado de hierarquia, fundamentado em mobilizar pessoas e recursos para caminharem a serviço de um propósito.

Nesse sentido, o primeiro chamado aos líderes e às organizações neste momento é relativo ao propósito. Por que e para que estamos juntos nesse empreendimento?
O trabalho remoto proporcionou muita autonomia às pessoas e viabilizou entregas com criatividade e dedicação. No longo prazo, o combustível para esse empoderamento residirá no significado que as pessoas atribuirão ao trabalho, ou seja, ao propósito.

Outra pauta na agenda dos líderes no curto prazo é a comunicação. Esta foi extremamente amplificada pela capacidade de atingir um público muito maior por meio de canais digitais. A forma e a qualidade do conteúdo passam a fazer grande diferença na imagem percebida pelas pessoas. Pequenas expressões criam cultura!
O tradicional estereótipo do líder super-herói definitivamente cai em desuso. O líder sente, sofre e chora, como todos os humanos. A capacidade de lidar com sua vulnerabilidade passa a ser uma competência invejável e saudável. A digitalização dos negócios e processos entra devastadoramente na agenda e, a reboque, a gestão ágil, com suas metodologias (scrum, sprints e squads) passa a fazer parte do fluxo organizacional. A transformação do contexto impacta diretamente os resultados gerados por diferentes estilos de liderança. Caberá ao líder no exercício do seu autoconhecimento desfocar-se de seu ego e de suas necessidades internas para focar seu entorno ou o externo a si mesmo. Felizmente, esse exercício ainda é atemporal.

Nessa linha lógica da evolução, há evidências de que o olhar para o outro e para a justiça social devem se fortalecer nos próximos cinco a dez anos. O amadurecimento dos ecossistemas e a consolidação das supply chains globais devem elevar a competição para esferas de maior cooperação e parcerias. A inovação deverá ser mais aberta, sem fronteiras, tornando-se o principal caminho para a transformação do negócio. As soluções para os clientes seguirão mais completas na forma de plataformas. As relações de propriedade estarão mais ponderadas pelo “usufruir” versus “possuir”, o que deve disruptar e criar muitos negócios.

E, de uma maneira geral, aquilo que entendemos hoje como ESG deverá se consolidar como base do modelo de gestão de qualquer empreendimento. Nesse sentido, e com muito otimismo, esse provável futuro deverá requerer dos líderes diversas competências emocionais, muita sensibilidade, escuta, alta capacidade de expressão e uma gestão ambidestra, capaz de lidar com multiplicidade de culturas (ao mesmo tempo) e com fronteiras invisíveis, além de equilibrar o corporativo, o humano e o social.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança