Saúde Mental

Empresa preocupada com saúde é mais valorizada pelos colaboradores

Ter a preocupação com o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores causa impacto não só no engajamento e na produtividade, mas também reduz o turnover e, consequentemente, melhora os resultados do negócio. Mas há desafios
Sandra Regina da Silva é colaboradora de HSM Management.

Compartilhar:

Um novo estudo indica um caminho para que empresas sejam mais valorizadas pelos seus funcionários. O *[Pulso RH – A saúde do colaborador brasileiro](https://alice.com.br/estudo-saude-colaborador?utm_source=imprensa&utm_medium=hsm&utm_campaign=estudo-saude-colaborador)*, que ouviu 1.000 trabalhadores em outubro, concluiu que os colaboradores são mais engajados nas empresas que têm preocupação com a saúde mental e bem-estar físico – 35% a mais do que naquelas em que não há iniciativas nessa frente. E não há diferenças significativas entre as faixas etárias.

Esse estudo foi idealizado pela Alice, plano de saúde corporativo e gestora de saúde, numa parceria com Beneficência Portuguesa de São Paulo, Caju, Grupo Fleury, Gupy, O Futuro das Coisas e Zazos, a partir da pesquisa aplicada pelo Opinion Box.

Os resultados comprovam, então, que uma boa estratégia é que a empresa e, consequentemente, seus líderes tenham um olhar mais humanizado quanto à saúde física e mental das pessoas.

Entretanto, a preocupação deve ser genuína e num amplo espectro, com ações que promovam ambientes saudáveis, incentivem os bons hábitos no que tange à alimentação, às atividades físicas, ao sono etc. Afinal sabe-se que esses fatores impactam a saúde das pessoas. Porém aí há um gap levantado pelo *Pulso RH*: da amostra, 63% disseram que nunca receberam orientações das empresas sobre como melhorar a alimentação, assim como os exercícios físicos. Então, não basta só oferecer um bom plano de saúde e ter ações pontuais e isoladas.

Curiosamente, o estudo escancarou a correlação da postura da empresa com a percepção que o trabalhador tem em relação à sua própria saúde mental. Entre aqueles que veem que sua empresa se preocupa com a saúde mental dos colaboradores, 70% consideram sua própria saúde mental boa ou ótima. O percentual cai para 40% entre os que consideram que a empresa não tem essa preocupação. Ainda nessa esteira, no primeiro grupo de empresas, 24% revelaram já ter tido burnout, contra 37% no segundo grupo.

## Responsabilidade da empresa ou não?
“A saúde é responsabilidade da pessoa”, destaca Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice, “porém a empresa pode ser catalisadora”, completa ela. Assumir esse papel, ainda mais quando se busca estar alinhada aos fatores ESG (governança ambiental, social e corporativa, na tradução), traz vários benefícios aos negócios.

![Sarita Vollnhofer](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/3yysVQ1meY3mx0i5iN4qCs/a4b23ef88910ac6a3ddac28c1306fa05/Sarita_Vollnhofer.jpg)

Foto: Sarita Vollnhofer, CHRO da Alice.

Conforme o estudo da Alice, 77% dos colaboradores se dizem engajados e conectados às empresas que se preocupam com a saúde mental e bem-estar físico – nas que não há essa preocupação, o percentual cai para 58%. Outro dado que justifica a postura é que 97% têm orgulho de trabalhar em empresas do primeiro grupo, frente aos 75% orgulhosos do segundo grupo.

## Autonomia e reconhecimento
Claro que todas as ações e iniciativas devem ser calcadas numa cultura organizacional que valorize, neste caso, o S do ESG – onde os colaboradores estão inseridos. E, para isso, os holofotes também recaem sobre os gestores, os líderes. “Autonomia e reconhecimento causam importante impacto”, avisa Vollnhofer.

O Pulso RH mostrou que, quando têm a percepção que são reconhecidos, 69% disseram que sua saúde é ótima ou boa; já quando o reconhecimento é inexistente, só 37% consideraram a saúde ótima ou boa. Na questão da autonomia, gozar de saúde ótima ou boa foi apontada por 63% dos que têm autonomia e somente 40% dos que não a têm.

Os dados revelados na pesquisa mostram por que as empresas devem se preocupar com suas pessoas, com seus times. Vollnhofer pontua que são muitos os benefícios quando empresas se conectam à busca por um mundo mais saudável, pois colaboradores mais engajados impactam na produtividade e, consequentemente, nos resultados corporativos.

## Muito a avançar…
Desde a pandemia de covid-19, o mercado corporativo teve grande evolução no relacionamento e trato com as pessoas. “Foi uma evolução forçada e necessária, mas há muito a fazer”, diz ela. Ainda hoje, a grande maioria está diante dos desafios dos diferentes modelos de trabalho (presencial, híbrido, remoto). Se por um lado, sabe-se que as conexões entre as pessoas são importantes para a saúde mental – e isso no mundo virtual não é igual no presencial –, por outro, há o tempo perdido no trânsito no ir e vir do trabalho, por exemplo.

Enquanto se analisam e se decidem as melhores formas de se trabalhar, as iniciativas visando a saúde mental e o bem-estar ainda são muito isoladas na maioria das empresas, avalia a CHRO da Alice. O ideal, segundo ela, é o cuidado holístico e pensar em prevenção, o que poucas fazem.

“É preciso mostrar a importância com dados e fatos. E precisa medir, ter indicadores também da saúde das pessoas. Mais que isso, tem de ter diagnóstico próprio, porque cada empresa é diferente da outra”, avisa ela. Até mesmo dentro da empresa, as necessidades de um time diferem das de outro, o que requer ações específicas por áreas. “Isso tem que evoluir no Brasil. É uma questão muito estratégica”, conclui.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Adotar o 'Best Before' no Brasil pode reduzir o desperdício de alimentos, mas demanda conscientização e mudanças na cadeia logística para funcionar

Lucas Infante

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, a robótica ganhou destaque como tecnologia transformadora, com aplicações que vão da saúde e criatividade à exploração espacial, mas ainda enfrenta desafios de escalabilidade e adaptação ao mundo real.

Renate Fuchs

6 min de leitura
Inovação
No SXSW 2025, Flavio Pripas, General Partner da Staged Ventures, reflete sobre IA como ferramenta para conexões humanas, inovação responsável e um futuro de abundância tecnológica.

Flávio Pripas

5 min de leitura
ESG
Home office + algoritmos = epidemia de solidão? Pesquisa Hibou revela que 57% dos brasileiros produzem mais em times multidisciplinares - no SXSW, Harvard e Deloitte apontam o caminho: reconexão intencional (5-3-1) e curiosidade vulnerável como antídotos para a atrofia social pós-Covid

Ligia Mello

6 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo de incertezas, os conselhos de administração precisam ser estratégicos, transparentes e ágeis, atuando em parceria com CEOs para enfrentar desafios como ESG, governança de dados e dilemas éticos da IA

Sérgio Simões

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Os cuidados necessários para o uso de IA vão muito além de dados e cada vez mais iremos precisar entender o real uso destas ferramentas para nos ajudar, e não dificultar nossa vida.

Eduardo Freire

7 min de leitura
Liderança
A Inteligência Artificial está transformando o mercado de trabalho, mas em vez de substituir humanos, deve ser vista como uma aliada que amplia competências e libera tempo para atividades criativas e estratégicas, valorizando a inteligência única do ser humano.

Jussara Dutra

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
A história familiar molda silenciosamente as decisões dos líderes, influenciando desde a comunicação até a gestão de conflitos. Reconhecer esses padrões é essencial para criar lideranças mais conscientes e organizações mais saudáveis.

Vanda Lohn

5 min de leitura
Empreendedorismo
Afinal, o SXSW é um evento de quem vai, mas também de quem se permite aprender com ele de qualquer lugar do mundo – e, mais importante, transformar esses insights em ações que realmente façam sentido aqui no Brasil.

Dilma Campos

6 min de leitura
Uncategorized
O futuro das experiências de marca está na fusão entre nostalgia e inovação: 78% dos brasileiros têm memórias afetivas com campanhas (Bombril, Parmalat, Coca-Cola), mas resistem à IA (62% desconfiam) - o desafio é equilibrar personalização tecnológica com emoções coletivas que criam laços duradouros

Dilma Campos

7 min de leitura