“Essa reunião poderia ter sido um e-mail.” Essa frase nunca fez tanto sentido – e os memes estão aí comprovar. No clima de apocalipse corporativo que tomou conta de muitas empresas durante a pandemia, squads e checkpoints despontaram como uma tábua de salvação para reinventar (ou disruptar, como preferem alguns) modelos de negócio e culturas organizacionais que agonizavam em meio ao caos econômico e ao distanciamento social. Em boa parte dos casos, o que era para ser agilidade, colaboração e eficiência terminou se revelando um labirinto kafkaniano de salas de Zoom, OKRs e planilhas compartilhadas.
Não existe estratégia de crescimento sem governança e inovação. Os estudos de caso que são publicados por aqui não deixam dúvida sobre isso. Mas tampouco existe metodologia que dê conta da falta de autonomia, transparência e confiança entre as pessoas. Muito menos da falta de comprometimento com uma visão de longo prazo. Empresas são organismos vivos, formadas por seres humanos, em toda a sua complexidade e subjetividade. Não tem receita de bolo. O modelo de gestão que roda no Google talvez não seja a melhor opção para a sua equipe.
A convivência entre diversas gerações e as mudanças de cenário cada vez mais velozes (um salve para o mundo VUCA) apresentam um desafio que os post-its na parede não mostram. Descobrir o caminho certo, entre a infinidade de tecnologias e metodologias à nossa disposição, é um processo empírico, de tentativa, erro e adaptação. Um movimento contínuo, com acordos que precisam ser revisitados constantemente. Acima de tudo, uma responsabilidade compartilhada. Não adianta culpar o método ou matar o mensageiro quando as coisas desandam. Todos nós temos a nossa parcela de culpa em projetos e reuniões que não passam de vitrines de autopromoção e autopreservação.
Híbrido, remoto ou presencial. Enquanto organizações e indivíduos procuram algum equilíbrio entre esses três formatos, temos uma oportunidade e tanto para explorar novas tecnologias e ferramentas de gestão. Para encontrar um caminho nesse cenário de possibilidades abertas, será necessário olhar além das tendências de gestão e traçar novas conexões entre modelos de negócio, culturas organizacionais e estratégias de colaboração. O futuro do trabalho, no fim das contas, é o que cabe na realidade de cada empresa.