ESG

ESG: a potência da aposta no pilar social nas empresas

Poucas são as organizações que fazem uso dos três pilares da agenda ESG. A inteligência artificial e o blockchain podem ser fortes aliados das empresas para o avanço da prática de governança ambiental, social e corporativa
Ivan Cruz é cofundador da Athon Consulting e da Mereo, empreendedor, consultor de gestão, conselheiro e “longlife learner”. Atuou como consultor no Brasil, nos Estados Unidos, na Alemanha, na Colômbia, na China e na França.

Compartilhar:

Cada vez mais utilizada nos ambientes estratégicos de grandes companhias, a prática ESG (governança ambiental, social e corporativa, em português) ainda é um desafio quando o objetivo é utilizar todos os pilares propostos por ela. Recentemente, realizamos uma pesquisa na Mereo que trouxe um dado interessante: das 86% das empresas que analisam o ESG, apenas 33% delas focam nos três pilares ao mesmo tempo. Outros 57% avaliam dois pilares (ES, EG ou SG) e 10% somente um dos três (E, S ou G).

O universo das empresas pautadas pela agenda ESG foi expressivo: foram 105 entrevistadas no total, de 17 segmentos diferentes e 27 delas listadas em bolsa. Apesar de as companhias ainda não conseguirem gerenciar todas as dimensões do ESG de forma síncrona, questões sociais aparecem em 97% das empresas pesquisadas. É o pilar mais trabalhado nas organizações principalmente com foco na avaliação de desempenho (22%), no clima organizacional (20%), no treinamento e desenvolvimento (17%) e na diversidade e inclusão (17%).

Nos últimos anos, a evolução tecnológica acelerou a competição por talentos e a busca por reskilling (equivalente a requalificação ou reciclagem de um colaborador) e por ambientes mais diversos que favoreçam a inovação. Desta forma, ter métricas e projetos que irão assegurar um ambiente acolhedor, que engaje as pessoas e, ao mesmo tempo, proporcionem o desenvolvimento necessário do colaborador em prol do crescimento do negócio, tornou-se uma questão de sobrevivência, e o ESG veio reforçar a importância.

O pilar social captura esses tensionamentos, caso de aspectos geracionais, porque refere-se
ao impacto das atividades da empresa nas comunidades locais, nos funcionários, nos clientes e em outros stakeholders. Investidores e acionistas têm focado na forma como as empresas lidam com questões sociais, incluindo tópicos de justiça social, diversidade e inclusão. Entendo que, nos últimos dois anos, organizações e partes interessadas se concentraram no social especialmente em razão da crise humanitária desencadeada pela pandemia de covid-19, que afetou mais determinados grupos do que outros. Dessa forma, o social se transformou no coração da agenda ESG.

A pesquisa também revelou que 44% das empresas que apostam em todos os pilares têm atuação internacional – nacional (38%) e regional (18%). Ter mais recursos e capital humano e financeiro podem ser decisivos para o maior investimento nas diretrizes ESG. Empresas internacionais, principalmente aquelas listadas em bolsa, têm uma maior tendência a focar no pilar G, tendo em vista que podem estar mais sujeitas a riscos legais e de reputação.

Entre as principais dificuldades de implementação da agenda ESG estão a falta de conhecimento sobre a temática, a falta de recursos e o impacto de custos sobre operações financeiras da empresa, aponta o estudo. Além disso, o segmento da empresa pode impactar sobre a adoção ou não dessas práticas, visto que há mercados consumidores que acabam por priorizar outros aspectos dos produtos, como qualidade e preço, em detrimento das escolhas sustentáveis e sociais. Empresas sem práticas ESG correm o risco de não sobreviverem às mudanças trazidas pelas novas gerações. A integração deve envolver todos os stakeholders, e empresas de qualquer tamanho podem debater questões como racismo, inclusão LGBTI+, sustentabilidade e práticas de governança.

Percebo que há uma tentativa, por parte das companhias, de avançar na agenda ESG. A tecnologia, como a inteligência artificial (IA) e o blockchain, são fortes aliados, pois têm a capacidade de criar novas oportunidades de negócios, além de promover reformas estruturais em processos de empresas. Aquelas que estão dispostas a adotar novas tecnologias saem na frente no mercado. Entendo, também, que existe um diferencial competitivo nas empresas engajadas com os temas de inclusão e diversidade. Além de serem importantes para o bem-estar de seus funcionários, há pressões sociais e de mercado para que as empresas adotem essas práticas, com evidências de que uma força de trabalho mais diversa leva a melhores resultados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura
Liderança, times e cultura, ESG
Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.

Fabiana Ramos

ESG, Empreendedorismo, Transformação Digital
Com a onda de mudanças de datas e festivais sendo cancelados, é hora de repensar se os festivais como conhecemos perdurarão mais tempo ou terão que se reinventar.

Daniela Klaiman

ESG, Inteligência artificial e gestão, Diversidade, Diversidade
Racismo algorítimico deve ser sempre lembrado na medida em que estamos depositando nossa confiança na inteligência artificial. Você já pensou sobre esta necessidade neste futuro próximo?

Dilma Campos

Inovação
A transformação da cultura empresarial para abraçar a inovação pode ser um desafio gigante. Por isso, usar uma estratégia diferente, como conectar a empresa a um hub de inovação, pode ser a chave para desbloquear o potencial criativo e inovador de uma organização.

Juliana Burza

ESG, Diversidade, Diversidade, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça os seis passos necessários para a inserção saudável de indivíduos neuroatípicos em suas empresas, a fim de torná-las também mais sustentáveis.

Marcelo Franco

Lifelong learning
Quais tendências estão sendo vistas e bem recebidas nos novos formatos de aprendizagem nas organizações?

Vanessa Pacheco Amaral