Inovação
6 min de leitura

Esporte, inovação e resultados: 10 lições que o esporte pode nos trazer na implantação da inovação organizacional.

Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.
Rafael Ferrari é sócio-líder da Deloitte Ventures, especialista em inovação e transformação digital. No ano de 2024 foi eleito um dos 3 brasileiro na lista do top 100 OutStanding global LGBT Executive Role Model. Com mais de 15 anos de experiência realizou trabalhos na América Latina e Canada. Liderou de projetos com abrangência global e atualmente lidera os maiores programas de inovação e transformação digital do país. É professor titular da Fundação Dom Cabral no MBA Internacional. Na escola Conquer é professor de transformação digital e inovação. Nos últimos quatro anos se dedicou a criação e evolução do DE&I LGBT+ no Brasil fazendo parte do conselho global do tema em nossa empresa.

Compartilhar:

O que o esporte pode nos ensinar para implantação de inovação organizacional? Em época de Olimpíadas ficamos encantados, emocionados e reflexivos quando nossos atletas ganham medalhas nos jogos olímpicos. Certamente os resultados alcançados foram parte da imaginação dos atletas e são frutos de ações diárias que se aplicadas no dia a dia das empresas podem alavancar a jornada de transformação organizacional.

Ao longo dos últimos anos, percebo, como triatleta amador e especialista em inovação a relação de atitudes que realizadas no esporte ou na inovação podem gerar resultados de alto impacto.

Desde muito tempo, tive o sonho de fazer um Ironman, prova na qual os atletas realizam três modalidades diferentes, sempre numa mesma sequência: natação, ciclismo e corrida, e esse sonho se tornou algo mais concreto quando ele entrou nos meus objetivos de vida, passei a imaginar como seria a passagem pelo portal de conclusão da prova.

Segundo o [2024 global Human Capital Trends da Deloitte](https://www2.deloitte.com/us/en/insights/focus/human-capital-trends.html), a capacidade de imaginar é um fator chave para que as organizações possam acompanhar as inovações tecnológicas para obter sucesso.

Acredito que sonhar com algo, imaginar o futuro, seja em âmbito pessoal, profissional ou organizacional é algo importante para nossas vidas, que nos guia, direciona e nos faz acordar todos os dias para ter um futuro melhor.

Se sonhar e imaginar é o que nos mantém vivo, transformar sonhos em metas é fundamental, pois sem metas eles sempre serão apenas sonhos. Um estudo de John C. Narcross, revelou que apenas 8% das pessoas conseguem cumprir suas resoluções. Quando trazermos o olhar organizacional, que pode ser explorado no artigo “Perspectives on transformation”, vemos que 70% das organizações falham nas suas tentativas de transformações!

Ou seja, sonhar é fundamental, estar na meta é importante, mas não é tudo!
Então, por onde começar? Iniciei ao definir uma estratégia para conseguir cumprir esse objetivo, a primeira delas era fazer uma meia maratona, treinei sozinho, cheguei acabado, mas celebrei muito, afinal pequenas vitórias importam muito em qualquer jornada.

Após a prova eu fiquei pensando, como posso acelerar meu aprendizado? Aumentar minha performance? Logo, o passo seguinte foi procurar por especialistas, pesquisei, procurei e consegui uma assessoria especializada no tema, em conjunto com o coach montamos um planejamento para tonar a meta em um plano factível, alcançável, mensurável.

Em um mundo onde tudo é prioridade e temos vinte e quatro horas, algo que é básico para conseguir realizar os treinamentos e a preparação para as provas é disciplina e realização de escolhas de onde investir tempo e recursos.

Esse processo de priorização foi o mais impactante, porque são muitas escolhas que são feitas em termos de prioridades pessoais. As rotinas de acordar de madrugada ao invés de dormir tarde, de ter uma alimentação saudável a comer qualquer coisa, de beber água ao invés de álcool ou refrigerante e de dar uma pausa em alguns estudos que estavam na lista de iniciativas para executar. Como eu disse, a vida é feita de escolhas e escolhas são feitas através de prioridades, quem faz tudo, não faz nada, limitar o WIP, work in progress, é princípio quando se deseja ter resultado, esse é o pensamento ágil.

Ter uma rotina de planejamentos de ciclo trimestrais e semanais de treino, que era adaptável a minha realidade de viagens, aulas para dar a noite e o feedbacks semanais do treinador, foram fatores chaves para uma evolução constante de volume e carga de treino.

Vieram as primeiras provas, o que chamei de piloto da minha experiência com o Triatlon, a primeira prova sprint, 750m natação, 20KM de bike e 5Km de corrida. Depois a segunda prova sprint com melhoria de 20% de performance e com isso a validação da hipótese que estava no caminho certo, eu não só gostava de fazer, mas também evoluía no esporte.

A partir daí foram novos investimentos, uma bicicleta de Triatlon para completar com a speed, roupa de borracha, ciclo computador e elementos que sabidamente aumentariam a minha performance. Junto com esses, vieram à minha primeira prova na distância olímpica, 1.5KM de natação; 40KM de bike, 10KM de corrida, em Buenos Aires, o resultado e a satisfação vieram lindamente.

Com a evolução acontecendo, a rotina virando hábito, a saúde estando melhor, chegou a hora de agendar a tão sonhada prova, lá estava ela no calendário, e duplamente, nesse momento eu estabeleci o compromisso comigo de estar em Florianópolis e Rio de Janeiro para execução do IronMan70.3.

A rotina de treinos para uma prova de endurance são pesadas, tem dias que faz você ter treinos incríveis, tem dias que você sai esgotado, tem dias que você vai se machucar, tem dias que você cai e tem dias que você levanta. O último ciclo para a prova do Rio de janeiro tinha que ser especial!

Faltando 1 mês para a prova do 70.3 do Rio veio uma queda, um susto, uma tendinite, sem conseguir nadar, fui incentivado a não parar de correr e pedalar, foi um “não desiste rapaz” e essas mensagens vieram de inúmeras pessoas, conexões importantes, pessoas que são referência para mim.

Em um treino faltando duas semanas o pneu estourou quando eu estava preso a bicicleta, outra queda e um pé machucado! Ou seja, quando voltei a nadar após as fisioterapias, parei de correr! Foram semanas de muita resiliência psicológica! Mas cheguei com a cabeça pronta para fazer dar certo, e deu!

Como atleta amador, saudoso e inspirado pelas Olimpíadas de Paris, reforço a certeza de que a jornada de realizar um sonho é como um filme, nunca uma foto, nunca é somente aquele momento, aquele minuto, aquela conversa, aquela pessoa, aquele treino, aquela prova, temos que olhar o todo, os momentos difíceis, felizes e celebrar todas as vitórias, elas fazem a diferença.

E na história de transformação que você está cuidando, tenha pessoas incríveis ao seu lado, é a presença delas que nos fazem tirar o sorriso no rosto, a vontade de estar junto, é quem te apoia incondicionalmente por acreditar com você no seu sonho.

“*Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade!*” Raul Seixas

Quando vejo as lições aprendidas ao longo da vida esportiva e a experiência em mais de quinze anos em projetos transformacionais, recomendo dez fatores chaves para uma jornada de sucesso:

• Tenha um sonho, um propósito, algo que você acredite, imagine o futuro;
• Transforme esse sonho em metas, tenha uma estratégia e celebre pequenas vitorias;

• Procure um especialista no assunto, ele vai te ajudar no caminho;

• Transforme a estratégia em um planejamento factível, alcançável e mensurável;

• Tenha disciplina, priorize onde investir tempo e recursos e limite o work in progress;

• Estabeleça rotinas ágeis, adaptável, de acordo com o contexto;

• Defina uma hipótese inicial, valide ela e apenas depois escale aquilo que deseja fazer;

• Transforme as novas formas de fazer as coisas em hábitos;

• Transformações não são fáceis, são pesadas, cansativas e com resultados, celebre eles, aprenda com os erros e seja feliz;

• Tenha resiliência e sempre se lembre que é sobre a história que está construindo e não sobre a foto daquele momento específico.

Compartilhar:

Rafael Ferrari é sócio-líder da Deloitte Ventures, especialista em inovação e transformação digital. No ano de 2024 foi eleito um dos 3 brasileiro na lista do top 100 OutStanding global LGBT Executive Role Model. Com mais de 15 anos de experiência realizou trabalhos na América Latina e Canada. Liderou de projetos com abrangência global e atualmente lidera os maiores programas de inovação e transformação digital do país. É professor titular da Fundação Dom Cabral no MBA Internacional. Na escola Conquer é professor de transformação digital e inovação. Nos últimos quatro anos se dedicou a criação e evolução do DE&I LGBT+ no Brasil fazendo parte do conselho global do tema em nossa empresa.

Artigos relacionados

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Uncategorized
A saúde mental da mulher brasileira enfrenta desafios complexos, exacerbados por sobrecarga de responsabilidades, desigualdade de gênero e falta de apoio, exigindo ações urgentes para promover equilíbrio e bem-estar.

Letícia de Oliveira Alves e Ana Paula Moura Rodrigues

ESG
A crescente frequência de desastres naturais destaca a importância crucial de uma gestão hídrica urbana eficaz, com as "cidades-esponja" emergindo como soluções inovadoras para enfrentar os desafios climáticos globais e promover a resiliência urbana.

Guilherme Hoppe

Gestão de Pessoas
Como podemos entender e praticar o verdadeiro networking para nos beneficiar!

Galo Lopez

Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança
Na coluna deste mês, Alexandre Waclawovsky explora o impacto das lideranças autoritárias e como os colaboradores estão percebendo seu próprio impacto no trabalho.

Alexandre Waclawovsky

Marketing Business Driven, Comunidades: Marketing Makers, Marketing e vendas
Eis que Philip Kotler lança, com outros colegas, o livro “Marketing H2H: A Jornada do Marketing Human to Human” e eu me lembro desse tema ser tão especial para mim que falei sobre ele no meu primeiro artigo publicado no Linkedin, em 2018. Mas, o que será que mudou de lá para cá?

Juliana Burza

Transformação Digital, ESG
A inteligência artificial (IA) está no centro de uma das maiores revoluções tecnológicas da nossa era, transformando indústrias e redefinindo modelos de negócios. No entanto, é crucial perguntar: a sua estratégia de IA é um movimento desesperado para agradar o mercado ou uma abordagem estruturada, com métricas claras e foco em resultados concretos?

Marcelo Murilo

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional
Com a informação se tornando uma commoditie crucial, as organizações que não adotarem uma cultura data-driven, que utiliza dados para orientar decisões e estratégias, vão ficar pelo caminho. Entenda estratégias que podem te ajudar neste processo!

Felipe Mello

Gestão de Pessoas
Conheça o framework SHIFT pela consultora da HSM, Carol Olinda.

Carol Olinda

Melhores para o Brasil 2022
Entenda como você pode criar pontes para o futuro pós-pandemia, nos Highlights de uma conversa entre Marina gorbis, do iftf, e Martha gabriel

Martha Gabriel e Marina Gorbis

Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de pessoas
No texto do mês da nossa colunista Maria Augusta, a autora trouxe 5 pontos cruciais para você desenvolver uma liderança antifrágil na prática. Não deixe de conferir!

Maria Augusta Orofino