As práticas de responsabilidade social de uma empresa se traduzem no “S”, do ESG, e seus exemplos são variados, como o estímulo ao voluntariado e o investimento financeiro em iniciativas culturais. Contudo, medir os esforços ou o real comprometimento com as causas sociais com base nessa ideia seria um equívoco. E mais: estaríamos corroborando com o fenômeno conhecido por greenwashing – quando há uma falsa propagação de causas socioambientais.
Entendo que o principal desafio contemplado pelo “S” consiste em criar uma cultura onde colaboradores, gestores e C-levels se sintam representados pela missão da organização, seja ela pública ou privada, da qual fazem parte. Quando isso ocorre, o envolvimento dos funcionários com ações sociais torna-se natural, virando parte da rotina laboral e, consequentemente, da cultura organizacional.
Ao encontro disso, está aliar o propósito da vida pessoal com a profissional, e essa é uma tendência que vem se consolidando no ambiente corporativo. Se pegarmos apenas os jovens da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), sete em cada 10 afirmam melhorar a saúde e o engajamento no trabalho quando alinham seus valores aos da empresa, conforme aponta estudo da empresa de planos de saúde Alice.
Assim que acontece essa convergência de ideais, o caminho fica pavimentado rumo à construção de um ecossistema capaz de propiciar ganhos a todas as partes envolvidas no contexto social da empresa. A partir do momento em que há esse enraizamento, a terceirização de ações concretas é deixada de lado e se opta por tomar atitudes com as próprias mãos, com a finalidade de impactar positivamente as comunidades nas quais a empresa atua.
Em suma, o que eu gostaria de dizer é o seguinte: não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais. Claro que é muito importante destinar recursos financeiros e realizar doações filantrópicas aos meios corretos, mas o poder de fazer a rodar girar organicamente, levando seu time à ponta e o inserindo na realidade de seus stakeholders, representa a essência do “S”.
Impacto às comunidades
No ano fiscal de 2024, a Alliance One Brasil (AOB) impactou aproximadamente 25 mil pessoas através de seus projetos de suporte à comunidade, como o Reciclamundo (sete mil beneficiários), o Abraço Solidário (cerca de 3,1 mil) e o Hospital São José, em Santa Catarina (cerca de 1,1 mil). Em relação à meta global de nossa estratégia de ESG, as iniciativas de responsabilidade social no Brasil contribuíram com 22%.
Hoje, praticamente todas as grandes empresas no mundo praticam ESG. Porém, existem vários níveis de compreensão e aplicabilidade. Às vezes as organizações investem milhões, mas não monitoram, avaliam ou identificam o público-alvo – e muito menos o impacto social. Portanto, é imprescindível consolidar uma estrutura onde se identifique as necessidades e, consequentemente, haja uma elaboração de um plano com o intuito de monitorar o alcance dos objetivos estabelecidos e transpor a estratégia em prática.
O voluntariado em meio à tragédia e o “S” girando organicamente
Acreditamos que tudo o que fazemos é para transformar a vida das pessoas e juntos construirmos um mundo melhor. Entre abril e maio de 2024, o Rio Grande do Sul passou pela maior tragédia climática da história do estado, com as enchentes impactando 471 dos 495 municípios, ou seja, 95% do território gaúcho, segundo dados da Defesa Civil. Contudo, apesar das perdas irreparáveis, o nível dos estragos só não foi pior em razão da capacidade de mobilização e da solidariedade demonstradas por entidades da sociedade civil, empresas e a população em geral.
Presente nos três estados da região Sul e uma das maiores exportadoras de tabaco do país, a AOB contou com o esforço voluntário por parte dos seus colaboradores e transportadores de cargas para levar donativos de Araranguá (SC) até Venâncio Aires, a fim de ajudar os mais necessitados naquele momento. Em Rio Azul (PR), a unidade da Alliance se estabeleceu como principal ponto de coleta da cidade e as doações coletadas foram igualmente trazidas para as instalações da empresa, em Venâncio Aires (RS), de forma totalmente voluntária e sem custos.
Todo este engajamento foi liderado pelo time de voluntários do programa de voluntariado corporativo Abraço Solidário. Nossos voluntários participaram de mutirões de limpeza e organizaram a doação de cerca de 17 toneladas de alimentos, 4,2 mil litros de água, 1,7 mil itens de higiene e limpeza, 940 refeições e 13 mil agasalhos, entre outros itens essenciais.
Esses são alguns dos exemplos que ilustram o título do artigo. Afinal, você só sabe que o ESG é uma realidade na sua empresa quando se faz com as próprias mãos. Naturalmente.