Uncategorized

Organizações brasileiras em busca de novos caminhos

Com cerca de dois mil participantes, Festival Teal Brasil é considerado o maior evento do mundo sobre transformação organizacional
Sandra Regina da Silva é colaboradora de HSM Management.

Compartilhar:

Em todo o mundo, diversas organizações estão em busca de alternativas para adaptar-se às demandas do zeitgeist atual, que preconiza – no universo corporativo – modelos mais ágeis, horizontais e humanizados de gestão. Essa tendência, que foi acelerada pela pandemia de covid-19, muitas vezes implica em investir em novos designs organizacionais, que abram outras possibilidades além das estruturas lineares e rígidas do passado. E no Brasil não é diferente.

“Com a atual complexidade, {o modelo tradicional de gestão} não funciona mais”, avisa Henry Goldsmid, CEO da Teal Brasil. “Tudo virou desafio de design. Estruturalmente, as empresas devem olhar com cuidado e curiosidade para suas estruturas”, analisa.

Para ele, está claro que as empresas que não mudarem vão ter dificuldade de funcionar. E para fomentar essa evolução necessária – e, segundo Goldsmid, resultados que chegam a ser excepcionais quando se abraça uma cultura evolutiva –, a Teal Brasil promove, nesta quarta, 28 de setembro, a 2ª edição do [Festival Teal Brasil](https://festival.tealbrasil.com), que acontece 100% online. Comprovando o interesse dos gestores brasileiros pelo tema, o festival é considerado, hoje, o maior evento do tipo no mundo, superando dois mil participantes na edição de 2022.

Um dos destaques do evento é a apresentação de diversos cases internacionais que inspiram o movimento teal desde o lançamento do no livro Reinventando as Organizações: Um guia para criar organizações inspiradas no próximo estágio da consciência humana, de Frederic Laloux. É o caso da Ben & Jerry’s, da Buurtzorg e da Morning Star, empresas que passaram por transformações e conseguiram concretizar os conceitos em negócios de sucesso e extrapolar todos os indicadores.

“São cases emblemáticos”, avisa Goldsmid, que também é fundador do movimento Teal no Brasil. A holandesa Buurtzorg, de home care, por exemplo, é o maior case de autogestão do mundo ao colocar as pessoas enfermeiras no centro do método de gestão, destaca ele. Ao abrir operação no Brasil, há cerca de dois anos, a Buurtzorg adaptou seu modelo – e é a versão brasileira que será vista no festival.

## Consciência evolutiva

A transformação estrutural não acontece sem que a organização passe por um processo de evolução de consciência. Afinal, a reinvenção na forma de trabalhar, proposta pelo movimento Teal, costuma proporcionar uma melhora na relação entre a empresa e seus stakeholders: trabalhadores, lideranças, acionistas, empresas parceiras e o entorno. É um processo de transição, com um tempo de amadurecimento que depende da organização.

Tal transmutação, reconhece Goldsmid, pode ser desafiadora, principalmente para empresas mais tradicionais, que terão maior dificuldade de adaptação. Ele reconhece que há várias lideranças que, durante o processo de ressignificação, têm a percepção de perda de poder, o que pode ser doloroso. Mesmo assim, as organizações precisam seguir a trajetória de maior humanização para perpetuarem seus negócios.

Para ele, o olhar deve se voltar muito menos para a próxima tendência e mais para as novas formas de trabalhar, que exigem rituais, mais locais de interação com diferentes características de design organizacional. “Quando desenha uma nova estrutura, com esse olhar, o ambiente passa a cuidar das relações, a promover a conexão entre as pessoas, leva a maior engajamento e a uma comunidade de aprendizagem corporativa, que é como as pessoas aprendem juntas”, observa Goldsmid, que atua com o objetivo de facilitar organizações e equipes a inovarem sua forma de trabalhar, substituindo hierarquias e burocracias por culturas centradas na autonomia, na adaptabilidade e nas relações.

Será que essas premissas são válidas para todos os modelos atuais de trabalho, seja presencial, a distância ou híbrido? “São sempre os mesmos desafios, a mesma direção, a mesma transversalidade; o que muda é o desenho”, afirma ele. Em uma estrutura com hierarquia, de comando e controle, “quando polvilha complexidade e rapidez”, diz, a característica que deve emergir é a autonomia, passando de “um por todos para todos por todos, o peer-to-peer”.

## Festival Teal Brasil
Serão 12 horas de programação, com cerca de 20 atrações, divididas em dois blocos. No primeiro, haverá especialistas renomados, com destaque para Carol Sanford, considerada a maior referência em negócios regenerativos, guru de diversas empresas da Fortune 500. Também estarão presentes destaques nacionais, como os consultores Alexandre Pellaes, Conrado Schlochauer e Martha Oliveira, CEO da Laços Saúde / Buurtzorg, entre outros.

Já o segundo bloco será destinado à apresentação de casos reais. Quinze empresas de diferentes setores abrirão detalhes de seus processos de transformação, incluindo desafios e benefícios obtidos. Além dos casos estudados por Laloux, serão apresentadas histórias de instituições inspiradoras como WWF, Dengo, Weleda, Holistix, Grupo Gaia, Klabin, Laços Saúde, Vagas.com, Sicredi Caminho das Águas, Eduzz, Semco Style Institute e Ecoaraguaia. “São empresas que mostram que é possível produzir de forma mais atrativa para os negócios e para as pessoas”, antecipa Goldsmid.

Primeira edição do Festival Teal Brasil. Foto: Divulgação

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura