Marketing e vendas

Framework ágil abre caminho para integração de soluções

Maior eficiência em estratégias digitais é um dos grandes desafios do marketing atualmente
Tomás Trojan é diretor de operações da Cadastra, empresa de soluções de marketing, tecnologia, estratégia de negócios, data e analytics.

Compartilhar:

Implantar e executar uma estratégia digital abrangente e efetiva atualmente envolve uma série de serviços, disciplinas e plataformas tecnológicas. Em uma situação típica, isso envolve captação e organização dos dados, análise, desenho das estratégias e ações, gerenciamento dos canais, infraestrutura de e-commerce, mensageria, mídia, pós-venda, programa de fidelidade, CRM e outros aspectos, conforme o mercado. Mesmo com a aceleração digital provocada pela pandemia, são poucas as marcas e provedores de soluções que atuam bem de ponta a ponta.

Não por acaso, uma pesquisa mencionada na [Forrester](https://www.forrester.com/blogs/media-is-the-flywheel-for-integration-and-growth/) aponta que dois em cada cinco executivos de marketing vão reestruturar suas agências para aumentar a eficácia. Quase um terço deles planeja integrar criação e mídia para um marketing mais eficaz. Soma-se a isso outro fator urgente: a elevação dos custos dos anúncios digitais. De acordo com um relatório do [Insider](https://www.thedrum.com/opinion/2022/04/28/the-price-digital-ads-has-skyrocketed-here-s-how-counteract-it), o custo de anúncios digitais cresceu (ano a ano) 61% nas plataformas Meta, 185% no TikTok e 75% no Google.

No Brasil, segundo um estudo do [IAB](https://iabbrasil.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Digital-AdSpend-2022-1H.pdf), houve um crescimento de 12% nos investimentos em publicidade digital no 1º semestre de 2022 (total de R$ 14,7 bilhões) em relação ao mesmo período do ano anterior e de 45% na comparação entre o 2º trimestre de 2022 e o mesmo período de 2020, o que certamente aponta uma pressão inflacionária na área. Além disso, segundo um estudo da NTT DATA e da *MIT Technology Review*, 70% das empresas na América Latina expandiram os investimentos em marketing digital em 2021. Esse aporte já representa 60% do todo, devendo chegar a 85% nos próximos cinco anos.

Para enfrentar esse desafio e ter uma entrega cada vez mais unificada e eficiente no digital, desenvolvemos nosso próprio framework ágil. Esse modelo proporciona uma nova maneira de gerir, entregar projetos e alavancar negócios cada vez mais digitais. O objetivo é pensar em conjunto e tornar o trabalho interativo entre as disciplinas com soluções efetivas e estratégicas para os clientes. Assim, aprendemos, adaptamos e crescemos rápido.

Deixou de fazer sentido trabalharmos com projetos do tipo “escopo fechado” em médio e longo prazos. Precisamos planejar entregas em ciclos mais curtos e corrigir a rota rapidamente em caso de necessidade.

Negócio que para de evoluir é ejetado do mercado. É fundamental que também haja validação constante de todos os stakeholders.

Como já comentado, com a multidisciplinaridade, o trabalho atual suplanta capacidades individuais e deve ser de responsabilidade de um time. E esse time precisa estar totalmente alinhado entre si por meio de diferentes eventos propícios para planejamento, trocas, alinhamentos, revisões e readequações.

Passamos também a chamar nossos departamentos de “chapters”. Uma mudança sutil, mas que vai ao encontro do objetivo de tornar a nossa entrega mais integrada e coesa, visto que no digital os problemas de negócio exigem uma abordagem multidisciplinar. Cada chapter passou a possuir trilhas responsáveis por aprofundar o conhecimento de determinada especialidade.

Os frameworks entram, justamente, para balizar o andamento desses trabalhos. Fizemos uma análise geral das abordagens disponíveis no mercado e tomamos como referências principais o Scrum e o Kanban, dois frameworks já bastante difundidos para desenvolvimento de produtos e softwares. O primeiro é muito consistente na definição de papéis do time, organização dos eventos a serem cumpridos e a forma geral de condução das entregas. O segundo atualiza todo o time a todo instante sobre as entregas, prazos e responsabilidades.

Cenários mais específicos, entretanto, pedem adaptações. A fim de extrair o máximo dessas abordagens e ter uma customização mais profunda com a realidade dos negócios digitais, desenvolvemos nosso próprio framework ágil. Em termos gerais, com poucos meses de aplicação, conseguimos identificar uma melhoria de produtividade da equipe, uma diminuição das “refações”, uma integração maior entre os chapters e, principalmente, uma entrega mais abrangente de soluções, o que se refletiu em uma maior satisfação de nossos clientes. Conseguimos também aprimorar a compra de mídia, o uso de audiência proprietárias e abordagens criativas mais assertivas, o que, no médio prazo, traz ganhos financeiros muito significativos para os clientes. Estamos ainda em processo de transição e à medida que o framework amadureça esperamos resultados ainda melhores.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura