ESG
4 min de leitura

Idade não é limite: combatendo o etarismo e fortalecendo a inclusão geracional no trabalho

O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.
Jornalista com Master pela Universidade de Navarra e especialização em Comunicação Interna, Cleide é Gerente de Comunicação na Progic, empresa líder em tecnologia para Comunicação Interna no Brasil. Possui mais de 20 anos de experiência e 350 projetos digitais implantados em grandes empresas, como IBM, Danone e Michelin.

Compartilhar:

No centro das transformações que permeiam o ambiente corporativo contemporâneo, uma questão persistente e frequentemente subestimada desafia os processos, a gestão e a inovação das organizações: o etarismo. Essa forma de discriminação se manifesta tanto contra profissionais com mais de 50 anos quanto em relação às novas gerações que chegam ao mercado de trabalho, munidas de habilidades digitais e perspectivas revolucionárias. Ela reflete preconceitos, medos infundados e uma compreensão limitada sobre a importância da diversidade e da inclusão.

Mas engana-se quem pensa que a complexidade do etarismo limita-se à mera questão da idade. Ele nasce em percepções equivocadas, nas quais o valor de um profissional é medido por critérios obsoletos, ignorando-se o potencial inerente à diversidade etária. A psicóloga organizacional Ana Beatriz Barbosa, na Harvard Business Review, enfatiza que o medo de ser substituído — seja por alguém mais jovem, seja por alguém mais adaptado às novas tecnologias — pode incitar comportamentos discriminatórios, comprometendo não apenas a cultura organizacional, mas também a capacidade de inovação.

A relevância do tema cresce à medida que pesquisas demonstram que equipes compostas por membros de diferentes faixas etárias tendem a ser mais criativas e inovadoras. Estudo publicado no Journal of Organizational Behavior revelou que a diversidade etária pode significativamente melhorar o desempenho corporativo, especialmente em tarefas que requerem inovação e criatividade. Ou seja, ao invés de ser vista como um obstáculo, a diversidade etária deve ser celebrada como um ativo estratégico.

A manutenção de ambientes saudáveis de trabalho

Nos próximos 10 anos, as organizações enfrentarão uma transformação sem precedentes no mercado de trabalho, impulsionada por avanços tecnológicos e uma reavaliação das expectativas profissionais por parte de todas as gerações. Este cenário desafiador exige uma abordagem diferenciada para abraçar a diversidade etária, não apenas como uma questão de conformidade ou responsabilidade social, mas como um elemento de base para a sustentabilidade e o sucesso empresarial a longo prazo.

Dessa forma, as empresas que se dedicam em superar esta questão não apenas melhoram seu ambiente de trabalho, mas também se posicionam para prosperar em um futuro marcado pela diversidade e pela mudança. Valorizar a diversidade de gerações significa criar um clima organizacional acolhedor e integrativo. Investir em programas de treinamento, promover a comunicação aberta e construir uma cultura de respeito e colaboração são aspectos fundamentais para a manutenção de um local corporativo que reconhece e valoriza o potencial de todas as gerações.

Creio que o combate ao etarismo é mais do que uma questão de política trabalhista; é uma questão de visão, liderança e, acima de tudo, humanidade. As organizações que lideram essa mudança não apenas definem o padrão para o futuro do trabalho, mas também demonstram real um compromisso profundo com os valores de diversidade, equidade e inclusão. Este é o momento para as empresas reavaliarem suas práticas, reconhecerem o valor da experiência combinada com a inovação e abrirem caminho para uma era de inclusão etária sem precedentes.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O futuro dos eventos: conexões que transformam

Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura