Healing leadership

Liderança em transição

Assim como empresas passam por transição de paradigmas, as lideranças também vivem uma transformação da sua consciência e se mostram mais vulneráveis e inspiradoras
Daniela Garcia é CEO do Instituto Capitalismo Consciente, entusiasta do terceiro setor e dos negócios de impacto social e articula parcerias com o mundo corporativo. Cinthia Gherardi é diretora de relacionamento e marketing do Sistema B Brasil e é movida pela transformação em busca de relações mais humanizadas e de uma sociedade mais justa.

Compartilhar:

Estamos em um momento de transição, com pessoas que desejam ou estão de fato transicionando para outro patamar. O mundo, com suas urgências e demandas, pede cada vez mais atenção, e um ser humano capaz de olhar atentamente para esse cenário é também aquele disposto a transitar entre opiniões e argumentos.

Empresas que transicionam da velha para a nova economia precisam se alinhar com novas métricas de sustentabilidade, perceber seu poder de impacto, reconhecer seu espaço e sua importância na vida das pessoas. São muitas mudanças, e todas ao mesmo tempo. Mas essa nova era é apenas um novo ponto de vista humano, mais amplo, amoroso e cuidadoso para consigo e para com seus semelhantes. Um novo olhar também para o sistema que nos rodeia, especialmente para o meio ambiente e para quem sente a injustiça social.

Nesse cenário, as pessoas à frente das organizações devem olhar para a transição como um desafio e como uma jornada de aprendizado. Afinal, líderes conscientes de seu papel (e principalmente do impacto que geram no dia a dia) são líderes que aprendem e se questionam, diariamente, o que mais é preciso saber. É nesse incômodo que mora o crescimento.

Aliás, cargos de liderança são sempre incômodos. Líderes precisam se posicionar sobre pontos nem sempre claros, precisam decidir sobre o que nem sempre está pronto e organizar o que nem sempre está finalizado. É neste momento que ser um bom líder depende de inúmeros fatores, inclusive de coragem.

Para Simon Sinek, especialista em gestão e autor de L*íderes se Servem por Último*, o que leva profissionais a serem vistos como excelentes líderes é a capacidade de proteger as equipes e a ousadia para arriscar. É a coragem de fazer o que precisa ser feito, mesmo que ninguém tenha feito antes.

Resiliência, humildade, amor, força, empatia e muita curiosidade são insumos para a jornada de aprendizado e ferramentas para combater o incômodo. Líderes conscientes equilibram características femininas e masculinas oferecendo confiança, cuidado e inspiração para quem está perto deles.

Para exercer a liderança corajosa, além de um ambiente de trabalho e de uma cultura que gerem segurança, o líder precisa prestar atenção ao emocional da equipe. Assim pode criar espaço para que se fale de medos, sentimentos, expectativas e desejos. O que demanda curiosidade e traz à tona suas experiências emocionais.

Pessoas seguem pessoas, e se inspiram nelas. Aproximam-se por afinidades, mas se mantêm juntas por valores. O mesmo ocorre nas empresas: são agrupamentos de pessoas que se aproximam por objetivos similares, mas se mantêm parceiras por propósito.

Na transição para a nova economia, os líderes devem se preparar e estar abertos a se tornarem seres humanos mais integrados e conscientes do seu papel. A vontade e o desejo de transformar, mais do que as qualidades de um bom líder, são, sem dúvida, o que impulsiona muita gente para o degrau de cima, puxando a fila da transição.

Artigo publicado na HSM Management nº 154

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Alinhando estratégia, cultura organizacional e gestão da demanda, a indústria farmacêutica pode superar desafios macroeconômicos e garantir crescimento sustentável.

Ricardo Borgatti

5 min de leitura
Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura