Dossiê HSM

Mais renascentista e menos industrial

Compartilhar:

Para a raposa, astúcia. Ao fogo, a luminosidade. E assim, atribuindo uma característica forte para cada uma de suas criações, Deus criou a Terra. Acontece que o ser humano ficou por último e, na ausência de um atributo exclusivo, o criador resolveu lhe dar todos. Afinal, “a vida do homem não é destino, é possibilidade”.

Foi reinterpretando o mito da criação do mundo que Giovanni Pico della Mirandola, no texto “Discurso sobre a dignidade do homem”, resumiu bem o espírito renascentista, explica Silvia Patuzzi, professora e pesquisadora de história moderna na FGV-RJ e na PUC-Rio. A intenção do filósofo, que viveu na Florença no século 15, era mostrar que, enquanto todas as outras criaturas são predeterminadas a serem o que são, o homem teria a capacidade e a possibilidade de fazer-se a si próprio. Será?

Se no Renascimento, movimento do qual Leonardo da Vinci fez parte, o humanismo e a filosofia natural incentivavam o homem a explorar suas várias potencialidades, na era seguinte, marcada pela Revolução Industrial, o pensamento sistematizado, do taylorismo e do fordismo, moldou nosso sistema educacional tal qual o conhecemos hoje – ordenado, segmentado em disciplinas, massificado e estruturado para dar uma única resposta certa. E então o mundo mudou.

O especialista, também conhecido com I-shaped nas empresas, segue relevante para muitas áreas do conheciment, mas, cada vez mais, espera-se que ele seja mais renascentista e menos industrial. Em compensação, o T-shaped, que já transita bem entre as áreas, precisa abandonar a ideia de que saber um pouquinho sobre muita coisa será suficiente para navegar nas complexidades e nas ambiguidades do mundo organizacional.

Como há muito se sabe, o sucesso está no equilíbrio. Com uma pitada de generalista no especialista, e vice-versa, surge uma nova força de trabalho, diametralmente oposta àquela que o sistema educacional formou: colaborativa, integrada, inovadora e multifacetada. Por isso, os caminhos não são claros, mas já não há como recuar. É preciso queimar as embarcações.

[Do especialista ao anticarreirista](https://www.revistahsm.com.br/post/do-especialista-ao-anticarreirista)

[Há vagas para os questionadores](https://www.revistahsm.com.br/post/ha-vagas-para-os-questionadores)

[Exemplos múltiplos](https://www.revistahsm.com.br/post/exemplos-multiplos)

[Líderes disruptadores](https://www.revistahsm.com.br/post/lideres-disruptadores)

[A inteligência que falta no trabalho](https://www.revistahsm.com.br/post/a-inteligencia-que-falta-no-trabalho)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura
Liderança, times e cultura, ESG
Conheça as 4 skills para reforçar sua liderança, a partir das reflexões de Fabiana Ramos, CEO da Pine PR.

Fabiana Ramos

ESG, Empreendedorismo, Transformação Digital
Com a onda de mudanças de datas e festivais sendo cancelados, é hora de repensar se os festivais como conhecemos perdurarão mais tempo ou terão que se reinventar.

Daniela Klaiman

ESG, Inteligência artificial e gestão, Diversidade, Diversidade
Racismo algorítimico deve ser sempre lembrado na medida em que estamos depositando nossa confiança na inteligência artificial. Você já pensou sobre esta necessidade neste futuro próximo?

Dilma Campos

Inovação
A transformação da cultura empresarial para abraçar a inovação pode ser um desafio gigante. Por isso, usar uma estratégia diferente, como conectar a empresa a um hub de inovação, pode ser a chave para desbloquear o potencial criativo e inovador de uma organização.

Juliana Burza

ESG, Diversidade, Diversidade, Liderança, times e cultura, Liderança
Conheça os seis passos necessários para a inserção saudável de indivíduos neuroatípicos em suas empresas, a fim de torná-las também mais sustentáveis.

Marcelo Franco

Lifelong learning
Quais tendências estão sendo vistas e bem recebidas nos novos formatos de aprendizagem nas organizações?

Vanessa Pacheco Amaral