Carreira
4 min de leitura

Medo na vida e na carreira: um convite à mudança

O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.
Viviane Ribeiro Gago é advogada e mestre em direito das relações sociais. Também é facilitadora em desenvolvimento humano e organizacional, autora dos livros *A biografia de uma pessoa comum*, *Olhares para os sistemas*, *Advocacia corporativa*, dentre outros.

Compartilhar:

Segundo o autor Rafael Echeverria do livro “A Ontologia da Linguagem, “Os julgamentos são a raiz do sofrimento humano. Todo sofrimento está contido no envoltório linguístico e o centro nisso é o papel dos julgamentos”. Os estudos sobre o ser humano ensinam que para todo o sofrimento da vida, as raízes de dor são pautadas em aspectos relacionados a conclusões e certezas em cima de dados selecionados por nós mesmos. E dentre estes aspectos está o medo.

O medo é um estado emocional que surge quando tomamos consciência de uma situação de eventual perigo. A ideia de que algo ou alguma coisa possa ameaçar a segurança ou a vida de alguém.

Cautela! Tudo o que colocamos foco e sentimento, aumenta, por isso muito importante é ter consciência do medo e trabalhá-lo, para que não sejamos dominados por ele, levando a consequências que muito provavelmente só atrapalharão.

Em geral, as pessoas têm medo de muita coisa mesmo. Medo de violência, medo de morrer, medo de perder o emprego e ficar sem dinheiro, medo de envelhecer, medo de perder a saúde, medo de perder outras pessoas, medos e mais medos.

Sem adentrar em todos os medos possíveis e a hierarquia entre eles, medo atrapalha, paralisa, tira a paz, aliás esta última tão importante para o nosso bem viver.

Carreira

Aqui gostaria de pinçar o medo que afeta tantos profissionais, o medo de perder o emprego, o dinheiro e com isso a possibilidade de perder também a própria dignidade e a da família. Por isso, tantos acabam se submetendo à vários cenários muito ruins física e psicologicamente para manter empregos que já estão desgastados ou mesmo com ciclos encerrados, porém não admitidos pelos envolvidos, seja empregador ou seja o colaborador.

Fato é que com a crescente tomada de consciência das pessoas, não é somente o salário que conta para o profissional estar motivado com a atividade que desempenha. A localização, ambiente, valorização, reconhecimento, ética nas relações contam demasiadamente e a liderança é tão importante, que merece um parágrafo à parte.

Outro dado interessante é que o medo do fracasso atinge especialmente as mulheres empreendedoras, sendo que com 30,3% delas temem o insucesso, contra apenas 10,4% dos homens, conforme levantamento da Endeavor.

Liderança e liderados

A liderança além de ser boa tecnicamente, caso não seja respeitosa, ética, saudável, reconhecedora do desempenho e conquistas, deveria estar fora das empresas. Lembremos que segundo pesquisas conduzidas por consultorias mundiais 85% das pessoas deixam o chefe para quem trabalham e não a empresa. Havendo valorização dos profissionais, consequentemente haverá aderência daquele profissional à empresa.

Infelizmente quem está nas posições de liderança, interagindo e agindo face a tantas outras vidas, muitas vezes não tem talento nem apreço em fazer isso. Muitas vezes aceitem tais posições pelo dinheiro, status e poder. O resultado é sofrimento na certa, para o próprio “líder” e os liderados, gerando medo de todos os lados, disfuncionalidades etc.

Um dos caminhos para minimizar o cenário acima são as empresas olharem com mais foco e estrutura para as carreiras de especialistas (Y). Esse é um bom caminho para evitar os problemas de promover pessoas técnicas para lidar com equipes, sem ter o menor talento para isso, perde-se de todos os lados, por isso tão importante não deixar de avaliar corretamente a subida de profissionais que terão times para gerenciar.

Outro ponto é, uma vez selecionados os líderes que gerenciarão outras pessoas, desenvolvê-los, prepará-los para a missão. Muitos não nascem líder, vários aprendizados são necessários. Essas pessoas precisam mergulhar no autoconhecimento e focar no seu próprio crescimento antes de olhar para outros. Arrisco a dizer que há muita complexidade em uma posição de liderança, inevitável esbarrar com a humanidade das pessoas e com os problemas pessoais de cada um. Não obstante, estamos em ambiente laboral, as pessoas é que compõem e fazem esse ambiente existir, para o bem e para o mal.

Importante compreender que enfrentar os nossos medos é algo que parte de nós, da nossa força e dos nossos recursos internos e não de algo externo; sendo conscientes disso, fica tudo mais fácil para agir em nosso favor. Caso contrário, você dá um enorme poder para outros fatores te tirarem o equilíbrio e a própria paz.

Para enfrentar os nossos medos, também é importante ter em mente que o oposto de paralisação, estagnação que o medo nos causa é ficar em movimento. Por quê? O movimento faz com que sigamos em frente apesar das incertezas e circunstâncias, representa ação, confiança, fé, acreditar que pode dar certo.

E é neste contexto, o de movimento, que as coisas acontecem e viabilizam vivermos de verdade, com riscos, acertos, erros, aprendizados, amor, desamor, sorte, azar, alegrias e tristezas. Que nos movimentemos muito, neste ano, que só está começando. Que vivamos a vida com suas dores, fracassos, mas também com alegrias, acertos e muito sucesso. Isso tudo junto e misturado é viver.

Compartilhar:

Artigos relacionados

multiculturalidade

O conflito de gerações no mercado de trabalho e na vida: problema ou oportunidade?

Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Medo na vida e na carreira: um convite à mudança

O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

DeepSeek e os 6Ds da disrupção: o futuro da inteligência artificial está sendo redefinido?

O DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, emerge como força disruptiva que desafia o domínio das big techs ocidentais, propondo uma abordagem tecnológica mais acessível, descentralizada e eficiente. Desenvolvido com uma estratégia de baixo custo e alto desempenho, o modelo representa uma revolução que transcende aspectos meramente tecnológicos, impactando dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.

Gestão de Pessoas
No cenário globalizado, a habilidade de negociar com pessoas de culturas distintas é mais do que desejável; é essencial. Desenvolver a inteligência cultural — combinando vontade, conhecimento, estratégia e ação — permite evitar armadilhas, criar confiança e construir parcerias sustentáveis.

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
ESG
A resiliência vai além de suportar desafios; trata-se de atravessá-los com autenticidade, transformando adversidades em aprendizado e cultivando uma força que respeita nossas emoções e essência.

Heloísa Capelas

0 min de leitura
ESG
Uma pesquisa revela que ansiedade, estresse e burnout são desafios crescentes no ambiente de trabalho, evidenciando a necessidade urgente de ações para promover a saúde mental e o bem-estar nas empresas.

Fátima Macedo

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Enquanto a Inteligência Artificial transforma setores globais, sua adoção precipitada pode gerar mais riscos do que benefícios.

Emerson Tobar

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Entenda como fazer uso de estratégias de gameficação para garantir benefícios às suas equipes e quais exemplos nos ajudam a garantir uma melhor colaboração em ambientes corporativos.

Nara Iachan

6 min de leitura
Finanças
Com soluções como PIX, contas 100% digitais e um ecossistema de open banking avançado, o país lidera na experiência do usuário e na facilidade de transações. Em contrapartida, os EUA se sobressaem em estratégias de fidelização e pagamentos crossborder, mas ainda enfrentam desafios na modernização de processos e interfaces.

Renan Basso

5 min de leitura
Empreendedorismo
Determinação, foco e ambição são três palavras centrais da empresa, que inova constantemente – é isso que devemos fazer em nossas carreiras e negócios

Bruno Padredi

3 min de leitura
Empreendedorismo
Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

Helena Prado

3 min de leitura
Liderança
Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Marcelo Nobrega

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Hora de compreender como o viés cognitivo do efeito Dunning-Kruger influencia decisões estratégicas, gestão de talentos e a colaboração no ambiente corporativo.

Athila Machado

5 min de leitura