1. A nova moeda do mercado chama-se narrativa
Estamos vivendo uma era em que produtos não bastam. O mercado – e principalmente os pequenos negócios – têm descoberto que o verdadeiro diferencial competitivo está nas narrativas que constroem. Não é exagero: hoje, empresas contratam, consomem e se associam a pessoas – não apenas a soluções.
É por isso que a marca pessoal tem se tornado um ativo cada vez mais valioso. Ela não apenas transmite valores, mas também atrai confiança, posicionamento e, em muitos casos, novas oportunidades de negócio.
2. A virada de chave: quando percebi que era a minha imagem que atraía os contratos
Durante muito tempo, acreditei que as parcerias que surgiam para a SDW eram motivadas pela nossa missão – levar acesso à água segura para comunidades do semiárido, com inovação e impacto social real.
Mas, com o tempo, percebi algo desconfortável: muitas das empresas que me procuravam estavam menos interessadas no impacto em si… e mais interessadas em associar suas marcas à minha imagem pessoal. Ao início, confesso, isso me incomodou. Parecia superficial. Mas logo compreendi algo fundamental: minha trajetória, minha presença, meu posicionamento – são parte do negócio.
A marca pessoal é uma ponte. E, no meu caso, ela tem sido a porta de entrada para causas que merecem visibilidade, investimento e apoio.
3. O mercado compra histórias – mas nem toda história é verdadeira
A chamada creator economy elevou o valor da autenticidade – ou, ao menos, da aparência dela. Hoje, discursos bem formatados muitas vezes ganham mais espaço do que resultados concretos. Pessoas e marcas disputam atenção com base em como comunicam seus valores, e não apenas em como os aplicam.
E aqui cabe um alerta: narrativas falsas também vendem, porque são baratas. Elas exigem pouco. Não passam pela prova do campo, não enfrentam o desgaste da entrega, não precisam se sustentar no longo prazo. Costumam vir embaladas em estética, frases fortes e orçamentos reduzidos.
O problema é que, muitas vezes, quem está do outro lado – investidores, parceiros, gestores – se deixa guiar mais pelo custo do projeto do que pela profundidade do impacto. E assim, narrativas encantam mais do que evidências. Soluções frágeis ganham palco, enquanto projetos robustos, mas silenciosos, ficam de fora.
Por isso, mais do que nunca, é necessário que o mundo corporativo desenvolva um olhar crítico e investigativo. Nem toda narrativa que emociona entrega. Perguntar, visitar, escutar – tudo isso ainda é insubstituível.
4. Como transformar sua marca pessoal em ativo de impacto
Se você lidera um negócio e deseja construir uma presença pública coerente e estratégica, aqui vão cinco práticas fundamentais:
- Defina sua narrativa com verdade
Não crie um personagem. Reforce sua missão pessoal. Quais causas você representa? Por que sua trajetória importa? - Seja consistente e humano nas redes
Compartilhe bastidores, aprendizados e valores. Autoridade se constrói com presença, não com perfeição. - Associe sua imagem a resultados concretos
Conte histórias reais de impacto. A marca pessoal precisa andar ao lado do que você entrega – não só do que você diz. - Construa reputação, não apenas visibilidade
Engajamento é bom. Mas reconhecimento sustentável vem com tempo, coerência e referência de terceiros. - Escolha com quem você se associa
Nem toda parceria é positiva. Investigue antes de associar sua marca a outras. Proteja sua reputação como um bem estratégico.
5. Reputação é a nova infraestrutura
A liderança de negócios – especialmente os de impacto – precisa reconhecer que, no mercado atual, marca pessoal é um ativo real. Ela gera conexões, facilita acesso e amplia alcance. Mas também exige responsabilidade, verdade e discernimento.
Simon Sinek já dizia: “As pessoas não compram o que você faz. Elas compram o porquê você faz.”
E hoje, mais do que nunca, a narrativa por trás de um líder pode ser a chave que abre portas – ou a armadilha que fecha oportunidades para sempre.