Estratégia e Execução

O avanço da Internet das Coisas

Reportagem na The Economist destaca expansão da tecnologia e seus impactos no mundo

Compartilhar:

Primeiro, os computadores foram utilizados por órgãos de governo e grandes empresas. Depois, chegaram às pessoas, por meio dos PCs, dos laptops e, mais recentemente, dos smartphones. O próximo movimento vai levar a “computadorização” a tudo o mais, o que inclui uma ampla gama de objetos que fazem parte do dia a dia. 

“Incontáveis pequenos chips passarão a fazer parte das cidades, dos prédios, das roupas e dos corpos humanos, sempre conectados à internet”, afirma a revista The Economist em reportagem recente sobre a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês). As peças de vestuário com microchips podem “informar” as máquinas de lavar como devem ser tratadas, por exemplo. Da mesma forma, sistemas de tráfego inteligentes podem reduzir congestionamentos. 

Martin Garner, da consultoria CCS Insight, explica a importância da IoT comparando esse avanço tecnológico com outra inovação que mudou o mundo: a eletricidade, que possibilitou às pessoas e às empresas ter acesso à energia quando e onde era necessário. “A IoT busca fazer pela informação o mesmo que a eletricidade fez pela energia”, declarou o especialista à revista. Do ponto de vista financeiro, a Bain & Company estima que o gasto total com IoT deve alcançar US$ 520 bilhões em 2021.

**CUSTOS MENORES**

A reportagem lembra que a ideia de colocar “computadores” dentro das coisas não é nova. Os mísseis nucleares são um exemplo de tecnologias desse tipo. A novidade é a queda significativa dos custos dos computadores, de forma constante e rápida. De acordo com números levantados por John McCallum, cientista da computação, um megabyte de armazenamento de dados custaria cerca de US$ 85 mil (em valores de hoje) em 1956 e, atualmente, custa apenas US$ 0,00002.

Esse é o principal fator que tem feito com que a IoT deixe de ser uma visão futurística para se tornar algo viável e, como tal, tenha potencial para ter o impacto de uma verdadeira revolução.

Os custos operacionais também vêm caindo. Jonathan Koomey, especialista da Stanford University, calcula que mesmo chips baratos, que funcionam com bateria, oferecem atualmente um desempenho melhor do que os supercomputadores da década de 1970. 

Ao mesmo tempo, em grande parte por conta das tecnologias desenvolvidas para os smartphones, o custo dos pequenos sensores também está se tornando cada vez menor. Segundo o banco Goldman Sachs, o custo médio do tipo de sensor utilizado na IoT caiu de US$ 1,30 para US$ 0,60 entre 2004 e 2014.

**IMPACTO ABRANGENTE**

Nas últimas décadas, essa tendência transformou aviões e carros em verdadeiras redes de computadores com asas e rodas. Logo a tecnologia se espalhou para máquinas de lavar roupa e alarmes de fumaça, assim como para equipamentos médicos, por exemplo. 

A reportagem da revista The Economist explica que, para criar objetos que carreguem a IoT, é preciso mais do que trilhões de computadores baratos. É necessário estabelecer formas de conectar essas máquinas umas às outras. E, também, nesse caso o avanço da tecnologia vem reduzindo custos. Em 1860, enviar um telegrama de dez palavras de Nova York para Nova Orleans custava o equivalente a US$ 84,00 hoje. Conexões com velocidades expressivas são oferecidas atualmente a preços acessíveis. 

“Gigantes da computação, como Microsoft, Dell, Intel e Huawei, prometem ajudar as indústrias a se computadorizarem, fornecendo a infraestrutura necessária para tornar as fábricas mais ‘inteligentes’, os sensores para coletar dados e o poder de computação para analisar as informações reunidas”, diz a reportagem da revista The Economist. 

Essas empresas estão, ao mesmo tempo, competindo e cooperando com indústrias tradicionais. A gigante alemã Siemens já entrou no universo da IoT, adquirindo empresas especializadas em sensores e automação, por exemplo. 

As marcas voltadas ao mercado consumidor também avançam no caminho da IoT. A Whirl­pool, a maior fabricante do mundo de eletrodomésticos, já oferece máquinas de lavar louça inteligentes, que podem ser controladas a distância por um aplicativo de smartphone. 

A reportagem alerta para o fato de que um mundo de sensores e computadores onipresentes é também um mundo de vigilância onipresente. Dados de consumo são transmitidos de volta para os fabricantes. Edifícios inteligentes – de aeroportos a escritórios – já podem monitorar as pessoas que passam por lá em tempo real. Além disso, não se pode perder de vista que os computadores são máquinas inseguras – o que os ataques cibernéticos, frequentemente noticiados, comprovam na prática. Assim, a insegurança deve aumentar na mesma proporção que o número de equipamentos conectados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

multiculturalidade

O conflito de gerações no mercado de trabalho e na vida: problema ou oportunidade?

Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Medo na vida e na carreira: um convite à mudança

O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

DeepSeek e os 6Ds da disrupção: o futuro da inteligência artificial está sendo redefinido?

O DeepSeek, modelo de inteligência artificial desenvolvido na China, emerge como força disruptiva que desafia o domínio das big techs ocidentais, propondo uma abordagem tecnológica mais acessível, descentralizada e eficiente. Desenvolvido com uma estratégia de baixo custo e alto desempenho, o modelo representa uma revolução que transcende aspectos meramente tecnológicos, impactando dinâmicas geopolíticas e econômicas globais.

ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura
Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura
Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura