Gestão de Pessoas, Liderança, Times e Cultura
4 min de leitura

O engajamento surge das trocas

É preciso eliminar a distância entre o que os colaboradores querem e o que vivenciam na empresa.
Ana Flavia Martins é diretora executiva de franquias da Algar Telecom, empresa brasileira de telecomunicações. Tem experiência de 28 anos como executiva em negócios, franquias, varejo, marketing e estratégia empresarial com liderança de unidades e projetos de negócios e equipes multiskills. Entusiasta por novos modelos de negócios, inovação em varejo, tendências e tecnologia.

Compartilhar:

Manter o engajamento dos profissionais tem tirado o sono de muitos RHs. A Pesquisa HR innovation, realizada pela Ahgora by Totvs, mostra que para 65,5% dos entrevistados esse é o maior desafio da área de desenvolvimento humano e organizacional – um pesadelo que passou a assombrar mais gestores em relação a 2023, quando o percentual era 33,8%. O problema não é novo. Entender o que ajuda os colaboradores a serem mais produtivos e engajados é atemporal, mas ganha contornos e complexidades novas em meio a tantas mudanças no ambiente corporativo e, em especial, na nova relação (e ressignificação) das pessoas com o trabalho, fato acelerou e se tonificou após a pandemia de covid-19. Uma alternativa possível para alcançar um comprometimento maior dos colaboradores é eliminar as lacunas entre o que os funcionários dizem ser mais importante e o que de fato estão vivenciando no trabalho.

Sim, falar de engajamento é falar da experiência do colaborador. É falar em como garantir que um colaborador tenha suporte para desenvolver suas habilidades e contribuir para o sucesso de sua equipe, de uma área e da empresa – em um ambiente psicologicamente seguro e saudável. Uma ótima experiência incentiva os funcionários a darem o melhor de si, além de tornar a companhia mais atraente para os melhores talentos, sendo também um fator que está na base de qualquer organização bem-sucedida e que contribui para resultados positivos em momentos calmos ou cheio de transformações como o que vivemos.

Empoderar as pessoas

Com base em décadas de pesquisas sobre engajamento, o Gallup aponta dois dados que se não são preocupantes ao menos merecem muita atenção para não tirar mais o sono dos líderes: apenas 23% dos funcionários no mundo se enquadram na categoria “engajados”; e os gerentes ou líderes de equipe sozinhos são responsáveis por 70% da variação no engajamento de um time. Não por acaso, sempre ouvimos que, em geral, as pessoas não se demitem da empresa, mas de seus chefes…

Nesse ponto é crucial entender que o engajamento não é apenas uma questão de RH, mas de todos – em especial das principais lideranças da empresa. Em meu dia a dia na B2B Match, sempre procuro dar autonomia às áreas para que todos saibam o quê, como e porquê fazer o que fazem de forma colaborativa.

Nessa jornada, também dou meu exemplo para os demais gestores sobre a importância de estarem próximos das pessoas. O objetivo, quando estou com elas, é realmente conhecê-las. Indo além, na medida do possível e do permitido, da atuação delas na organização. Busco saber, por exemplo, do que gostam de fazer nas horas de folga, o que precisam para o trabalho fluir melhor e para ter mais qualidade no home office, e no equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Esse é um dos caminhos mais eficazes para preencher aquela lacuna entre o que as pessoas querem e o que encontram na companhia. Costumo dizer na B2B Match que somos uma empresa que escuta muito o colaborador. Em muitas organizações, esse tipo de ação ainda é um desafio a ser vencido. Vemos muitas pessoas com medo de se posicionar, de falar, de dar uma ideia e sofrer com algum tipo de represália na sequência. Isso mina qualquer confiança e, a reboque, o engajamento. Em nossa empresa queremos que todos contribuam e, por isso, busco sempre empoderar as pessoas para que se sintam, de verdade, parte da organização.


Nesse sentido, é fundamental entender que não estão ali apenas como funcionários que vão receber um salário no fim do mês e, sim, para construir uma empresa de sucesso, para chegar aos resultados juntos, para gerar impactos positivos em todos os nossos públicos. E só vamos conseguir isso quando todos estiverem alinhados com o propósito da empresa, fator fundamental para o engajamento. Isso porque comprometer-se com algo passa por valores e visão de futuro.

Abraçar as mudanças

O momento é propício para dar ao tema engajamento o real valor que ele merece, saindo de ações esporádicas ou pontuais para apenas agradar as pessoas em véspera de pesquisas de clima. É importante envolver e inspirar os funcionários, compartilhando a visão de futuro da empresa e o papel de cada um nesse futuro.

Quando as pessoas se sentem animadas, motivadas, engajadas e inseridas nesse novo amanhã, têm muito mais probabilidade de abraçar as mudanças. Já as companhias terão maiores índices de comprometimento, com mais força para enfrentar as turbulências e os principais líderes poderão ter noites de sono um pouco mais calmas.

Compartilhar:

Ana Flavia Martins é diretora executiva de franquias da Algar Telecom, empresa brasileira de telecomunicações. Tem experiência de 28 anos como executiva em negócios, franquias, varejo, marketing e estratégia empresarial com liderança de unidades e projetos de negócios e equipes multiskills. Entusiasta por novos modelos de negócios, inovação em varejo, tendências e tecnologia.

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Liderança
Ascender ao C-level exige mais que habilidades técnicas: é preciso visão estratégica, resiliência, uma rede de relacionamentos sólida e comunicação eficaz para inspirar equipes e enfrentar os desafios de liderança com sucesso.

Claudia Elisa Soares

6 min de leitura
Diversidade, ESG
Enquanto a diversidade se torna uma vantagem competitiva, o reexame das políticas de DEI pelas corporações reflete tanto desafios econômicos quanto uma busca por práticas mais autênticas e eficazes

Darcio Zarpellon

8 min de leitura
Liderança
E se o verdadeiro poder da sua equipe só aparecer quando o líder estiver fora do jogo?

Lilian Cruz

3 min de leitura
ESG
Cada vez mais palavras de ordem, imperativos e até descontrole tomam contam do dia-dia. Nesse costume, poucos silêncios são entendidos como necessários e são até mal vistos. Mas, se todos falam, no fim, quem é que está escutando?

Renata Schiavone

4 min de leitura
Finanças
O primeiro semestre de 2024 trouxe uma retomada no crédito imobiliário, impulsionando o consumo e apontando um aumento no apetite das empresas por crédito. A educação empreendedora surge como um catalisador para o desenvolvimento de startups, com foco em inovação e apoio de mentorias.

João Boos

6 min de leitura
Cultura organizacional, Empreendedorismo
A ilusão da disponibilidade: como a pressão por respostas imediatas e a sensação de conexão contínua prejudicam a produtividade e o bem-estar nas equipes, além de minar a inovação nas organizações modernas.

Dorly

6 min de leitura
ESG
No texto deste mês do colunista Djalma Scartezini, o COO da Egalite escreve sobre os desafios profundos, tanto à saúde mental quanto à produtividade no trabalho, que a dor crônica proporciona. Destacando que empresas e gestores precisam adotar políticas de inclusão que levem em conta as limitações físicas e os altos custos associados ao tratamento, garantindo uma verdadeira equidade no ambiente corporativo.

Djalma Scartezini

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
A adoção de políticas de compliance que integram diretrizes claras de inclusão e equidade racial é fundamental para garantir práticas empresariais que vão além do discurso, criando um ambiente corporativo verdadeiramente inclusivo, transparente e em conformidade com a legislação vigente.

Beatriz da Silveira

4 min de leitura
Inovação, Empreendedorismo
Linhas de financiamento para inovação podem ser uma ferramenta essencial para impulsionar o crescimento das empresas sem comprometer sua saúde financeira, especialmente quando associadas a projetos que trazem eficiência, competitividade e pioneirismo ao setor

Eline Casasola

4 min de leitura