Em tempos de grandes polarizações, uma questão que costuma dividir tanto as pessoas comuns como os representantes do mundo acadêmico é o que o futuro nos reserva ou, em outras palavras, o próprio futuro da humanidade. Nesse momento, entram em campo, grosso modo, dois grupos: os otimistas e os pessimistas.
Steven Pinker, psicólogo, linguista e professor da Harvard University, por exemplo, é categórico em afirmar que o Iluminismo vem funcionando e tem levado a humanidade a um ciclo de progresso de ao menos dois séculos. “Nossos ancestrais substituíram os dogmas, as tradições e o autoritarismo pela razão, pelos debates e por métodos de busca da verdade. Também substituíram a superstição e a magia pela ciência. E mudaram seus valores: da glória da tribo, da nação ou da raça para humanismo universal”, escreveu em um artigo no _Wall Street Journal._
Ele destaca entre os muitos avanços da humanidade o fato de as guerras terem sido, em grande parte, deixadas de lado com a disseminação da democracia, do comércio mundial e de governos mais próximos das necessidades das pessoas, entre outros fatores.
Ao mesmo tempo, Pinker admite que algumas soluções trazem novos problemas, que devem ser resolvidos na sequência. “Os avanços do passado não são garantia de que o progresso se manterá; são uma lembrança do que podemos perder. O progresso é uma dádiva dos ideais do Iluminismo e se perpetuará à medida que consigamos manter a dedicação a esses mesmos ideais”, conclui.
Por sua vez, Yuval Noah Harari, professor israelense de história e autor do best-seller _Sapiens: Uma breve história da humanidade_, ressalta que, atualmente, é mais fácil morrer por conta de doenças decorrentes da obesidade do que em uma guerra.
“No entanto, não há garantia de que essa tendência continue. A razão para o declínio da guerra foi a sabedoria de homens e mulheres, mas não devemos nunca subestimar a estupidez humana”, afirmou no India Today Conclave, evento realizado em março deste ano. “Como historiador, posso assegurar que a estupidez humana tem sido uma das forças mais poderosas da História”, acrescentou.
Harari costuma chamar a atenção para outros riscos que ameaçam o futuro da humanidade, como o aquecimento global, e tem ganhado notoriedade por uma previsão bastante assustadora: o avanço da inteligência artificial pode levar ao surgimento de uma nova espécie na Terra, composta de milhões de pessoas que não seriam consideradas úteis para a economia e que também não teriam voz ou poder político.
“Há o risco, caso as coisas sigam no ritmo atual, de que terminemos divididos entre uma super elite humana e massas de pessoas comuns inúteis economicamente e impotentes politicamente”, afirma Harari. Quem viver verá.