Uncategorized

O líder, o bacon e o ovo frito

Guilherme Soárez, CEO da HSM

Compartilhar:

Desde os anos 1990, e por boa parte da década passada, o mundo empresarial se dedicou a discutir a diferença entre gestor e líder. A corrente mais forte dizia que o gestor cuida para que o trabalho seja feito com eficiência, de acordo com metas e procedimentos estabelecidos, enquanto o líder se concentra em mudar o trabalho feito, desafiando o status quo e, portanto, operando fora das metas e dos procedimentos. Guess what? Estamos cada vez mais perto de 2020, e esse debate, embora continue habitando a maioria dos ambientes organizacionais, no Brasil inclusive, não poderia estar mais superado. 

O que mais vemos agora são demandas, ainda desorganizadas, para o líder ser muitos personagens: ele é gestor, e também é dirigente e promotor do engajamento das pessoas. Ele precisa liderar no trabalho, e igualmente na família, na sociedade e na esfera do “eu”. 

Ele é líder de sua unidade de negócios, só que precisa agir como líder em relação a qualquer outra parte da empresa à qual pertence. Ele desenvolve pessoas e faz da meta seu instrumento para consegui-lo. A arquitetura do líder mudou completamente. 

O Dossiê que é a capa desta edição trata exatamente dessa nova arquitetura da liderança e detalha passo a passo o que é preciso fazer para se redesenhar segundo ela. Os desafios não são poucos. Sabe aquela pergunta sobre qual é seu nível de comprometimento no ovo frito com bacon – você é a galinha ou o porco? A nova arquitetura pede, metaforicamente, que os líderes passem a 

ser os dois – entrando com o ovo e a própria carne – e ainda que abram mão de seu protagonismo em nome do coletivo. Experimentos são propostos na transição para um novo modelo e as possíveis recompensas parecem estar à altura do esforço requerido, com ganhos não apenas para o desempenho organizacional, mas também para a vida pessoal. 

É uma inspiração começar 2016 com um debate tão instigante como esse sobre liderança. Porém esta edição faz ao menos três outros brindes ao que, esperamos, será um ano mais promissor. 

Cito em primeiro lugar o mergulho em estudos de caso extremamente educativos de três empresas: o da poderosa rede social Snapchat, que é a onda dos nossos filhos; o da inusitada multinacional brasileira Duas Rodas, de insumos para a indústria alimentícia; e o da startup mexicana de bioplásticos Biofase, que vem perseguindo seu crescimento exponencial. 

Em segundo lugar, destaco a reportagem especial sobre a inovação no segmento de healthcare, com diversas lições a ensinar aos demais setores de negócios. 

Em terceiro, menciono as matérias polêmicas, daquelas que fazem a cabeça soltar fumacinha: assim é o texto que discute os efeitos da meritocracia sobre a diversidade, ou o “esotérico” artigo de Maria Cristina d’Arce sobre presenciar para inovar, ou ainda o estudo sobre o autoatendimento, assunto velho com puxão de orelha novo e necessário. Assim, podemos nos fortalecer para enfrentar 2016 e o que ele trouxer consigo. Em resumo, que o ano novo venha com muita sorte para nós, porque, quanto mais trabalho e conhecimento tivermos, mais sorte teremos!

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura