A capacidade de julgamento muitas vezes é algo que pouco pensamos e é feita automaticamente, reproduzindo certos maneirismos e vícios cognitivos que podem não ser a melhor capacidade de pensamento naquele momento, mesmo que ainda estejamos executando as mesmas ações em grande parte do nosso tempo.
Por conta disso, encontramos esta questão em nosso trabalho, no Learning Village, quando nós, Sofia Sczenzi e Guilherme Lopes, que estamos escrevendo este artigo a quatro mãos, buscamos refeltir sobre os caminhos percorridos para garantir uma curadoria eficaz em um ecossistema de inovação.
Análises criteriosas sobre startups são momentos intensos e cruciais para o seguir daquele projeto empreendedor e do sonho da pessoa que está ali construindo, por isso, tomamos o cuidado de rever este processo, se baseando nos tipos de análise criteriosa que fazíamos e as ações diante destes momentos importantes com as startups.
Neste artigo, compartilhamos os caminhos percorridos para garantir uma curadoria eficaz em um ecossistema de inovação, baseada em uma análise criteriosa das startups. A banca avaliadora desempenha um papel fundamental nesse processo. Trata-se de um comitê especializado responsável por analisar startups interessadas em ingressar no ecossistema, garantindo que aquelas selecionadas tenham alto potencial de impacto, inovação e crescimento. Por isso, apresentamos aqui três pontos essenciais para a realização de uma curadoria estruturada e assertiva após uma reflexão conjunta:
1. Formação da Banca
A banca deve ser composta por membros internos e externos ao hub, promovendo diversidade de perspectivas. Para assegurar uma avaliação técnica e imparcial, é essencial que parte dos avaliadores tenha um olhar isento, trazendo clareza e objetividade ao processo.
2. Estudo Prévio da Startup e Tese do Hub
Ter um entendimento profundo da startup e de seu histórico é indispensável para uma curadoria eficaz. Além disso, conhecer a tese do hub e conectá-la à solução apresentada fortalece a análise e o alinhamento estratégico durante a banca avaliadora.
3. Construção da Ficha de Avaliação
Nossa ficha de avaliação foi cuidadosamente desenvolvida pelo time, com base em modelos amplamente utilizados no ecossistema de inovação. Esse processo contou com insights valiosos obtidos por meio de conversas com mentores e avaliadores experientes, garantindo que os critérios reflitam os pilares essenciais do hub.
Esses elementos são determinantes para um processo de curadoria bem estruturado, assegurando que as startups selecionadas estejam alinhadas às demandas do ecossistema e possam efetivamente conectar soluções a desafios reais do mercado.
Como lideranças da comunidade LV, temos juntos anos de experiência no ecossistema de startups, atuando como mentores, avaliadores e palestrantes, em que pudemos vivenciar de perto os desafios e oportunidades envolvidos no crescimento e na escalabilidade dessas empresas. Foi nesse contexto que compreendemos, na prática, a importância estratégica de uma banca avaliadora estruturada — não apenas como um mecanismo de seleção, mas como um processo essencial para garantir que as startups ingressantes tenham o potencial de gerar impacto, inovação e contribuir para a construção de comunidades colaborativas e resilientes.
Nosso time é uma equipe comprometida em explorar novos caminhos, sempre focada na efetividade das relações e na geração de valor. Mais do que aceitar o processo, essa equipe o abraçou de forma genuína, permitindo que construíssemos juntos uma jornada estratégica e significativa.
Especialistas em inovação e empreendedorismo reforçam a importância de um processo de seleção bem estruturado para fortalecer comunidades empreendedoras.
Faz-se importante ressaltar que critérios bem definidos garantem que as startups selecionadas estejam alinhadas à tese do hub, facilitando colaborações estratégicas e criando sinergias valiosas.
A banca avaliadora e sua importância
A banca avaliadora utiliza uma ficha de avaliação abrangente, considerando aspectos essenciais para a seleção das startups no Learning Village. Um dos principais critérios é a maturidade, que avalia o nível de desenvolvimento da startup, desde sua fase inicial até sua capacidade de escala. O grau de inovação também é analisado para entender o quão disruptiva e diferenciada é a solução apresentada.[GD1] [GD2] [SS3]
Outro ponto crucial é a relevância do problema, ou seja, a importância da dor que a startup se propõe a resolver no mercado. O impacto ESG também é um fator essencial, avaliando considerações ambientais, sociais e de governança dentro do modelo de negócio. O fit com a tese do Learning Village garante que a startup esteja alinhada com a proposta do hub, potencializando sinergias e oportunidades de colaboração. Para ter fit com o LV, a startup precisa entregar Inovação, Tecnologia e Escalabilidade.
Inovação: A startup deve apresentar soluções criativas e diferenciadas, capazes de transformar mercados ou resolver problemas de maneira única. A inovação é essencial para gerar vantagem competitiva e atrair investidores e parceiros estratégicos.
Tecnologia: A base tecnológica da solução precisa ser robusta e escalável, garantindo eficiência operacional e sustentabilidade a longo prazo. O uso de tecnologia de ponta facilita a adaptação a novos desafios e permite otimizar processos.
Escalabilidade: O modelo de negócio deve permitir crescimento acelerado sem a necessidade de aumentos proporcionais nos custos. A escalabilidade é crucial para atrair investimentos e garantir que a startup possa se expandir para novos mercados de maneira sustentável.
A qualidade do pitch é um fator determinante, pois reflete a capacidade da equipe em comunicar sua proposta de forma clara e impactante. O modelo de negócio é analisado para verificar sua viabilidade e sustentabilidade financeira, enquanto o alcance de mercado examina o potencial de crescimento e escalabilidade da solução.
Por fim, a proposta de valor para a comunidade é um critério essencial para compreender como a startup pode contribuir [GD4] [SS5] para o ecossistema de inovação do Learning Village, promovendo colaboração e compartilhamento de conhecimento.
A startup passa por alguns processos até ser de fato nossa residente e os elucido a seguir:

Fonte: Esquema descrito pelo autor
Com o crescimento do ecossistema de startups, hubs de inovação têm se tornado espaços essenciais para fomentar conexões entre empreendedores, investidores e corporações. A seleção criteriosa das startups garante um ambiente colaborativo que potencializa o desenvolvimento de soluções inovadoras.
Uma referência relevante para entender a dinâmica de seleção de startups e ecossistemas de inovação é The Startup Community Way, de Brad Feld e Ian Hathaway. O livro explora como construir comunidades de startups resilientes e dinâmicas.
A banca avaliadora assegura que o ecossistema de startups seja composto por empresas alinhadas à sua proposta, promovendo um ambiente de alto valor agregado e contribuindo para o crescimento conjunto.
Com uma curadoria alinhada aos pilares do hub, é possível construir uma comunidade engajada, garantindo um ecossistema rico em geração de negócios e entrega de valor efetivo. Isso proporciona uma experiência enriquecedora para todos os stakeholders e atende às métricas estabelecidas como objetivos a serem alcançados.
Startups selecionadas por meio de um critério estruturado têm maiores chances de sucesso, pois estão inseridas em um ambiente que favorece o desenvolvimento de soluções escaláveis, sustentáveis e inovadoras.
Empreendedores podem utilizar os critérios da banca para avaliar suas próprias startups antes de submeterem-se ao processo seletivo, aprimorando seus modelos de negócio, pitches e estratégias de mercado.
A seleção certa transforma startups em protagonistas do ecossistema de inovação.