Que relação nunca precisou ser revisitada? Somos, pessoas e empresas, interdependentes e, por meio de nossas conexões, nos desenvolvemos e nos transformamos.
No meio empresarial, o olhar mais estratégico para as relações vem sendo um convite constante. O embaralhar das conexões de cadeias de valor deu origem a grandes inovações na mobilidade, com Uber, ou hotelaria, com Airbnb. Novos formatos de alianças intersetoriais, redes, associações e cooperativas têm mostrado que é no reboot das relações que geramos resultado financeiro e impacto positivo, juntos.
Nessa progressiva jornada de ressignificações relacionais, os negócios foram convidados a um novo capitalismo, além dos interesses dos acionistas. Teorias de mudança mais arrojadas e métodos multidisciplinares nos permitiram inovar de forma aberta e a intraempreender com impacto. Aprendemos a importância do cuidado com a cultura, pois é aí que muitas inovações morrem, ainda prematuras, inibindo as chances de os negócios assumirem seu lugar como força motriz do desenvolvimento sustentável. Sim, há um desalinhamento entre propósitos: da empresa e das pessoas. Com a chegada do distanciamento social súbito da pandemia, em 2020, tudo ganhou ainda mais clareza.
Se as partes envolvidas num relacionamento não estão em sinergia, a quem cabe discutir a relação? No trabalho junto a intraempreendedores de impacto de mais de 40 grandes empresas no Brasil, observei outra qualidade de conexão entre pessoas e empresas e assisti ao nascimento de projetos que conciliavam resultado para o negócio, valor para a sociedade, propósito pessoal e organizacional. Percebi que temos no intraempreendedorismo uma prática revolucionária, mas que demanda corresponsabilidade entre lideranças e intraempreendedores.
Na edição 2022 de sua tradicional carta anual a investidores, Larry Fink, CEO da BlackRock, destacou que, dentre as relações com todas as partes interessadas, a que sofreu maior impacto diante dos acontecimentos dos últimos anos foi aquela entre empregador e empregado. Se quisermos compartilhar valor por meio de empresas, a alta liderança deverá assumir o papel de guardiã de um propósito claro, de um ambiente de confiança e coerência, criando um solo fértil para a autenticidade humana. Segundo a edição do Trust Barometer 2022, vivemos um contexto de desconfiança.
Aos colaboradores e à média liderança, a demanda é por mais protagonismo no autodesenvolvimento de competências intraempreendedoras, como a capacidade de construir comunidades, business cases, de pensar de forma generativa, destravar recursos e navegar o sistema político.
O capitalismo de stakeholders é um grande convite à resiliência e à vulnerabilidade para cuidarmos daquilo que nos é mais caro e nos mantém vivos: as relações humanas.
__Leia mais: [O objetivo de escalar globalmente](https://www.revistahsm.com.br/post/o-objetivo-de-escalar-globalmente)__