Gestão de Pessoas

Os desafios da alta produtividade em tempos de transformação

O bem-estar dos colaboradores, o home office inteligente e as metodologias ágeis têm papel relevante na gestão de pessoas e devem estar no radar dos empresários
Clayton Freire é formado em administração, tem MBA em gerenciamento de projetos e especialização em data science. Tem experiência em projetos de implantação de sistemas ERP em empresas dos segmentos de mineração, comércio varejista, shopping center, transportadoras, indústrias, distribuição e exportação. Está na Wine desde 2010 e, desde o início de 2019, está à frente da área de tecnologia e logística.

Compartilhar:

Com os acontecimentos que transformaram o mundo nos últimos anos – da pandemia aos seus efeitos na cadeia de suprimentos, às oscilações na economia global e às mudanças no mercado e nos modelos de trabalho –, empresas de todos os tamanhos e setores estão se vendo diante da necessidade de se reinventar a fim de sobreviver mantendo-se competitivas.

A onda de demissões em massa em bigtechs como Meta, Twitter e Amazon, assim como em várias startups brasileiras, é prova de como a complexidade e a instabilidade do momento não poupam sequer as gigantes: depois de anos de otimismo, investimentos altos e crescimento sólido, as organizações estão dando um passo atrás, voltando a focar em lucro e resultados como prioridades e tomando ações por vezes radicais para permanecerem de pé.

Nesse cenário, alguns aspectos do mundo do trabalho estão – ou deveriam estar – mais do que nunca no radar de empresários e empreendedores pelo papel relevante que têm na gestão de pessoas, projetos e, portanto, no ganho de eficiência das organizações. Quero destacar três deles.

## 1 – Foco no bem-estar das pessoas
Questões de saúde mental no ambiente corporativo ganharam importância nos últimos anos porque acertam em cheio a produtividade das empresas.

Diferentemente das doenças físicas, que permitem que o colaborador volte ao trabalho normalmente após alguns dias ou semanas em recuperação, as mentais não têm a mesma previsibilidade – o retorno pós-depressão ou burnout, por exemplo, pode levar mais de um ano e ainda assim comprometer o ritmo e o desempenho individual.

E não é só o afastamento do empregado que preocupa. Como quadros de transtornos mentais incluem sintomas como medo, agressividade e exaustão, podem gerar problemas de relacionamento e de clima. Com o aumento nos índices de adoecimento emocional de profissionais de todas as áreas, as lideranças precisam estar aptas a acolher e cuidar dos funcionários com ações perenes e sem perder de vista a eficiência do negócio.

## 2 – Home office inteligente
Trabalho remoto não é uma novidade que surgiu com a pandemia e é fato que, para diversos setores e funções, não há mesmo necessidade de estar fisicamente na empresa para produzir bons resultados. Em tecnologia, a cultura do trabalho à distância há muito tempo é forte entre desenvolvedores, por exemplo, enquanto posições administrativas e de interação com o cliente podem encontrar mais dificuldade para se adaptar.

Para os gestores, considerar as individualidades dentro das equipes é chave para garantir o engajamento e a produtividade, assim como é fundamental investir em práticas e ferramentas capazes de reforçar a conexão e manter ativa a interação dos empregados, não somente pelo bem-estar de todos, mas como estímulo à colaboração, criatividade e inovação.

O vácuo de comunicação que pode se criar entre os times remotos impacta negativamente o andamento de projetos e os resultados do negócio. O formato à distância é vantajoso de muitos modos, mas pede uma mudança de mentalidade, que passa a ser baseada na confiança, na autonomia e na capacidade de autogestão.

A educação para essas competências é o segredo para a criação de times de alta performance, em que cada um se responsabiliza pelas próprias entregas ao mesmo tempo em que tem a visão do conjunto e todos compartilham de um propósito comum.

## 3 – Uso de metodologias ágeis
As práticas de desenvolvimento ágil têm por objetivo acelerar a produção e a entrega de projetos, descomplicar processos e elevar a qualidade do trabalho na medida em que permitem corrigir falhas e realinhar ideias ao longo das etapas de execução, em vez de esperar a conclusão para descobrir que alguma parte não funciona ou poderia ficar melhor.

Os métodos ágeis surgiram em meados dos anos 2000, a partir da demanda da área de tecnologia por agilidade na produção de softwares, mas acabaram sendo adotados por empresas de todos os segmentos e aplicados no desenvolvimento de produtos e serviços, em tarefas operacionais do dia a dia e em grandes projetos envolvendo times de diferentes áreas.

Além de inovadora, a proposta favorece a autonomia, a colaboração e o engajamento dos profissionais, o que aumenta a motivação e a eficiência da equipe, garante transparência e fluidez nos processos e fortalece a relação entre empresa e cliente, que tem a oportunidade de se envolver em todas as fases do processo.

Manter a alta produtividade está diretamente ligado a fazer mais e com qualidade, aproveitando ao máximo o tempo e os recursos disponíveis, reduzindo custos e otimizando processos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura