Além das contas acumuladas e do panetone ressecado, o início do ano costuma trazer muitas previsões e tendências. Engraçado pensar como acreditamos que tudo vai mudar em mais uma volta da Terra em torno do Sol – o planeta e o universo não estão muito aí para o calendário gregoriano. Mas a gente gosta de uma efeméride, não tem jeito. E, entre todas elas, a virada do ano é a mais carregada de expectativas de mudança. Mesmo que o ano se prenuncie ainda cheio de dúvidas.
Antecipar tendências é um jogo que costuma favorecer os pessimistas. Além de render cliques e comentários indignados em redes sociais, cenários exclusivamente catastróficos ajudam a diminuir a margem de erro das previsões. Se tudo der errado, eu avisei. Se tudo der certo, é porque vocês escutaram meus alertas. São os tais profetas do passado, como diria um conhecido. Apontar possibilidades e cenários desejáveis é sempre mais complexo: trata-se de um caminho que passa por apontar (e ajudar a abrir) os caminhos que nos levarão até lá.
Se o ano passado nos ensinou alguma coisa, é que precisamos começar a pensar mais em construções de longo prazo. Muitos dos movimentos que hoje despontam como tendências já existem há mais de 10 ou 20 anos. A diferença está na escala global de consumo e acessibilidade, que não acontece da noite para o dia. A beleza da coisa é saber identificar esses inícios. Pois o futuro, como bem disse o mestre da ficção científica William Gibson, já está por aí, apenas não foi distribuído. Por isso, precisamos olhar muito além de 2021 para pensar onde vamos investir nossa energia e nossos recursos daqui para frente.
Quer saber mais sobre o que vai realmente mudar o mundo nas próximas décadas? Prestar mais atenção nas crianças ao seu redor pode ser um bom começo. Tente cultivar um interesse genuíno sobre o que seu sobrinho, sua filha, seu enteado ou sua afilhada estão assistindo, ouvindo e fazendo. Aquele grupo esquisito de k-pop. Aquele aplicativo chinês que você baixou, mas não entende direito para que serve. Aquele vídeo que tem mais de 100 milhões de views de alguém que você nunca ouviu falar. Pois é. São essas as referências culturais e tecnológicas que estão formando as bases dos verdadeiros profissionais do futuro. Onde isso vai dar? Daqui a 20 anos me chame e conversamos de novo.