Quando o CFO de uma multinacional me confessou que sua estratégia de conteúdo no LinkedIn resultava em pouquíssimo engajamento, embora fosse produzida por uma agência de renome, ele me soou como aquele chef que investe em ingredientes de primeira, mas não abre as portas do restaurante para receber os clientes.
Eis o chamado “paradoxo do conteúdo”: mesmo colocando tempo e recursos em publicações impecáveis, a reputação não ganha tração se você não “vive” a plataforma.
Pesquisas recentes corroboram esse ponto. Segundo a própria rede, o LinkedIn já ultrapassou a marca de 1 bilhão de usuários mundialmente, sendo que 40% deles acessam a plataforma diariamente.
Porém, mesmo com esse mar de oportunidades, muitos executivos ficam frustrados porque a boa “comida” – isto é, o conteúdo – nem sempre garante fila na porta. E aqui reside o paradoxo: a qualidade chama atenção, mas não mantém o público se o autor não estiver disposto a interagir.
Parte do que motiva essa desconexão tem a ver com a falta de presença real de quem assina o post.
Dados do Edelman Trust Barometer mostram que, para 88% dos entrevistados, a reputação de um líder se fortalece consideravelmente quando há interação frequente e genuína com o público.
Isso inclui responder a comentários, dedicar alguns minutos para consumir o que outras pessoas produzem e se envolver em conversas que façam sentido para o próprio universo profissional.
Sem essa dimensão humana, o conteúdo, por melhor que seja, vira monólogo.
Em consultorias, costumo insistir nessa abordagem: separar ao menos 15 minutos, três vezes por semana, para “habitar o LinkedIn”.
Parece simples, mas é aí que a mágica acontece. Estudos de mercado indicam que a visibilidade de um conteúdo pode ser substancialmente ampliada quando o autor não só publica, mas também participa das discussões.
Comentar no post de outro profissional, enviar uma mensagem de agradecimento para quem interage, compartilhar um insight reforçado por dados: tudo isso cria laços e aumenta a percepção de confiabilidade.
Outro ponto que vale destacar: se não há intenção de responder a comentários, melhor não pedir esse tipo de retorno.
Pesquisas de comportamento do consumidor em redes sociais indicam que cerca de 53% das pessoas que se sentem ignoradas por uma marca ou personalidade acabam abandonando a interação e, muitas vezes, não voltam.
Então, pedir “Conte aqui o que achou” e sumir depois é como convidar alguém para jantar e não aparecer em casa.
Esse detalhe, aparentemente menor, reforça o paradoxo: mesmo um conteúdo impecável perde relevância quando não há reciprocidade.
Por isso, ainda que a estratégia e a produção de posts possam ser terceirizadas, dedicar-se minimamente à interação é uma etapa indelegável.
Os números falam mais alto que qualquer teoria: estima-se que até 80% dos leads B2B em redes sociais surjam do LinkedIn, segundo relatórios da própria plataforma, mas esse potencial só se concretiza de verdade quando existe relacionamento, não apenas discursos solo.
Em resumo, o paradoxo do conteúdo se manifesta quando alguém aposta todas as fichas na produção de conteúdo e esquece que, no LinkedIn, o grande diferencial é a troca.
Investir em bons textos e artigos é o primeiro passo, mas, se o objetivo é ser reconhecido e lembrado, é fundamental abrir as portas e receber cada visitante como um convidado especial.
Afinal, há uma grande diferença entre publicar algo no feed e realmente participar da conversa. E é nessa presença autêntica que mora a verdadeira construção de reputação.