Direto ao ponto

Pertencimento, dignidade e justiça

Eis os termos que podem fazer com que os programas de diversidade realmente funcionem, segundo artigo do World Economic Forum

Compartilhar:

“Apesar de bem-intencionados, os programas de diversidade não entregaram o que prometeram.” A frase de Aida Mariam Davis, fundadora e CEO da consultoria Decolonize Design, publicada em artigo do site do World Economic Forum, pode parecer forte demais à primeira vista. Porém, vale prestar atenção aos argumentos dela.

Apesar de 30 anos de esforços para promover a diversidade em empresas, instituições acadêmicas e sem fins lucrativos, o impacto na redução dos preconceitos e na mudança de comportamento foi muito pequeno – quando não foi nulo. Em muitas organizações, empregadores ainda agem mais para evitar processos movidos por minorias do que para criar ambientes de trabalho mais abertos e acolhedores. E os programas de treinamento em diversidade, criados para apagar incêndios no curto prazo, podem acabar sendo uma desculpa para que os profissionais não se envolvam em iniciativas mais transformadoras no longo prazo.
Para mudar essa realidade, Aida sugere substituir as palavras mais frequentemente usadas para essas iniciativas. “Se examinarmos os conceitos de diversidade, equidade e inclusão, veremos que eles deixam implícita a ideia de que há um padrão no qual os ‘outros’ possam ser incluídos: o padrão da cultura branca heteronormativa dominante.” A abordagem criada por ela vai em outra direção e é baseada nos seguintes termos: pertencimento, dignidade e justiça (belonging, dignity and justice, ou BDJ, em inglês).

Não se trata, segundo a consultora, de mera mudança de nomenclatura. Nas jornadas que costuma conduzir com empresas de vários setores, ela começa ajudando os líderes a reconhecer que existe um status quo e a identificar de que maneiras suas ações – formais ou informais – resultam em práticas racistas, desumanizadoras ou de assimilação cultural. Partindo desse pressuposto, eles podem então rever a forma como se relacionam com funcionários, parceiros, fornecedores, consumidores e as comunidades nas quais seus negócios geram impactos.

A abordagem BDJ promete benefícios em diversas frentes. De acordo com os dados da Decolonize Design, as companhias que a adotaram conseguiram ampliar significativamente o recrutamento de populações marginalizadas e aumentar a segurança psicológica de seus funcionários, com resultados positivos tanto em produtividade quanto em inovação. Também atraíram novos parceiros e consumidores e melhoraram seus indicadores financeiros, como o retorno do investimento e o lucro. “Ao valorizar a experiência vivida, reconhecer os danos do passado, enfrentar os códigos de linguagem e beneficiar aqueles que sempre foram mais oprimidos, as empresas conseguem conquistar a confiança de seus funcionários”, diz Davis.

![Imagens-40](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/78jGKoDWlRxeWjSreqynj/45c8584f2d66447dd17d2e80d7fd54e1/Imagens-40.png)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, a robótica ganhou destaque como tecnologia transformadora, com aplicações que vão da saúde e criatividade à exploração espacial, mas ainda enfrenta desafios de escalabilidade e adaptação ao mundo real.

Renate Fuchs

6 min de leitura
Inovação
No SXSW 2025, Flavio Pripas, General Partner da Staged Ventures, reflete sobre IA como ferramenta para conexões humanas, inovação responsável e um futuro de abundância tecnológica.

Flávio Pripas

5 min de leitura
ESG
Home office + algoritmos = epidemia de solidão? Pesquisa Hibou revela que 57% dos brasileiros produzem mais em times multidisciplinares - no SXSW, Harvard e Deloitte apontam o caminho: reconexão intencional (5-3-1) e curiosidade vulnerável como antídotos para a atrofia social pós-Covid

Ligia Mello

6 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo de incertezas, os conselhos de administração precisam ser estratégicos, transparentes e ágeis, atuando em parceria com CEOs para enfrentar desafios como ESG, governança de dados e dilemas éticos da IA

Sérgio Simões

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Os cuidados necessários para o uso de IA vão muito além de dados e cada vez mais iremos precisar entender o real uso destas ferramentas para nos ajudar, e não dificultar nossa vida.

Eduardo Freire

7 min de leitura
Liderança
A Inteligência Artificial está transformando o mercado de trabalho, mas em vez de substituir humanos, deve ser vista como uma aliada que amplia competências e libera tempo para atividades criativas e estratégicas, valorizando a inteligência única do ser humano.

Jussara Dutra

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
A história familiar molda silenciosamente as decisões dos líderes, influenciando desde a comunicação até a gestão de conflitos. Reconhecer esses padrões é essencial para criar lideranças mais conscientes e organizações mais saudáveis.

Vanda Lohn

5 min de leitura
Empreendedorismo
Afinal, o SXSW é um evento de quem vai, mas também de quem se permite aprender com ele de qualquer lugar do mundo – e, mais importante, transformar esses insights em ações que realmente façam sentido aqui no Brasil.

Dilma Campos

6 min de leitura
Uncategorized
O futuro das experiências de marca está na fusão entre nostalgia e inovação: 78% dos brasileiros têm memórias afetivas com campanhas (Bombril, Parmalat, Coca-Cola), mas resistem à IA (62% desconfiam) - o desafio é equilibrar personalização tecnológica com emoções coletivas que criam laços duradouros

Dilma Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
O aprendizado está mudando, e a forma de reconhecer habilidades também! Micro-credenciais, certificados e badges digitais ajudam a validar competências de forma flexível e alinhada às demandas do mercado. Mas qual a diferença entre eles e como podem impulsionar carreiras e instituições de ensino?

Carolina Ferrés

9 min de leitura