Reportagem – Planejamento tático-operacional
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Planejar a saúde vai muito além do plano de saúde

Contratar um plano de saúde não basta. A expectativa é, cada vez mais, fazer uma gestão do bem-estar dos funcionários (não apenas gestão dos custos de saúde), e isso começa com um bom planejamento

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Você certamente conhece o conceito de saúde organizacional. A consultoria McKinsey até criou uma maneira de medi-la, o índice de saúde organizacional, construído sobre uma série de fatores que indicam a qualidade dos relacionamentos de gestores e colaboradores. A capacidade de execução tático-operacional de uma empresa envolve a saúde integral dos colaboradores. Sem que líderes e funcionários estejam bem física e mentalmente, eles não conseguem ter bons relacionamentos e, assim, não têm bom desempenho.

“A saúde privada no Brasil é composta principalmente de planos de saúde empresariais: cerca de 70% dos beneficiários vêm dessa modalidade. As empresas contratam planos porque um colaborador mais saudável e bem cuidado é mais produtivo”, diz Bernardo Cunha, CEO da plataforma Sinaxys, especializada em empregabilidade no segmento da saúde. Ao contratar um plano, a organização deve visar práticas que vão além do cuidado com a saúde física. “Especialmente em períodos traumáticos, como a pandemia, a manutenção da saúde mental do colaborador é um dos fatores mais importantes para se levar em conta na contratação de um plano”, explica.

Cada vez mais empresas têm entendido que o planejamento da saúde dos funcionários é um ponto importante no planejamento. Isso também é efeito da pandemia. Com a ascensão de tecnologias como a telemedicina, durante esse tempo, os departamentos de recursos humanos ganharam instrumentos para lidar com seus desafios.

## O que está mudando
“Hoje, um cliente corporativo, que talvez nem esteja no radar como paciente crônico, colhe um exame de sangue que mostra que o nível de hemoglobina glicada dele está preocupante, com propensão a diabetes. Eu não preciso esperar. Vou atrás dele para indicar uma atuação preventiva.” É assim que Ricardo Ramos, líder de gestão médica e tecnologia da Dasa Empresas, apresenta as novas possibilidades derivadas das atuais mudanças que o setor tem vivido.

A mudança regulatória que autoriza a telemedicina é uma das grandes responsáveis por essa transformação. E as empresas, na maioria, talvez ainda não tenham aproveitado nem 20% de seu potencial.
Vejamos em detalhe o que está transformando o healthcare:

__Mudanças regulatórias.__ A Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTMS) registra que entre 2020 e 2021 mais de 7,5 milhões de atendimentos foram realizados por telemedicina, por mais de 52,2 mil médicos, com índice de resolutividade dos atendimentos da ordem de 91%, poupando a necessidade de ida dos pacientes aos prontos-socorros. Ainda de acordo com a ABTMS, a previsão é que, até o fim de 2022, cerca de 30 milhões de brasileiros tenham recorrido à telemedicina em vez do presencial.

Com a autorização da prática, vieram as liberações de teleorientação, o telemonitoramento e a teleinterconsulta (comunicação entre dois profissionais de saúde sobre um paciente). No aspecto legal, a interoperabilidade é cercada por um debate sobre segurança e confidencialidade. Afinal, se todos os dados de saúde de uma pessoa estão armazenados em uma plataforma ou num conjunto de plataformas, quem terá acesso a esses dados, por quanto tempo, em quais situações? O fato de ainda não haver regulamentação específica da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) cria insegurança jurídica. Isabela Maiolino, coordenadora-geral de normatização da ANPD, alerta: “Temos de criar regulamentações que contemplem processos rápidos para proteger os dados, mas sem barrar a inovação”.

__Disponibilidade tecnológica.__ A chegada do 5G e da internet das coisas deve acelerar ainda mais o setor. Se as empresas não entenderem essa mudança, estarão contra a saúde organizacional. Mas é preciso haver mais operadores digitalizados. “Temos de avançar rumo à coordenação, com maior adesão à tecnologia”, diz Pedro Dias, fundador da healthtech Mevo, cujo maior negócio envolve a validação da receita digital, que facilita a compra de medicamentos online.

__Muito mais dados.__ Faz tempo que está no radar a interoperabilidade, que permitirá a troca de dados entre diferentes sistemas de saúde. Ainda não se concretizou, mas o desafio não é meramente tecnológico. “Estamos engatinhando nesse sentido. Além da questão legal, há uma questão cultural a resolver.” Ícaro Vilar, fundador e CEO da Rede Amor Saúde, de clínicas populares, refere-se à baixa disposição dos clientes de usar o meio digital – e compartilhar dados. Apenas 16% dos seus clientes agendam atendimento pelo aplicativo, por exemplo. Na visão do médico Thiago Júlio, sócio e diretor de estratégia médica da plataforma Memed, o usuário precisa ser convencido sobre as vantagens em potencial oferecidas pelo sistema digital.

Outra aposta para aproveitar melhor a riqueza dos dados é o prontuário eletrônico. “Ele tem armazenamento seguro e portátil do histórico de saúde dos pacientes”, diz Nicole Aun, associada de life sciences & healthcare do escritório de advocacia Pinheiro Neto. Fred Rabelo, cofundador e CEO da plataforma Ti.Saúde, vislumbra o próprio usuário como impulsionador da digitalização. “A partir do momento em que ele percebe que economiza tempo e dinheiro com o prontuário eletrônico, ele vai exigir que essa seja a regra”, aposta.

Open health é o objetivo de todos: a integração dos sistemas, uma base universal composta de clínicas, hospitais, laboratórios e farmácias, aumentando a agilidade do sistema e a qualidade dos serviços prestados. Mas demora. Carlos Pappini Jr., cofundador e CEO da plataforma Conecta Médico, diz que o poder público precisa ser mais enfático para promover a transformação digital. O grande problema é que muitos hospitais e clínicas pequenos ainda são desprovidos de sistemas digitalizados.

__Custos crescentes.__ O reajuste nos planos de saúde autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2022 foi de 15,5% para planos de saúde individuais e medicamentos, e de até 19% para planos coletivos/corporativos. Isso é calculado com base nas variações das despesas médicas, na intensidade de utilização dos planos pelos clientes e na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Considerando que apenas 25% dos brasileiros têm planos de saúde, buscar maneiras de derrubar esses custos é importante. O foco das organizações está na jornada do colaborador. Porém os gastos crescentes da saúde interferem em toda a cadeia da prestação de serviços. Dois fatores têm movimentado o mercado nessa busca pelo aumento da eficiência: a adoção de tecnologias em ritmo acelerado; e uma profusão de fusões, aquisições e incorporações.

Ramos, da Dasa, empresa que atende 1,2 milhão de funcionários de seus clientes corporativos, diz que é preciso unir, à mesa de discussões, “operadoras e administradores de saúde mais gestores de RH, que são os que conhecem melhor” os usuários dos benefícios de saúde”.

## Como planejar melhor
Há seis medidas que, se os gestores das empresas adotarem, podem ajudar as organizações a planejar e melhorar a saúde de seus colaboradores, na visão de Ricardo Ramos, da Dasa Empresas:

__Medicina ocupacional bem aproveitada.__ “Em primeiro lugar, os espaços físicos (e de agenda) na medicina ocupacional são usados de maneira cartorial: é feito o exame anual, anota, carimba e acabou. O contato do médico com o colaborador é o ouro para se fazer medicina preventiva. Não tem nada mais rico do que isso. Pouquíssimas empresas estão usando esse recurso. Ou seja, falta fazer a junção da medicina ocupacional e de segurança com a visão preventiva”, aponta Ramos.

__Mapa de riscos clínicos interno.__ A empresa tem informações, que vêm da consultoria, da operadora, pelo menos sobre os casos mais críticos. Uma sugestão seria fazer isso a cada seis meses, para verificar se está fazendo as melhores escolhas, para as pessoas certas. São ações que estão à mão do gestor de RH, indica o gestor da Dasa Empresas.

__Empoderamento do colaborador em relação à gestão da própria saúde.__ Isso é fundamental. E depende de gestores capacitados que invistam em marketing interno, colocando o colaborador como protagonista da própria saúde. “O ser humano muitas vezes é assim: cuida da mãe, do filho, do cachorro, mas não de si próprio”, diz Ramos.

__Pronto atendimento digital.__ Manter um serviço de pronto atendimento digital, que evitam até 90% das idas a prontos-socorros;

__Programas de saúde digital.__ Servem para cuidar de saúde mental, tratamento para obesidade e outras condições crônicas, entre outros.

__Decisões baseadas em dados.__ A praxe é procurar no mercado soluções em análises de dados.

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## Equilibrando medidas internas e ecossistema
Uma maneira de enxergar o planejamento de saúde é pensar em termos de medidas internas e medidas compartilhadas com o ecossistema, equilibrando os dois tipos.

### Medidas internas
De acordo com a edição 2022 do estudo Tendências Globais de Talentos, feito pela Mercer, empresa de serviços profissionais nas áreas de risco, os colaboradores estão sete vezes mais propensos a trabalhar para uma empresa que prioriza seu bem-estar. Por isso, a gestão da saúde dos colaboradores feita dentro de casa merece ser priorizada.

Benefícios como um plano de saúde estão longe de ser a única ferramenta para o gestor; há uma série de iniciativas possíveis. A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH Brasil) criou um programa de desenvolvimento de capacidades dos gestores de recursos humanos justamente para compartilhar essas iniciativas, com vistas à melhoria da gestão de saúde da organização: o Programa Empresa Saudável (PES). Em 2022, o PES recebeu mais de 212 mil funcionários de 60 empresas.

A grade curricular é feita de debates e apresentação de cases bem-sucedidos na área. Entre os temas abordados em palestras estão indicadores de saúde, gestão de alimentação e atividade física, saúde ocupacional, sistemas de gestão de saúde e integração e gestão de dados, entre outros. A entidade oferece ainda às empresas, ao longo do ano, suporte na elaboração dos principais indicadores de gestão de saúde e bem-estar dos funcionários. O programa pretende reunir dados para lançar um manual de boas práticas em saúde corporativa.

A healthtech OMM BE, no entanto, resolveu propor um modelo diferente para gerir a saúde corporativa – um modelo inovador. A novidade começa em conferir a gestão da própria saúde ao colaborador. Em vez de remunerar médicos e laboratórios de acordo com o número de consultas e exames, a empresa contrata um certo valor de cartão que oferece a cada empregado. Digamos, R$ 100. Esse crédito poderá ser usado, via aplicativo, para pagar consultas médicas e sessões de terapia, e até para manicure e cabeleireiro. Outra vantagem da ferramenta da healthtech é que ela poupa, segundo a empresa, até 34 horas de trabalho do RH.

Mais um serviço que a healthtech presta a gestores responsáveis pela saúde das pessoas em suas organizações é a análise de dados, que pode rastrear eventuais problemas de filiais específicas e entender quais as especialidades mais consultadas por grupos determinados, entre outras informações. Análises dessa modalidade identificaram que um padrão comum a diversas empresas, por exemplo, é o quadro de síndrome de burnout, que nos últimos anos tem atingido em média 30% do grupo de funcionários. Já entre as doenças físicas, a gastrite aparece no topo da lista de diagnósticos, seguida de problemas respiratórios, como sinusite. Insônia é a terceira reclamação mais comum.

“Já ocorreram situações nas quais nos chamaram para lidar com queda na produtividade da organização, e descobrimos que muitas pessoas estavam com anemia, doença que causa queda no ânimo”, diz Débora Bertaco, CEO da empresa.

Segundo a plataforma de inovação Distrito, entre 2016 e 2019 foram fundadas 549 healthtechs, muitas das quais dedicada a apoiar empresas na gestão de saúde. De 2020 a 2022, surgiram outras 127. As startups da área ainda não competem com as grandes fornecedoras, mas estão chegando: a Distrito registra que, somente em 2021, a inovação em saúde recebeu US$ 44 bilhões em financiamentos.

Plano de saúde: uma gestão de custo/benefício

Luciana Sakamoto, do Pinheiro Neto Advogados, fala sobre as práticas recomendáveis

Qual o efeito da pandemia sobre a gestão de saúde corporativa?
Houve aumento no número de usuários dos planos privados. Também houve aumento no número de beneficiários de planos de saúde, com uma maior oscilação nos planos de saúde individuais e nos coletivos por adesão.
Do ponto de vista dos contratantes, a pandemia trouxe uma mensagem importante: a relevância do cuidado da saúde dos colaboradores e da gestão do plano de saúde pelas empresas, a fim de controlar os gastos com saúde frente ao orçamento disponível.

O que um gestor deve levar em consideração ao decidir sobre um plano de saúde?
Ele deve ter bem definidos o seu papel na gestão do plano de saúde como benefício corporativo, e também qual a sua política de saúde perante os seus colaboradores.
Os custos de um plano envolvem não apenas o preço, mas o controle dos sinistros, medidas de prevenção, desenho do plano de saúde e se haverá contribuição ou coparticipação, possibilidade de upgrade, entre outros quesitos.

Como se gerencia bem um plano de saúde?
A empresa precisa estabelecer uma visão única acerca da relevância do benefício do plano de saúde. A gestão do plano é um grande desafio. Existem empresas que estão investindo em um modelo mais próximo do beneficiário, buscando auxiliá-lo na escolha do profissional mais adequado, por exemplo.
Também existem ações como implementação de serviços de segunda opinião, auditorias de contas médicas, programas de ações preventivas. Essa gestão normalmente é feita por uma equipe médica, habilitada para realizar esse cuidado de saúde perante o beneficiário, observadas todas as regras da Lei Geral de Proteção de Dados e do sigilo médico.

### Medidas no ecossistema
O movimento rumo a constituição de ecossistemas de negócios está a todo vapor no setor de saúde. Trata-se de adequação ao modelo de competição entre ecossistemas de negócios, que vem ganhando força na chamada economia de plataforma. Dois caminhos básicos levam a esses ecossistemas: o das fusões e aquisições (M&As) e o das parcerias.

__Fusões e aquisições.__ Em 2021, as operações de M&A anunciadas por companhias do setor somaram 32, segundo um levantamento feito pelo BTG Pactual. As duas maiores adquirentes foram a Rede D’Or, responsável por dez deals, e a Dasa, sob cuja batuta ficaram outros quatro.

Em fevereiro de 2022, a Rede D’Or se tornou ainda maior com a compra da SulAmérica. A transação foi avaliada pelo mercado como algo da ordem de R$ 13 bilhões. Presente em 13 estados brasileiros, além do Distrito Federal, a Rede D’Or hoje é a maior empresa de saúde da América Latina. Entre os números superlativos estão 71 hospitais, somando 11 mil leitos, e 53 clínicas oncológicas. São 87 mil médicos credenciados e 67,2 mil colaboradores. A rede soma mais de 3 milhões de atendimentos ambulatoriais.

Para tentar manter a qualidade desssa quantia monumental de serviços oferecidos, o grupo tem um programa de qualidade técnica que avalia seus hospitais. Além disso, há pesquisas constantes com todos os colaboradores. “Você se sente à vontade para apontar erros?” e “Você se sente à vontade para criticar a atuação de um superior?” são algumas das questões propostas na enquete, realizada anualmente. A rede declara que está disposta a mudar gestores e líderes, transformar processos e investir em treinamentos de equipes para manter a cultura da qualidade.

A Rede D’Or divulga que 81% de suas unidades são avaliadas por auditorias externas, como a Joint Commission Internacional (JCI), líder global em certificação de organizações de saúde. No Brasil, apenas 47 instituições detêm esse selo, sendo que 23% do total é da Rede D’Or. Entre os parâmetros analisados está a taxa de letalidade nas unidades de terapia intensiva (UTI). Na média, os hospitais avaliados pela JCI apresentam taxa de 0,74, enquanto a Rede D’Or exibe índice de 0,47.

“Todos os nossos hospitais estão inseridos em programa de qualidade. A importância da divulgação dos indicadores de qualidade, além de mostrar que nem todas as instituições de saúde do País têm o mesmo padrão, pode auxiliar os pacientes no processo de escolha por um serviço de saúde”, diz Helidea Lima, diretora de qualidade assistencial da Rede D’Or. Para quem pode escolher, avaliações como as da JCI são um ótimo parâmetro.

__Parcerias.__ Em 2019, o mercado já via movimentos inusitados de formação de parcerias. A joint venture criada por RaiaDrogasil com o Grupo Pão de Açúcar focada em programas de fidelidade, chamada Stix Fidelidade, foi um desses casos.

Essa tendência ecossistêmica continua consistente. A operadora de planos odontológicos Amil Dental fez ao menos duas parcerias recentes: com uma das maiores rede de clínicas odontológicas do País, a OdontoCompany, que tem quase 2 mil unidades, e com a Smilink, uma das principais healthtechs do setor, que faz tratamentos com alinhadores ortodônticos invisíveis.

A Amil Dental conta com 2,3 milhões de clientes, 13 mil prestadores credenciados e registra trimestralmente mais de 350 mil consultas e de 2,4 milhões de procedimentos odontológicos. E, mais ainda, tem clínicas próprias, da marca Amil Dental, com oito unidades em operação. É sintomático que uma empresa com números tão expressivos recorra a parcerias, inclusive com potenciais concorrentes.

A parceria entre Amil Dental e OdontoCompany deixa claro o potencial ganha-ganha-ganha. A primeira ganhou força na retenção de clientes nas capitais (sobretudo nas da região Sudeste, onde já é bem estabelecida) e, ao mesmo tempo, passou a crescer em regiões fora delas, onde ainda precisava ser conhecida. E a OdontoCompany escalou os atendimentos em seus variados serviços. Sem mencionar que as duas têm aprendido muito uma com a outra e que dividem os invetimentos feitos – por exemplo, em um software de gestão para integrar seus sistemas.

O mesmo se pode dizer da parceria entre Amil Dental e Smilink; é ganha-ganha. “A aceitação tem sido incrível, com vendas crescentes todos os meses”, diz Rodrigo Rocha, CEO da Amil Dental. A Smilink, ao se associar a uma empresa de grande porte, amplia muito seu raio de atuação.

Uma parceria como essa poderia ser considerada até uma vantagem competitiva para a Amil Dental, uma vez que, como observa Rocha, “o brasileiro dá muita importância à aparência da boca e dos dentes além da saúde oral”. Por isso, a Amil Dental vem fortalecendo sua linha estética, com tratamentos não usualmente cobertos pelos planos odontológicos, como os aparelhos ortodônticos. E a Smilink vem contribuir com isso. É o ecossistema em ação.

Saúde mental: dados viabilizam prevenção
Esse pode ser um dos pontos altos do planejamento da saúde corporativa

Podemos dizer que evitar rotatividade, absenteísmo, presenteísmo (quando se está de corpo presente no trabalho mas sem produtividade) são três dos principais objetivos quando a área de recursos humanos faz um planejamento de saúde que não se limita a adquirir produtos de healthcare. Pois já conhecemos uma das principais fontes, senão a principal, desses três problemas: a saúde mental/emocional. O estudo Mental Health and Employers, realizado no Reino Unido pela consultoria Deloitte, chegou à conclusão de que a saúde mental frágil é um grande estopim para todos os três. E a consequência da falta de cuidado com saúde mental em empresas é o crescimento, ano após ano, dos custos nessa área. O estudo britânico descobriu que tais custos cresceram 25% entre agosto de 2019 (uma base “normal”) e agosto de 2021 e superaram a marca dos 2,6% do PIB anual do Reino Unido.

Como é possível planejar a saúde mental dos colaboradores de uma empresa? Com dados. É verdade que existe um desafio aí. Acessar dados de saúde mental dos funcionários seria uma invasão de privacidade. Mas alguns gestores de RH estão descobrindo que podem trabalhar com dados agregados, anonimizados portanto, para saber que contextos fazem os comportamentos oscilarem negativa (ou positivamente) e implementar ações para minimizá-los (ou maximizá-los).

Imagine receber dados agregados de seu fornecedor de serviços de terapia e descobrir que é sempre em uma determinada semana do mês que as pessoas se queixam de distúrbio de ansiedade? E entender que é sempre nessa semana que ocorrem duas reuniões específicas? Os dados também podem revelar que os membros da equipe de um determinado gestor fazem muito mais consultas com terapeutas especializados em tratamento de traumas do que todos os outros funcionários juntos. E há como responder, de imediato e planejando. No curto prazo, o gestor em questão pode ser retreinado ou desligado. No longo prazo, pode-se buscar um perfil de gestor mais indicado. A plataforma de terapia online Zenklub é uma das que têm se aliado aos gestores de RH nesse trabalho, compartilhando os dados agregados que captura. E vê o impacto indireto que isso pode ter sobre, por exemplo, rotatividade. E o Zenklub causa impacto direto também, como conta Rui Brandão, CEO da empresa: “Como um estudo nosso mostrou, funcionários que fazem terapia tendem a ficar 30% mais tempo na empresa”.

Reportagem publicada na HSM Management nº 155

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