Uncategorized

As máscaras da liderança na pandemia

Entre as máscaras que precisamos usar, algumas vão cair neste momento, separando os que constroem mudanças daqueles que apenas assistem aos fatos.
Diogo Garcia é sócio-diretor na KPMG Brasil à frente do programa Emerging Giants Startups, co-fundador da Confraria do Empreendedor, professor da XP Educação, mentor e palestrante em temas como vendas B2B e negociação, gestão de comunidades e ecossistemas empreendedores pela agência Casé Fala

Compartilhar:

Viver sob os efeitos emocionais de uma crise não é fácil. De uma hora para outra fomos colocados de maneira brusca cara a cara com a nossa vulnerabilidade e passamos a enfrentar, como nunca, a responsabilidade do nosso poder individual. 

Como líderes, nosso papel foi ampliado pois, além de controlar custos, gerenciar processos e liderar o time (mesmo à distância), passamos também a ser responsáveis por proteger as nossas pessoas desse mal invisível, tendo que assumir uma postura ainda mais transparente e propositiva. 

Mas será que todos estavam preparados para assumir estes novos papéis ou as máscaras vão cair?

Como cofundador da Confraria do Empreendedor, um hub que potencializa conexões por meio da colaboração de aprendizados e melhores práticas, pude não apenas me envolver em iniciativas para apoiar membros da comunidade, como também acompanhar de perto as decisões de muitas empresas e startups nessa pandemia. 

Nessa troca diária, que envolve mais de 800 empreendedores, todos estão lutando contra a crise, e o que pude notar é que líderes que já tinham seu propósito claro e que colocaram em prática o soft skill da adaptabilidade, conseguiram agir mais rapidamente para entrar nesse novo modo. 

Gestores que estão além das máscaras sociais, dos papeis que devem exercer e que de fato carregam coerência entre os seus discursos e seus atos.  

Em nosso grupo a inquietude e a necessidade de ir para ação nasceu rapidamente, desta forma criamos juntos o ConfraSocial, um portal que reúne projetos e iniciativas para apoiar empreendedores, profissionais de saúde e comunidades mais vulneráveis. 

E começamos a apoiar soluções que nasceram no grupo como o “Beleza de Mãos Dadas”, iniciativa da empresa 3,2,1 Beauty, que auxilia manicures moradoras da periferia durante o período de isolamento social, Vevee – plataforma que fornece consultas gratuitas por meio da telemedicina, e os já existentes G10Favelas, que luta no combate ao efeitos do Covid-19 em diversas favelas do país e a Kikcante, que utilizou sua plataforma para arrecadar fundos para uma série de comunidades.

Fora da nossa rede também encontrei iniciativas brilhantes de pessoas comuns que se organizaram imediatamente para levar assistência aos que mais necessitam. 

Vi lideranças que já são exemplo se destacarem ainda mais, como  Luiza Helena Trajano que, além de  assumir o compromisso de não demitir na crise e de fazer doações generosas, lançou o projeto Parceiro Magalu, oferecendo um marketplace para pequenos negócios e impactando mais de 100 mil pessoas pelo Brasil.

Impossível falar de liderança e também não lembrar de Edu Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões, que com a campanha “Corona no Paredão”, arrecada fundos para distribuir cartões de cestas básicas e refeições para famílias , combatendo a fome na periferia.

Temos uma série de bons exemplos, mas sem dúvida, estar no comando neste cenário de incertezas e apontar o caminho certo a seguir é uma das missões mais desafiadoras que já enfrentamos. Mas isso significa não se mover? Absolutamente, não.

Estamos ainda no trajeto,  e com grandes possibilidades de gestores assumirem papeis fundamentais de liderança. Esse talvez seja o momento de relembrar o conceito de liderança situacional, no qual a liderança é moldada de acordo com a variação das situações apresentadas.

Nesse turbilhão de mudanças que estamos envoltos não há espaço para ficar fora da arena. Assumir a vulnerabilidade e escolher a coragem no lugar do conforto pode ser o fator chave da liderança que precisamos. 

Entre as máscaras que precisamos usar, algumas vão cair neste momento, separando os que constroem mudanças daqueles que apenas assistem aos fatos. E quando este momento passar, não precisaremos (esperamos) mais de máscaras e os líderes propositivos e protagonistas serão lembrados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O futuro dos eventos: conexões que transformam

Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura