Liderança

Desafios atuais de líderes apegados ao passado

Num cenário diverso, plural e incerto, não cabe aos líderes sustentar uma posição fechada que ressalta o mantra “sempre conduzi assim”
Fred Alecrim é diretor de recursos humanos (CHRO) e cofundador da Credere, startup de compra e venda financiada de veículos

Compartilhar:

Gosto de dizer que o que mais delimita o crescimento de um negócio é a sua liderança. Isso tem um porquê: a empresa é tão boa quanto o seu time, e o time é tão bom quanto a sua liderança. Algumas pessoas têm o entendimento de que a empresa cresce e, então, todo mundo é puxado. Isso é um equívoco. Quando a liderança cresce, puxa todo mundo com ela. Claro que o contrário também vale: se os líderes não evoluem, a empresa para.

Quis trazer esse pensamento para dar a medida do quanto é importante rever o papel do líder daqui para o futuro mais próximo.

A essa altura, já digerimos o fato de que “nada será como antes”, como diz a velha canção de Milton Nascimento. De certa forma, a pandemia nos ensinou a lidar com transformação e o sentido de urgência. A inquietude da geração Z reforça esse desafio, aliás.

Você já deve ter ouvido em algum momento a expressão “show, don’t tell”, ou seja, “não quero ouvir você falar sobre o que acredita, quero ver você mostrar o que faz”. Vamos supor que a sua empresa assume um discurso pela equidade de gênero, mas a maioria dos colaboradores é masculina; ou, discursa a favor da diversidade e forma equipes homogêneas.

A geração Z não se contenta com o marketing vazio. Ela busca um sentido maior para o que faz, quer trabalhar em empresas que pensam além do lucro. Não aceita mais a situação de comando e controle, quer ter autonomia e novas propostas no trabalho.

Esse tipo de posicionamento representa uma virada de chave que vai depender da evolução da [consciência da liderança](https://www.revistahsm.com.br/post/seja-um-heroi-cada-vez-mais-humano), ou ela ficará presa a modelos que hoje já não funcionam, e estão sendo questionados. Isso dá trabalho e envolve dedicação, educação, treinamento e, em alguma medida, desconstrução.

## Líderes estagnados

Você conhece a frase que diz: “não deixe a nostalgia te impedir de seguir em frente”? A gente costuma ser tão apegado ao passado e ao que construiu que pode acabar ficando para trás. Isso vale para a empresa como um todo e para o líder de RH, que muitas vezes pensa: “foi sempre assim que conduzi a minha equipe, não vou mudar nem trazer diversidade”.

Para não ficar só no discurso, e citar um exemplo mais próximo da minha realidade, na empresa que trabalho, quase 40% do time são mulheres. Isso faz com que precisemos conversar constantemente com o time masculino, para que o nosso viés sempre esteja mudando e não tenhamos aquele olhar masculino tão arraigado.
Acredito fortemente na ideia da mentoria que cria questionamento e tira o sujeito da zona de conforto. Sempre que necessário, o líder é homem escolhe uma mentora mulher para dar um choque de realidade. Só assim, esse líder conseguirá evoluir, evitando comportamentos machistas, por exemplo.

Essa tomada de consciência torna mais possível a construção de um ambiente acolhedor, menos tóxico e mais estimulante, que gere sentimento de pertencimento.

Se a liderança conseguir fazer as pessoas se sentirem seguras e confortáveis para falar e tomar iniciativas, pode se olhar no espelho e reconhecer um trabalho de valor.

## Adeus ao apego

O grande desafio será construir uma cultura em que as pessoas trabalhem não apenas pelo salário, mas também para evoluir e sair dali melhores do que entraram. E que a empresa beba da fonte de cada colaborador, de modo que o negócio não fique parado no tempo e evolua a partir das pessoas que lá estão.

Daí a importância de praticar o desapego ao passado, que impede de trabalhar no presente para construir o futuro. Deixar o olhar diferente se somar ao seu para criar um olhar mais completo e empático sobre os problemas. É isso que o mundo sobrevive à pandemia mais precisa.

*Gostou do artigo do Fred Alecrim? Saiba mais sobre liderança assinando gratuitamente [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Conheça o conceito de Inteligência Cultural e compreenda os três pilares que vão te ajudar a trazer clareza e compreensão para sua comunicação interpessoal (e talvez internacional)

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
Liderança
Entenda como construir um ambiente organizacional que prioriza segurança psicológica, engajamento e o desenvolvimento genuíno das equipes.

Athila Machado

6 min de leitura
Empreendedorismo
Após a pandemia, a Geração Z que ingressa no mercado de trabalho aderiu ao movimento do "quiet quitting", realizando apenas o mínimo necessário em seus empregos por falta de satisfação. Pesquisa da Mckinsey mostra que 25% da Geração Z se sentiram mais ansiosos no trabalho, quase o dobro das gerações anteriores. Ambientes tóxicos, falta de reconhecimento e não se sentirem valorizados são alguns dos principais motivos.

Samir Iásbeck

4 min de leitura
Empreendedorismo
Otimizar processos para gerar empregos de melhor qualidade e remuneração, desenvolver produtos e serviços acessíveis para a população de baixa renda e investir em tecnologias disruptivas que possibilitem a criação de novos modelos de negócios inclusivos são peças-chave nessa remontagem da sociedade no mundo

Hilton Menezes

4 min de leitura
Finanças
Em um mercado cada vez mais competitivo, a inovação se destaca como fator crucial para o crescimento empresarial. Porém, transformar ideias inovadoras em realidade requer compreender as principais fontes de fomento disponíveis no Brasil, como BNDES, FINEP e Embrapii, além de adotar uma abordagem estratégica na elaboração de projetos robustos.

Eline Casalosa

4 min de leitura