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Gestão de pessoas
25 Julho | 2024
A nova “velha” liderança
5 min de leitura
Gestão de pessoas
4 min de leitura
Maioria no mercado de trabalho, pessoas pretas e pardas têm salários 61,4% mais baixos do que brancas e ainda são poucos os que ocupam espaços de liderança, por isso, medidas de diversidade e inclusão tornam-se urgentes,como iniciativas que promovam a equidade e garantam oportunidades iguais para todos no ambiente de trabalho
Talita Matos
13 de Maio
Maioria no mercado de trabalho, pessoas pretas e pardas têm salários 61,4% mais baixos do que brancas e ainda são poucos os que ocupam espaços de liderança
Pretos e pardos são a maioria das pessoas no mercado de trabalho e, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), representavam a fatia de 54,2% das pessoas empregadas em 2022, enquanto os brancos eram 44,7%.
O dado não surpreende porque, no Brasil, a população negra é maior do que a branca, mas o índice traz preocupação ao olhar para o rendimento. A disparidade salarial entre pessoas negras e brancas é de 32 a 35%, segundo dados do estudo Números da Discriminação Racial: desenvolvimento humano, equidade e políticas públicas, produzido em 2023 por Michael França e Alysson Portela.
A população negra ainda é maioria em cargos operacionais e técnicos, com menores salários, e ainda é pouco o incentivo institucional para que avancem aos cargos de liderança, mais bem remunerados nas empresas.
Se seguirmos o que temos visto nos últimos anos em nosso trabalho de consultoria e especialmente quanto ao números de jovens negros nas universidades publicas onde já são maioria, o número de pessoas negras ocupando posições estratégicas nas instituições será sem dúvida maior em breve.
Assim como chegaram nas universidades públicas, especialmente através das políticas afirmativas, mostrando um potencial e até uma performance maior do que média, as empresas já estão sendo impactadas pelo movimento gerado por mais pessoas negras em seus quadros.
Mas ainda há muito o que fazer para garantir a equidade, especialmente no que se refere a políticas de promoção e renda. Para que a presença de pessoas negras em cargos de liderança seja ampliada, o movimento depende também das empresas, além das instituições públicas de governo e educação.
Algumas marcas estão se movimentando para criar ambientes mais inclusivos e de crescimento dentro das empresas. Programas de mentorias, coaching, projetos de capacitação para novos líderes e construção de Planos de Desenvolvimento Individuais são algumas estratégias possíveis para que os funcionários consigam ampliar suas habilidades de forma que alinhem suas próprias perspectivas aos objetivos da empresa.
Depois de identificar quais as barreiras culturais à inclusão ainda presentes na organização e decidir corrigi-las, os líderes podem optar por diferentes ferramentas. No caso dos programas de mentorias, a ideia é que os líderes, negros ou não negros, sejam preparados para orientar os profissionais em cargos técnicos e operacionais na busca por aperfeiçoamento e especialização na área em que ocupa.
Os programas de desenvolvimento, sempre customizados a depender da necessidade da empresa, trazem insights e discussões que ampliam o autoconhecimento, o senso de coletividade e o desenvolvimento sobre os temas de liderança.
Já os Planos de Desenvolvimento Individual (PDI) são metas criadas por eles, preferencialmente com a orientação dos atuais líderes ou do recursos humanos, que objetivam alavancar a carreira por meio de passos objetivos.
Existem muitas formas de pensar em ampliar a diversidade em cargos de liderança, que consideram tanto o desenvolvimento do profissional, quanto o crescimento da empresa.
Temos visto o sucesso de muitas iniciativas em nossos clientes.
Toda a operação tende a ganhar força quando essas estratégias são construídas com responsabilidade e incentivadas pela organização de forma direta e com ações objetivas. Talentos são mantidos e desenvolvidos neste processo. Essa mudança passa, essencialmente, por ouvir as pessoas pretas e pardas que estão na empresa e acompanhá-las na busca pelo próprio crescimento profissional.
A mobilidade é o movimento que pessoas fazem, sejam famílias ou grupos, num sistema social hierárquico entre diferentes estratos da organização social. É um movimento também financeiro, de passar de uma classe para outra, melhorar a renda e o acesso.
O Brasil ocupa a 60ª posição no ranking do Relatório Global de Mobilidade Social de 2020 do Fórum Econômico Mundial. Com isso, segundo o estudo, uma pessoa de baixa renda demora nove gerações para atingir a renda média da população brasileira. No país, pessoas pretas e pardas estão também entre os mais pobres.
As empresas, ao assumirem um compromisso antirracista, têm potêncial para contribuir com a formação de novas lideranças empresariais negras, melhorar a renda dessa população e impactar assim diretamente o desenvolvimento do país.
Como consequência, a comunicação da empresa com esse grupo da população, que é maioria no Brasil, melhora e amplia as possibilidades de negócio e crescimento. Cada vez mais os consumidores buscam por marcas com objetivos que são alinhados aos seus próprios interesses.
Fundadora da Singuê, Consultoria de diversidade que atende empresas como Itaú BBA, Natura e Gerdau.
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