fb-embed

Estratégia e execução

4 min de leitura

Gamificação nas organizações: ferramenta para o trabalho híbrido

A aplicação da lógica e da mecânica dos jogos no trabalho híbrido aumenta o engajamento dos participantes e ajuda a tornar as atividades mais leves e lúdicas, além de ser uma forma de incentivo para o colaborador ir ao escritório

Mário Verdi

22 de Junho

Compartilhar:
Artigo Gamificação nas organizações: ferramenta para o trabalho híbrido

Desde que o modelo híbrido de trabalho começou a se popularizar em todo o mundo, empresas de diversos portes e segmentos vêm criando mecanismos para promover e organizar a ida dos colaboradores ao escritório. Depois do entendimento de que os próprios espaços físicos das companhias precisavam mudar - afinal, a função do escritório, no modelo híbrido, não é a mesma exercida no modelo presencial -, começa agora a ganhar espaço uma lógica de gamificação, oferecendo vantagens e benefícios atrelados à ida ao escritório. E talvez esteja na hora de lideranças e gestores mais conservadores reverem seus conceitos a respeito da conexão entre games e o mundo corporativo.

Há pelo menos três diferentes formatos de adoção do híbrido: totalmente flexível (em que o colaborador escolhe quando e quantas vezes irá ao escritório), restrito (em que a organização define um mínimo de dias por semana ou por mês que precisam ser trabalhados presencialmente), e planejado (em que a empresa decide em quais dias da semana ou do mês cada colaborador deverá comparecer ao escritório). Ainda durante o processo de abrandamento da pandemia, a maioria das companhias optou pelo modelo flexível; e algo interessante ocorreu: de modo geral, os escritórios permaneciam praticamente vazios nas segundas e sextas-feiras - a maioria das pessoas preferia trabalhar presencialmente nas quartas e quintas, deixando a terça como um dia com média ocupação.

Interessadas em "distribuir" melhor a ocupação em seus prédios e salas, muitas empresas passaram a "premiar" os funcionários que frequentam os escritórios nas segundas e sextas-feiras, por exemplo: com apoio de tecnologias de reserva de mesas e de check-in, as idas ao espaço físico da companhia passaram a valer pontos que podem ser trocados por prêmios - e, claro, os check-ins feitos nos dias de menor ocupação valem mais pontos. Na nossa plataforma, lançamos recentemente o "check-in premiado", em que, a cada mês, um usuário do aplicativo será escolhido para ganhar um presente surpresa ao fazer o check-in em sua mesa ou sala de reunião. A Cielo, nossa cliente, iniciou um teste para pontuação relacionada ao uso do escritório; em que os colaboradores terão acesso a um portal de prêmios que podem ser trocados por pontos acumulados com os check ins realizados.

A lógica é parecida com as dos sistemas de milhas das companhias aéreas; uma forma já tradicional da chamada gamificação: o termo, que vem da palavra inglesa "game" (jogo, na tradução) diz respeito justamente à aplicação da lógica e mecânica dos jogos em tarefas rotineiras; o que aumenta o engajamento dos participantes - e ajuda a tornar determinadas atividades mais leves e lúdicas.

Ainda na nossa plataforma, há outro exemplo de funcionalidade que usa uma abordagem divertida para solucionar uma questão do dia a dia: é o BeeCall, uma espécie de "escritório virtual", comum a todos os colaboradores da empresa, que pode ser acessado de qualquer lugar, incorporando o conceito do anywhere office. Inspirado em duas tecnologias de uso gratuito, o Gather e o Discord, o módulo disponibiliza salas de conexão instantânea a partir da planta virtual do escritório, possibilitando entrar em uma sala de áudio com apenas um clique, e então falar com qualquer um que estiver por lá.

A ideia é reproduzir no ambiente virtual a espontaneidade de simplesmente caminhar até a mesa de um colega para conversar, por exemplo. Um manager que acabou se afastando de seu time em função do sistema híbrido pode, digamos, criar uma rotina de "estar" em uma das salas virtuais durante todo o dia em determinado dia da semana, para conversar com qualquer pessoa da equipe que decidir aparecer por lá. E a parte lúdica se dá nas plantas virtuais, que podem ser personalizadas e estilizadas para reproduzir qualquer ambiente ou "mapa" desejado - assim, uma reunião pode ser realizada no bar temático favorito da equipe, por exemplo; ou então em um cenário de um dos filmes ou livros preferidos dos funcionários.

E por que não? Se hoje algumas lideranças ainda estranham a ideia de juntar jogos e trabalho, basta lembrar que, até 2019, muitas organizações sequer cogitavam a ideia de adotar o modelo híbrido - e, hoje, poucos anos depois, esse sistema de trabalho já está bastante consolidado; com muitos profissionais mantendo seus níveis de produtividade, e se dizendo muito mais satisfeitos do que eram com o modelo exclusivamente presencial.

Por mais que, no Brasil, o trabalho tenha um grande aspecto social (já que ir ao escritório significa ver amigos, almoçar em turma, pegar um happy hour no final do dia), cada vez menos profissionais se sentem confortáveis com a perspectiva de ir ao escritório todos os dias - uma vez que trabalhar de casa também oferece diversas vantagens; incluindo a economia de tempo antes gasto em deslocamentos, e a possibilidade de se dedicar mais à família e aos filhos. Combinar as duas coisas se prova, cada vez mais, ideal.

Empresas que quiserem manter talentos e se preparar para o futuro do mercado corporativo precisam deixar de lado velhos preconceitos e se adaptar às novas dinâmicas. A gamificação aplicada ao trabalho híbrido é mais um exemplo; que, além de tornar a experiência do colaborador mais leve e divertida, usa uma lógica positiva de incentivo: o objetivo não é punir quem não vai ao escritório - e sim recompensar quem vai.

Compartilhar:

Autoria

Mário Verdi

Mário Verdi é CEO da Deskbee, plataforma multifunção de gestão do workplace.

Artigos relacionados

Imagem de capa Desenhe futuros, porque todo amanhã começa hoje

Estratégia e execução

24 Dezembro | 2023

Desenhe futuros, porque todo amanhã começa hoje

O design de futuros é um processo divergente-convergente, com fases exploratórias e decisórias; oito orientações ajudam a construir caminhos de futuro no curto, médio e longo prazo

Gustavo Donato

6 min de leitura

Imagem de capa OKRs e KPIs como potencial estratégico: diferenças e aplicações

Estratégia e execução

29 Novembro | 2023

OKRs e KPIs como potencial estratégico: diferenças e aplicações

As metodologias OKRs e KPIs são valiosas e podem ter aplicações complementares na gestão e avaliação do desempenho organizacional. Se usadas combinadas no planejamento estratégico, podem auxiliar na identificação de problemas e oportunidades e na melhoria contínua dos negócios

Italo Nogueira De Moro

4 min de leitura

Imagem de capa Vantagens do uso da vaquinha online para validação de ideias de negócio

Estratégia e execução

18 Agosto | 2023

Vantagens do uso da vaquinha online para validação de ideias de negócio

Ferramenta estratégica pode ser explorada em benefício da empresa, sendo uma forma de sair na frente da concorrência e de manter a organização por dentro das mudanças e movimentações do mercado

Candice Pascoal

2 min de leitura

Imagem de capa Cinco medidas para otimizar o tempo na gestão de uma grande rede de negócios

Estratégia e execução

17 Agosto | 2023

Cinco medidas para otimizar o tempo na gestão de uma grande rede de negócios

Para garantir o desenvolvimento da empresa no longo prazo, algumas práticas podem otimizar processos dos mais rotineiros aos mais estratégicos, economizar tempo e recursos, além de permitir que os times se concentrem em atividades e planejamentos mais técnicos

Marcos Salles

4 min de leitura

Imagem de capa Quatro indicadores para aplicar a health score a uma rede de franquias

Estratégia e execução

30 Junho | 2023

Quatro indicadores para aplicar a health score a uma rede de franquias

Por meio dessa métrica de “pontuação de saúde”, é possível analisar a satisfação de cada franqueado em fazer parte da rede - e, assim, elencar pontos de melhoria que contribuam para a tomada de decisões mais estratégicas

Guilherme Reitz

4 min de leitura

Imagem de capa Gamificação nas organizações: ferramenta para o trabalho híbrido

Estratégia e execução

22 Junho | 2023

Gamificação nas organizações: ferramenta para o trabalho híbrido

A aplicação da lógica e da mecânica dos jogos no trabalho híbrido aumenta o engajamento dos participantes e ajuda a tornar as atividades mais leves e lúdicas, além de ser uma forma de incentivo para o colaborador ir ao escritório

Mário Verdi

4 min de leitura