Minha mãe pintava telas e desenhava. Com muitos lápis e tubos de tintas de várias cores, ela ia fazendo traços até que ganhassem vida. Depois de prontas, eu olhava admirada as imagens surgidas nas telas ou na primeira página dos nossos cadernos.
Quando eu perguntava a ela como aquelas imagens aconteciam, ela dizia que fazia escolhas. Só mais tarde eu entendi que os traços e as linhas de um desenho ou de uma tela são como as escolhas para a nossa vida. O que dá vida à nossa existência é o conjunto de grandes e pequenas decisões que escolhemos tomar para construir nossa história pessoal.
Escolhas são um privilégio natural do ser humano. Nós sempre teremos escolhas a fazer diante das situações que se apresentam. Acontece que algumas trazem consequências com as quais nem sempre queremos conviver.
O grande impasse é que toda escolha é uma perda. E isso, por si só, pode acarretar conflitos, dúvidas, medo, indecisão.
No mundo V.U.C.A. (volátil, incerto, complexo e ambíguo, na sigla em inglês) em que vivemos, fazer escolhas adequadas se torna cada dia mais determinante e fundamental para alcançar metas e propósitos, sejam profissionais ou não. Assim como em um caminho desconhecido, seguir em frente, virar à direita ou à esquerda pode nos levar a lugares indesejados.
Dada a importância central das escolhas para nossa vida, não seria óbvio que nós tivéssemos todo cuidado com elas? Não seria importante aprimorar o processo de escolher a fim de produzir os melhores efeitos possíveis a cada escolha?
Toda escolha pressupõe um certo grau de risco e um certo grau de incerteza. Por isso, a emoção presente no ato de escolher é o medo. Um pouco mais ou um pouco menos, dependendo da situação, mas sempre enfrentaremos medos potenciais em qualquer escolha que fizermos.
O autoconhecimento e a ampliação da consciência são requisitos fundamentais para escolhas mais consistentes e, possivelmente, mais efetivas. Aprender sobre si mesmo é tão ou mais importante do que aprender sobre o contexto em que você atua.
Somos seres V.U.C.A. também! E precisamos compreender nossas incertezas, complexidades e ambiguidades para então encontrar os caminhos que nos levem ao propósito que fará de cada um de nós o melhor que podemos ser.
É de um autor anônimo a afirmativa: “No seu último dia na Terra, a pessoa que você se tornou vai encontrar a pessoa que você poderia ter se tornado”.
Independentemente de quem você vai encontrar, você será o produto de suas escolhas.