Ao longo da sua experiência como executivo, você já deve ter ouvido falar sobre histórias de CEOs que exigiam que o uso do elevador fosse exclusivo para que eles ou elas subissem diretamente para o andar da sua sala e assim, não tivessem que interagir com ninguém. Aqueles que trabalham dia, noite, finais de semana e querem controlar e tomar todas as decisões. Resultado: seus melhores colaboradores decidem seguir por outro caminho, pois se sentem desempoderados. E estes líderes acabam ficando com mais pessoas que não estão prontas (ou dispostas) a desafiá-los. Ao tentarem ser grandiosos, acabam tomando decisões prejudiciais a eles mesmos, suas equipes e à organização.
O ego molda nossa identidade desde a infância, evoluindo conforme navegamos por sucessos, fracassos e relacionamentos. A psicologia mostra que o ego geralmente se constrói de experiências iniciais da vida, criando uma estrutura para como vemos a nós mesmos e aos outros. E nosso ego é como um alvo: quanto maior, mais vulnerável se torna.
Ou seja: um ego inflado facilita que outros tirem proveito de nós, pois, ao buscar validação, ficamos suscetíveis à manipulação. De um alvo, ele se converte então em um mecanismo de defesa, já que abandoná-lo pode parecer perder o controle ou admitir vulnerabilidade, e ele se torna uma barreira, bloqueando o crescimento pessoal e a capacidade de liderar efetivamente.
Talvez você tenha assistido ao documentário “A Noite que Mudou o Pop”. Ele ilustra perfeitamente como pessoas públicas, grandes estrelas da música e líderes corporativos compartilham o mesmo palco. Quincy Jones teve uma ideia simples, mas muito importante: pediu para pendurar uma placa na entrada do estúdio que dizia “Deixe o ego aqui na entrada”. E parece que funcionou! Ao longo da filmagem, todos os envolvidos pareciam estar bem despidos do seu senso de superioridade habitual, a ponto de ficarem tímidos, “como se fosse o primeiro dia do jardim de infância”, de acordo com Lionel Richie. Muitos deles se conheceram lá e até deram autógrafos uns aos outros. Um grande exemplo de humildade e colaboração desinteressada pessoalmente, mas movida coletivamente pelo mesmo propósito.
Equipes de alto desempenho prosperam quando os líderes gerenciam seus egos, focando em estilos de gestão integrativos que fomentam colaboração e confiança. Sistemas de recompensa que priorizam o esforço da equipe em vez de elogios individuais impulsionam o sucesso sustentável. Gestores que mudam do controle para o empoderamento desbloqueiam a inteligência coletiva de suas equipes, criando um ambiente de aprendizado e inovação contínuos.
Em seu livro, “Potencial Oculto”, Adam Grant traz uma visão única: no basquete, quando o jogador estrela é afastado, o time geralmente tem um desempenho melhor coletivamente. Por quê? Porque a ausência de ego permite que outros se apresentem e cresçam, revelando um potencial inexplorado. Assim como um técnico precisa lidar com atletas lesionados, a falta de uma estrela não deve ser vista como uma perda, mas como uma chance de explorar novas estratégias e habilidades, reforçando a resiliência e adaptabilidade da sua equipe.
Esse fenômeno não é apenas relevante na música ou no esporte, mas também em qualquer organização que busca melhores resultados em equipes de alta performance. Quando os grandes nomes estão fora de cena, é possível perceber o potencial escondido que reside nas camadas mais profundas do time. “Sem os craques, os times precisavam voltar à estaca zero e buscar novos caminhos para o sucesso. Eles trocavam os jogadores de posição para permitir que todos brilhassem e bolavam novas jogadas para valorizar os pontos fortes de cada um.”, segundo Grant.
O que aprendemos com isso? A chave para líderes e gestores é criar um ambiente que incentive o crescimento contínuo e o desenvolvimento do talento em todos os níveis. Quando todos se sentirem valorizados e apoiados para assumir riscos e inovar, sem depender exclusivamente de figuras de destaque, o grupo desenvolverá a capacidade de se unir, crescer e enfrentar desafios coletivamente!