Liderança
3 min de leitura

Quando a estrela sai, o time brilha?

E se o verdadeiro poder da sua equipe só aparecer quando o líder estiver fora do jogo?
Consultora e mentora em Inovação, Growth e Culture Hacking. Fundadora da Ambidestra. Especialista em Transformação Digital, Estratégia de Negócios e Marketing. Fundadora da Zero Gravity Thinking.

Compartilhar:

Ao longo da sua experiência como executivo, você já deve ter ouvido falar sobre histórias de CEOs que exigiam que o uso do elevador fosse exclusivo para que eles ou elas subissem diretamente para o andar da sua sala e assim, não tivessem que interagir com ninguém. Aqueles que trabalham dia, noite, finais de semana e querem controlar e tomar todas as decisões. Resultado: seus melhores colaboradores decidem seguir por outro caminho, pois se sentem desempoderados. E estes líderes acabam ficando com mais pessoas que não estão prontas (ou dispostas) a desafiá-los. Ao tentarem ser grandiosos, acabam tomando decisões prejudiciais a eles mesmos, suas equipes e à organização.

O ego molda nossa identidade desde a infância, evoluindo conforme navegamos por sucessos, fracassos e relacionamentos. A psicologia mostra que o ego geralmente se constrói de experiências iniciais da vida, criando uma estrutura para como vemos a nós mesmos e aos outros. E nosso ego é como um alvo: quanto maior, mais vulnerável se torna.

Ou seja: um ego inflado facilita que outros tirem proveito de nós, pois, ao buscar validação, ficamos suscetíveis à manipulação. De um alvo, ele se converte então em um mecanismo de defesa, já que abandoná-lo pode parecer perder o controle ou admitir vulnerabilidade, e ele se torna uma barreira, bloqueando o crescimento pessoal e a capacidade de liderar efetivamente.

Talvez você tenha assistido ao documentário “A Noite que Mudou o Pop”. Ele ilustra perfeitamente como pessoas públicas, grandes estrelas da música e líderes corporativos compartilham o mesmo palco. Quincy Jones teve uma ideia simples, mas muito importante: pediu para pendurar uma placa na entrada do estúdio que dizia “Deixe o ego aqui na entrada”. E parece que funcionou! Ao longo da filmagem, todos os envolvidos pareciam estar bem despidos do seu senso de superioridade habitual, a ponto de ficarem tímidos, “como se fosse o primeiro dia do jardim de infância”, de acordo com Lionel Richie. Muitos deles se conheceram lá e até deram autógrafos uns aos outros. Um grande exemplo de humildade e colaboração desinteressada pessoalmente, mas movida coletivamente pelo mesmo propósito.

Equipes de alto desempenho prosperam quando os líderes gerenciam seus egos, focando em estilos de gestão integrativos que fomentam colaboração e confiança. Sistemas de recompensa que priorizam o esforço da equipe em vez de elogios individuais impulsionam o sucesso sustentável. Gestores que mudam do controle para o empoderamento desbloqueiam a inteligência coletiva de suas equipes, criando um ambiente de aprendizado e inovação contínuos.

Em seu livro, “Potencial Oculto”, Adam Grant traz uma visão única: no basquete, quando o jogador estrela é afastado, o time geralmente tem um desempenho melhor coletivamente. Por quê? Porque a ausência de ego permite que outros se apresentem e cresçam, revelando um potencial inexplorado. Assim como um técnico precisa lidar com atletas lesionados, a falta de uma estrela não deve ser vista como uma perda, mas como uma chance de explorar novas estratégias e habilidades, reforçando a resiliência e adaptabilidade da sua equipe.

Esse fenômeno não é apenas relevante na música ou no esporte, mas também em qualquer organização que busca melhores resultados em equipes de alta performance. Quando os grandes nomes estão fora de cena, é possível perceber o potencial escondido que reside nas camadas mais profundas do time. “Sem os craques, os times precisavam voltar à estaca zero e buscar novos caminhos para o sucesso. Eles trocavam os jogadores de posição para permitir que todos brilhassem e bolavam novas jogadas para valorizar os pontos fortes de cada um.”, segundo Grant.

O que aprendemos com isso? A chave para líderes e gestores é criar um ambiente que incentive o crescimento contínuo e o desenvolvimento do talento em todos os níveis. Quando todos se sentirem valorizados e apoiados para assumir riscos e inovar, sem depender exclusivamente de figuras de destaque, o grupo desenvolverá a capacidade de se unir, crescer e enfrentar desafios coletivamente!

Compartilhar:

Consultora e mentora em Inovação, Growth e Culture Hacking. Fundadora da Ambidestra. Especialista em Transformação Digital, Estratégia de Negócios e Marketing. Fundadora da Zero Gravity Thinking.

Artigos relacionados

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Tecnologias exponenciais
Em meio aos mitos sobre IA no RH, empresas que proíbem seu uso enfrentam um paradoxo: funcionários já utilizam ferramentas como ChatGPT por conta própria. Casos práticos mostram que, quando bem implementada, a tecnologia revoluciona desde o onboarding até a gestão de performance.

Harold Schultz

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Diferente da avaliação anual tradicional, o modelo de feedback contínuo permite um fluxo constante de comunicação entre líderes e colaboradores, fortalecendo o aprendizado, o alinhamento de metas e a resposta rápida a mudanças.

Maria Augusta Orofino

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A Inteligência Artificial, impulsionada pelo uso massivo e acessível, avança exponencialmente, destacando-se como uma ferramenta inclusiva e transformadora para o futuro da gestão de pessoas e dos negócios

Marcelo Nóbrega

4 min de leitura
Liderança
Ao promover autonomia e resultados, líderes se fortalecem, reduzindo estresse e superando o paternalismo para desenvolver equipes mais alinhadas, realizadas e eficazes.

Rubens Pimentel

3 min de leitura
Empreendedorismo, Diversidade, Uncategorized
A entrega do Communiqué pelo W20 destaca o compromisso global com a igualdade de gênero, enfatizando a valorização e o fortalecimento da Economia do Cuidado para promover uma sociedade mais justa e produtiva para as mulheres em todo o mundo

Ana Fontes

3 min de leitura
Diversidade
No ambiente corporativo atual, integrar diferentes gerações dentro de uma organização pode ser o diferencial estratégico que define o sucesso. A diversidade de experiências, perspectivas e habilidades entre gerações não apenas enriquece a cultura organizacional, mas também impulsiona inovação e crescimento sustentável.

Marcelo Murilo

21 min de leitura
Finanças
Casos de fraude contábil na Enron e Americanas S.A. revelam falhas em governança corporativa e controles internos, destacando a importância de transparência e auditorias eficazes para a integridade empresarial

Marco Milani

3 min de leitura
Liderança
Valorizar o bem-estar e a saúde emocional dos colaboradores é essencial para um ambiente de trabalho saudável e para impulsionar resultados sólidos, com lideranças empáticas e conectadas sendo fundamentais para o crescimento sustentável das empresas.

Ana Letícia Caressato

6 min de leitura
Empreendedorismo
A agência dos agentes em sistemas complexos atua como força motriz na transformação organizacional, conectando indivíduos, tecnologias e ambientes em arranjos dinâmicos que moldam as interações sociais e catalisam mudanças de forma inovadora e colaborativa.

Manoel Pimentel

3 min de leitura
Liderança
Ascender ao C-level exige mais que habilidades técnicas: é preciso visão estratégica, resiliência, uma rede de relacionamentos sólida e comunicação eficaz para inspirar equipes e enfrentar os desafios de liderança com sucesso.

Claudia Elisa Soares

6 min de leitura