Uncategorized

Redes sociais a favor da inovação

As empresas podem usar a mídia social para reduzir a incerteza dos consumidores quanto a seus lançamentos se souberem escolher o tipo certo de post e o melhor fluxo de mensagens; é o que mostra pesquisa qualitativa feita no Twitter, mas com conclusões aplicáveis a múltiplas redes
Eileen Fischer é professora de empreendedorismo e marketing da Schulich School of Business, do Canadá, e Rebecca Reuber é professora de gestão estratégica da Rotman School of Management, do mesmo país.

Compartilhar:

> Vale a leitura porque…
>
> … os gestores vivem se queixando de estratégias de redes sociais que não dão o resultado esperado. … esta pesquisa mostra a estratégia que funciona melhor para inovações. … o estudo focou o Twitter, mas os resultados podem ser estendidos a outras redes sociais. E, embora seja menos forte do que o Facebook no Brasil, o microblog é usado por 11% dos 96 milhões de brasileiros com contas ativas em redes sociais, segundo o  relatório Digital, Social e Mobile 2015 (ante 25% do FB).

Um desafio fundamental que as empresas enfrentam quando inovam é o de reduzir a incerteza de seu público sobre a qualidade do novo produto ou serviço. Muitos estudos se debruçam sobre o tipo de comunicação mais adequado para atingir esse objetivo, mas faltam insights sobre o impacto potencial que as mensagens enviadas pelas mídias sociais têm sobre isso. 

Com foco em uma mídia social específica, o Twitter, nós investigamos quais abordagens geram, na audiência, respostas que reforçam a qualidade de uma inovação, contribuindo para causar percepções positivas nos consumidores e outros stakeholders e auxiliando, assim, o crescimento da empresa.

Abordamos uma amostra de oito empresas empreendedoras, apresentadas por pseudônimos, que identificamos por meio de um mix de contatos pessoais e da “técnica bola de neve”, pela qual um entrevistado indica outros. 

Todas são business-to-business, participantes de setores variados, como venture capital, contabilidade, relações públicas e software, e com idade de 1 a 15 anos. Os níveis de digitalização de seus produtos ou serviços são desiguais – vão de baixo a alto –, mas todas usam o Twitter e algumas também recorrem a blogs, YouTube, LinkedIn e Flickr. A fim de conferir o que funciona melhor para a inovação, nós categorizamos as empresas pesquisadas por seu conteúdo e seus fluxos comunicativos.

**CONTEÚDO**

Padrões que se repetiram fizeram surgir três categorias temáticas de conteúdo: qualidade, orientação ao relacionamento e singularidade.

**1. QUALIDADE**

Bem relevantes para ajudar a reduzir a incerteza relativa à qualidade percebida pelo público, três códigos de conteúdo mostraram-se capazes de transmitir a percepção de qualidade:

**Sobre a reputação da empresa**

São os posts que apresentam conquistas ou reconhecimentos da companhia. Por exemplo, a empresa que apelidamos de AppwareCo divulgou o fato de ter sido ranqueada como “promissora” por um site que cobre o setor em que ela compete. A GiftwareCo, por sua vez, observou: “Uau – GiftwareCo apareceu no Globe & Mail’s Report on Business: http://bit.ly”. Pesquisas têm comprovado que esse tipo de reconhecimento reduz a incerteza em relação à qualidade e pode tornar as empresas mais atraentes para públicos como investidores, clientes, fornecedores e funcionários. 

**Sobre a expertise da gestão**

Alguns posts sugerem que os gestores de uma organização ou sua equipe têm as competências necessárias para aquele negócio, o que funciona especialmente bem. A VenCapCo, por exemplo, postou: “VenCapCo – Blog: A crise do crédito está acabando? A crise do crédito está começando a se dissipar: http://bit.ly”. 

 Esse é um típico post que sinaliza expertise e remete ao blog da empresa, no qual uma análise completa do tópico é oferecida por um gestor seu. Posts de reputação também costumam sinalizar áreas de expertise. Por exemplo, a AppwareCo mencionou a expertise de seu fundador no comércio mobile e a reputação crescente da empresa entre jornalistas de negócios neste post: “Confira entrevista do CEO da @AppwareCo: http://bit.ly”.

**Sobre o valor do produto ou serviço** 

Esses são os posts que anunciam um novo serviço ou produto com valor agregado ou destacam o valor de um produto ou serviço existente. Por exemplo, a BookkeepCo frequentemente anunciava melhorias em suas ofertas pelo Twitter, como neste post: “Mas espere… tem mais! BookkeepCo agora atende clientes internacionais: http://bit.ly”. 

A WebsiteCo também fez esse tipo de post toda vez que deu pistas do valor de seu trabalho de design, retuitando elogios recebidos dos clientes: “RT@Client: Seu belo design do site #Client foi apontado nesta lista: http://bit.ly. @ WebsiteCo. Demais!”. Coletivamente, esses posts passam a ideia de que a empresa e suas ofertas são de boa qualidade e que a organização tem uma equipe qualificada.

**2. ORIENTAÇÃO AO RELACIONAMENTO**

Alguns conteúdos transmitem uma orientação calorosa em relação à audiência. Nós associamos dois códigos de conteúdo a esse tema:

**Reconhecimento dos stakeholders**

Esses são os posts que atraem a atenção do público para novas iniciativas de alguém ligado à companhia. Por exemplo, a ConnectorCo reconheceu a obtenção de financiamento por uma empresa de sua rede: “Parabéns à ConnectorCo como parceira da EnergySavvy! RT@TechCrunch EnergySavvy levanta $315K para o site Home Energy Smarts: http://tcrn.ch”. 

Em outros casos, esse tipo de reconhecimento simplesmente destacou as atividades dos stakeholders da empresa. A GiftwareCo, por exemplo, citou as práticas de contratação de uma empresa que integra uma rede profissional à qual seu fundador pertence, tuitando: “Ótimo post sobre melhores práticas de contratação da @parceldesign no blog: http://bit.ly”. 

O reconhecimento dos stakeholders também pode assumir a forma de agradecimento. A WebsiteCo agradeceu a um cliente que incluiu a empresa em uma lista de startups dignas de apoio: “@erin_bury: Obrigado por incluir #WebsiteCo em seu slide #can30 de startups canadenses para apoiar”.

**Oportunidades de interação direta**

Algumas empresas usam o Twitter para promover oportunidades de interação direta. A BookkeepCo, por exemplo, convidou pessoas para um evento local do qual sua equipe estava participando neste post: “Nós, da BookkeepCo, achamos que esse evento vai bombar: http:// ow.ly. Em Toronto, na próxima terça. Venha!”. A ConnectorCo também usou o Twitter para atrair público para seus eventos mensais Connect Ups: “Precisa dar um jeito em sua startup? Vá esta noite ao #ConnectUp & fale com startups locais. 

 @Damn Heels. @WeGoWeGo. @End loopStudios”. Independentemente de as pessoas comparecerem aos eventos, esses posts dizem que a empresa se relaciona bem com o público externo.

> **SAIBA MAIS SOBRE O ESTUDO**
>
>
>
> Por que, entre todas as redes sociais, as pesquisadoras de escolas de negócios canadenses focaram o Twitter? Elas apontam dois motivos. O primeiro é quererem compreender o impacto de uma comunicação em mídias sociais que fosse radicalmente diferente de outros tipos de comunicação, e o Twitter representa um “caso extremo”, já que exige conteúdo de 140 caracteres de texto e é baseado principalmente em narrativas formais (texto) e não em ações simbólicas (imagens). 
>
> O segundo motivo é que um número crescente de empreendedores está usando o Twitter para se comunicar com seus públicos nos Estados Unidos – mais de 50% das empresas do ranking de empreendedores Inc. 100 dos EUA usam a rede social e algumas pesquisas indicam que esse percentual chega a 72%. (No Twitter brasileiro, o recente lançamento do self-service de anúncios para pequenos e médios empreendedores aponta a existência de um potencial similar.)

**3. SINGULARIDADE**

A terceira categoria de conteúdo que favorece a reputação de uma inovação diz respeito ao que diferencia a empresa da concorrência. Três tipos de conteúdo podem transmitir singularidade, pelo que vimos:

**Atributos únicos**

Esses posts indicam o que há de único em uma oferta. Por exemplo, a BookkeepCo mostrou que dava atenção individualizada aos clientes tuitan do: “Quando foi a última vez que você fez algo surpreendente para um cliente ou amigo? O mundo precisa mais disso: http://ow.ly”. O link é para o post de um blog sobre um ato gentil de um amigo para outro.

**Valor**

Tais posts contribuem para criar uma percepção de singularidade da empresa ao refletir seus valores. Por exemplo, a PublicityCo tuitou muitas vezes sobre as causas humanitárias que apoia. 

**Indicadores culturais**

Expor a cultura interna da empresa também funciona nas mídias sociais, retratando seu lado leve, como no seguinte post da BookkeepCo: “@ashok, um de nossos colaboradores, é um homem de muitos talentos. 

Apresentando ‘Beer’O’Clock com Ashok’: http://bit.ly”. Em outros casos, os posts podem passar a sensação de que os funcionários são unidos. Durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2010, um membro da equipe da PublicityCo carregou a tocha por um trecho do percurso oficial, e a empresa fez uma série de posts a respeito.

> **FAÇA A LIÇÃO DE CASA**
>
> Enviar a mensagem que gera maior impacto é muito importante, mas é preciso que as empresas tenham cumprido uma etapa anterior: muitas abrem contas corporativas em redes como Facebook, Instagram, LinkedIn e Twitter e as abandonam, esquecendo que a atualização e a geração de conteúdo devem ser frequentes para manter os clientes informados de tudo o que acontece.  Várias organizações ainda criam conteúdos desinteressantes para o leitor. Na internet em geral, há muitos passos básicos que empresas não tomam e que poderiam aumentar significativamente sua exposição. Melhore o posicionamento de sua empresa na web com medidas simples:
>
> **1. Destacar-se nos resultados de  busca.** Use mais aquelas palavras que todos procuram, especialmente seu público-alvo.   O Google disponibiliza  as palavras-chave mais e menos procuradas de cada assunto. 
>
> **2. Fazer títulos ligados às palavras-chave. ** Outra forma de melhorar o posicionamento no Google é construir os títulos com base nas  palavras-chave estudadas. Títulos concisos, com no máximo 65 caracteres, são mais facilmente identificados. 
>
> **3. Usar domínio e metadescrição.** Obter domínios com as palavras-chave é importante.  Você deve alterar seu endereço colocando com clareza as atividades da empresa no URL, o que vai facilitar a busca orgânica. 
>
> **4. Colocar links em páginas similares.** Se tiver links em páginas que possuem conteúdos relacionados com o seu, o visitante passará mais tempo em sua página, o que a fará aparecer mais nas buscas, pelo método SEO. 
>
> **5. Usar imagens.** Poucas pessoas entendem que boas imagens podem ser uma ótima técnica de SEO, mas é preciso incluir as palavras-chave nas legendas e nos nomes de arquivos das imagens usadas.
>
> por JULIA SOUSA
>
> diretora de desenvolvimento de negócios na América Latina da Status Labs, empresa global sediada em Nova York, especializada em gerenciamento de reputação online e marketing digital.

Um de nossos principais achados foi que a emoção, em posts, contribui para uma percepção geral positiva da empresa. Em alguns casos, os posts transmitem afeto pela escolha das palavras, como certos adjetivos. Por exemplo, a GiftwareCo tuitou sobre uma nova ferramenta do Google útil para usuários do Twitter: “É boa demais –  Google Follow Finder para Twitter: http://followfinder.googlelabs.com. Via @ev, @ebloch”. A pontuação (especialmente pontos de exclamação) e os emoticons também ajudam a transmitir emoção positiva. 

**FLUXOS COMUNICATIVOS**

Comparamos os posts das oito empresas em relação a três aspectos:

1. em que medida o conteúdo de seus posts refletiu os três temas com os quais as identificamos; 

2. em que medida transmitiram afeto positivo; e 

3. o volume de posts enviados.

Na análise, emergiram quatro tipos de fluxos comunicativos, nem sempre transmitidos de maneira consciente pela empresa:

**Fluxo esparso**

É caracterizado por um volume de posts muito baixo quando comparado ao de outras organizações. É o caso da VideoCo: apesar das intenções declaradas pelo proprietário de usar o Twitter para ajudar seu negócio a crescer, a empresa fez só um post em que mencionava seu nome ao longo dos cinco meses analisados, tendo  poucas oportunidades de destacar qualidade, capacidade relacional ou diferencial. 

**Fluxo focado na singularidade**

Os posts com conteúdo que sinaliza singularidade são em número desproporcionalmente elevado em relação às outras duas categorias. As empresas com esse tipo de fluxo tendem também a ter alta proporção de posts voltados para a emoção positiva. 

**Fluxo focado na qualidade**

Nesse caso, o número de posts com conteúdo sobre a qualidade do produto ou serviço é mais alto que o daqueles relativos a orientação ao relacionamento ou singularidade. Em nossa amostra, as empresas que apresentaram esse tipo de fluxo também fizeram poucos posts. 

**Fluxo multidimensional**

É caracterizado por uma alta proporção de posts sinalizando qualidade, orientação ao relacionamento e singularidade e uma proporção relativamente alta transmitindo emoção positiva. Em nossa amostra, as empresas que apresentaram esse tipo de fluxo também fizeram um elevado volume de posts. 

**O QUE É MELHOR?**

Nossos resultados sugerem que o público realmente reage de maneira distinta a diferentes tipos de abordagens de mídias sociais para a inovação. 

Organizações com um fluxo comunicativo multidimensional atraem os níveis mais altos de respostas dos consumidores atestando sua qualidade. Já os fluxos focados na qualidade e na singularidade não obtêm muitos testemunhos de consumidores sobre a qualidade da inovação. Vale notar ainda que um alto volume de posts mostra-se importante na estratégia de mídia social para uma inovação.

> **Você aplica quando…**
>
> … faz um diagnóstico de como são seus posts hoje em relação a categorias de conteúdo e a fluxos comunicativos. … privilegia fluxos comunicativos que combinem três tipos de conteúdo – sobre qualidade, orientado ao relacionamento  e que mostra singularidade. … providencia para que o volume de posts seja alto e a  postagem, frequente.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Transformação Digital
A complexidade nas organizações está aumentando cada vez mais e integrar diferentes sistemas se torna uma das principais dores para as grandes empresas.

Paulo Veloso

0 min de leitura
ESG, Liderança
Tati Carrelli
3 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança, Times e Cultura
Como o ferramental dessa ciência se bem aplicado e conectado em momentos decisivos de projetos transforma o resultado de jornadas do consumidor e clientes, passando por lançamento de produtos ou até de calibragem de público-alvo.

Carol Zatorre

0 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e Execução, Liderança, Times e Cultura, Saúde Mental

Carine Roos

5 min de leitura
Liderança, Times e Cultura
Comunicação com empatia, gestão emocional e de conflitos e liderança regenerativa estão entre as 10 principais habilidades para o profissional do futuro.

Flávia Lippi

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança, Times e Cultura
É preciso eliminar a distância entre o que os colaboradores querem e o que vivenciam na empresa.

Ana Flavia Martins

4 min de leitura