Uncategorized

Sua empresa vai morrer em dez ano

O único modo de evitar isso é vacinar-se contra a cegueira seletiva, tomando pelo menos três medidas
é fundador e ex-CEO da Easy Taxi, presente em 420 cidades de 35 países. Foi eleito pela revista Forbes como um dos 30 jovens mais transformadores do Brasil e pelo MIT como o jovem mais inovador do País.

Compartilhar:

Se 89% das empresas da Fortune 500 de 1955 não estavam mais na lista em 2014 e se a idade média de um diferencial competitivo caiu de 30 anos em 1984 para cinco em 2014, é boa a chance de sua companhia morrer em dez anos, concorda? Como? A cultura corporativista gera a doença da cegueira seletiva, em que os executivos escolhem enxergar apenas aquilo que lhes convém, engavetando qualquer projeto que possa mudar completamente a forma de operar da empresa. 

Sabe aquele projeto que você tentou aprovar em vão? Morreu de cegueira seletiva. Sem essa doença, grandes redes de pizzaria locais poderiam ter antevisto o fenômeno da adoção mobile antes que o iFood o fizesse, grandes cooperativas de táxi poderiam ter criado seu app antes que eu fundasse o Easy Taxi em 2011 (ofereci a elas a possibilidade, inclusive), a Net poderia ter criado seu serviço de streaming antes de o Netflix chegar. 

Hoje em dia, temos 2 bilhões de devices conectados à internet e, em 35 anos, esse número será de 1 trilhão. É um mundo de oportunidades a serem aproveitadas e sua companhia tem duas opções: vacinar-se contra a cegueira seletiva ou ser atropelada pelos novos entrantes e morrer. Como vacinar-se contra a cegueira seletiva no ambiente corporativo? Há muito que fazer, mas sugiro três pontos práticos:

**I. Faça um hackaton por semestre.** Hackatons são maratonas de desenvolvimento, geralmente adotadas para softwares, mas que podem facilmente ser adaptadas para processos, produtos, qualquer coisa. Recomendo dois hackatons por ano para sua empresa e que cada projeto vencedor seja executado religiosamente; sem dúvida, será seu melhor investimento em pesquisa e desenvolvimento. Ao fazer hackatons, não cometa o erro de não executar os projetos vencedores, como tantas companhias cometem. Além de desperdiçar tempo e dinheiro com o evento, você frustra o time e poda a inovação na raiz.

**II. Democratize a opinião.** Não faz sentido contratar pessoas inteligentes e bem formadas para que a palavra final seja do chefe. É importante adotar a cultura da argumentação; se o estagiário tem um ponto, permite que ele o explane – caso não concorde, prove a inviabilidade do ponto. Assim, incentivam-se os colaboradores a contribuir para a companhia e começa-se a construir o sentimento mais importante na vida de uma empresa: o “sentimento de dono”. 

**III. Sente-se no call center ao menos um dia por mês.** Todo gestor, do CEO ao gerente, deveria ser obrigado a fazer isso. É lá – e não na planilha de Excel – que você encontra as respostas para o próximo grande lançamento da empresa ou para a adaptação do produto que lhe fará ganhar market share. 

Lembre-se: seu dever como líder é construir a companhia que destruirá a sua em alguns anos. A verdade é perecível; hoje, tem o mesmo prazo de validade de um cubo de gelo no deserto.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Alinhando estratégia, cultura organizacional e gestão da demanda, a indústria farmacêutica pode superar desafios macroeconômicos e garantir crescimento sustentável.

Ricardo Borgatti

5 min de leitura
Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura