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“Temos de explorar para não expirar”

Um olhar diferenciado sobre o evento SXSW, que vem se tornando cada vez mais popular entre brasileiros
é publicitário e sócio-diretor de marketing e novos negócios do portal de conteúdo e curadoria Update or Die. Gerencia projetos de cobertura de eventos como o SXSW, o Festival de Criatividade em Cannes e a San Diego Comic-Con. É músico, baixista da banda Kisser Clan.

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Quem disse a frase-título foi Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, durante um dos keynotes deste ano no SXSW, um dos maiores festivais de criatividade e inovação do mundo. O evento, que nasceu há 31 anos, em Austin, Texas, mantém muito bem sua essência: diversas tribos (cada vez mais brasileiros, inclusive) interagindo e discutindo os principais avanços e tendências de tecnologia, comportamento, comunicação, música e cinema. 

Ouvir, em 2017, esse “exploração ou morte” de um astronauta veterano que esteve no espaço calou fundo para mim. É o chamado da hora: atuar como um laboratório para entender o fluxo (exponencial) das mudanças, como ele altera os comportamentos e atinge o mercado. Trata- -se de aprender a sentir cada mudança na pele, não importa se é do analógico para o digital, deste para o analógico, do físico para o espiritual, de um valor para outro, de uma tendência para o inevitável. É à medida que convivemos com essas mudanças que aprendemos a fazer nossas escolhas. 

A mensagem de Aldrin neste ano precisa ser realmente levada a sério, até porque, em sua história, o SXSW já provou ser fonte antecipada de aprendizados obrigatórios. 

Em Austin, aprendemos, talvez da pior maneira possível, o que é FOMO (fear of missing out, o medo de perder algo), causado pela infinidade de conteúdo disponível. 

Ali nasceram as discussões sobre diversidade, o Twitter e as conversas sobre influenciadores digitais. Foi lá que vimos o storytelling ganhar tração, bem como a identificação da pós-verdade, os novos passos da realidade aumentada e da realidade virtual (na saúde, na arte e no entretenimento em geral), a computação cognitiva e a cada vez mais assustadora e impressionante inteligência artificial. 

Foi no SXSW, igualmente, que as empresas começaram a entender a importância dos caldeirões comportamentais. 

Lá ouvimos e vimos nascerem os Hanson, Jack White, o estrondoso sucesso de Johnny Cash, Lady Gaga, Franz Ferdinand, Amy Winehouse, Gary Clark Jr. e Beyoncé, entre tantos outros. Nos corredores daquele centro de convenções (e da cidade de Austin), a palavra “networking” evoluiu para “amizade” e, de certo modo, para “construção de comunidades”. A autenticidade, naquele lugar do planeta, ganhou a relevância merecida. 

Também se atribui ao SXSW o fato de o universo da educação empreendedora sair das pequenas salas para as feiras respeitáveis. Ou você acha que foi coincidência o independente deixar de ser algo que não vai dar certo e se tornar uma opção de vida valorizada? 

Todos os anos, o SXSW cria oportunidades para exercermos o mais básico de nossos instintos: o de nos relacionarmos. E assim, submetidos a narrativas poderosíssimas, ali crescemos e nos transformamos. 

Todos os anos, o SXSW é uma imersão de dez dias na era exponencial, sob o som privilegiado das transformações. Em 2017, não foi diferente. Fui lá para fazer um update e ganhei um reboot.

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