Saúde Mental

Trabalhe enquanto eles dormem e vamos todos adoecer juntos

Em seu livro mais recente “Empresas que curam”, Raj Sisodia enfatiza que ter uma abordagem centrada no ser humano pode tornar as empresas mais eficazes e mais saudáveis. Para isso, as lideranças devem estar atentas ao bem-estar emocional dos colaboradores
Elisa Rosenthal é a diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Compartilhar:

Dizem que para aprender e incorporar algo novo precisamos de, pelo menos, 21 dias de uma mudança de hábito. Mas nem 21 dias e muito menos 21 anos foram suficientes para aprendermos a colocar limites em nossa relação trabalho, autocuidado, família e sociedade.

Ana Tomazelli, fundadora e diretora presidente do Instituto de Pesquisa & Estudos do Feminino (Ipefem), uma ONG de educação em saúde mental, afirma que “não conseguimos resolver o burnout em nível individual, mas podemos desenvolver comportamentos para prevenir problemas e reduzir danos, como estabelecer limites, por exemplo. Para isso, precisamos suportar o peso de não sermos amadas”. Ela ainda alerta para um levantamento realizado pela FEA-USP no qual 63% das pessoas entrevistadas afirmaram que trabalham até 70 horas por semana, quando o teto, pela CLT, é de 44 horas semanais.

O sentimento de ser amada no ambiente corporativo é crucial para o bem-estar emocional e a saúde mental dos trabalhadores, especialmente das mulheres. As empresas e líderes desempenham um papel importante nesse sentido, criando um ambiente de trabalho que priorize o respeito, a empatia e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

As empresas têm o papel fundamental de criar um ambiente de trabalho saudável para suas funcionárias, com práticas que priorizem o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores.

Raj Sisodia, escritor, palestrante, cofundador do Conscious Capitalism, Inc. e pesquisador acadêmico na Babson College da FW Olin traz em seu livro mais recente *Empresas que curam*, que tem como coautor Michael J. Gelb, o argumento de que as empresas podem ser uma fonte de cura e propósito, em vez de simplesmente uma fonte de lucro. Ele afirma que as empresas podem ter um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente, enquanto criam valor para os acionistas.

O autor enfatiza que as empresas precisam ter uma abordagem holística, que leve em consideração os interesses de todas as partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, fornecedores, acionistas e a comunidade em geral. Ele acredita que uma abordagem centrada no ser humano, que valorize a empatia, a compaixão e a colaboração, pode levar a empresas mais eficazes e mais saudáveis, tanto para as pessoas como para o planeta.

As empresas podem adotar medidas para prevenir o burnout e promover a saúde mental de seus funcionários, como oferecer horários flexíveis, licenças remuneradas para cuidar da saúde e bem-estar, e investir em programas de treinamento e desenvolvimento profissional que levem em conta o bem-estar emocional dos trabalhadores.

Neste contexto, é essencial que as lideranças estejam atentas ao bem-estar emocional de suas equipes, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, incentivando o diálogo aberto sobre saúde mental e oferecendo suporte emocional quando necessário. Ao investir na saúde mental e no bem-estar dos funcionários, as empresas não apenas promovem um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, mas também demonstram seu compromisso com o cuidado com as pessoas que fazem parte de sua equipe.

A produtividade e o sucesso não podem ser conquistados às custas da saúde mental e física. A busca por um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional é essencial para garantir um desempenho de alta qualidade e uma carreira sustentável a longo prazo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
No mundo corporativo, onde a transparência é imperativa, a Washingmania expõe a desconexão entre discurso e prática. Ser autêntico não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica para líderes que desejam prosperar e construir confiança real.

Marcelo Murilo

8 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo onde as empresas têm mais ferramentas do que nunca para inovar, por que parecem tão frágeis diante da mudança? A resposta pode estar na desconexão entre estratégia, gestão, cultura e inovação — um erro que custa bilhões e mina a capacidade crítica das organizações

Átila Persici

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A ascensão da DeepSeek desafia a supremacia dos modelos ocidentais de inteligência artificial, mas seu avanço não representa um triunfo da democratização tecnológica. Embora promova acessibilidade, a IA chinesa segue alinhada aos interesses estratégicos do governo de Pequim, ampliando o debate sobre viés e controle da informação. No cenário global, a disputa entre gigantes como OpenAI, Google e agora a DeepSeek não se trata de ética ou inclusão, mas sim de hegemonia tecnológica. Sem uma governança global eficaz, a IA continuará sendo um instrumento de poder nas mãos de poucos.

Carine Roos

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A revolução da Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, impulsionando a necessidade de upskilling e reskilling como estratégias essenciais para a competitividade profissional. Empresas como a SAP já investem pesadamente na requalificação de talentos, enquanto pesquisas indicam que a maioria dos trabalhadores enxerga a IA como uma aliada, não uma ameaça.

Daniel Campos Neto

6 min de leitura
Marketing
Empresas que compreendem essa transformação colhem benefícios significativos, pois os consumidores valorizam tanto a experiência quanto os produtos e serviços oferecidos. A Inteligência Artificial (IA) e a automação desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo a resolução ágil de demandas repetitivas por meio de chatbots e assistentes virtuais, enquanto profissionais se concentram em interações mais complexas e empáticas.

Gustavo Nascimento

4 min de leitura
Empreendedorismo
Pela primeira vez, o LinkedIn ultrapassa o Google e já é o segundo principal canal das empresas brasileiras. E o seu negócio, está pronto para essa nova era da comunicação?

Bruna Lopes de Barros

5 min de leitura
ESG
O etarismo continua sendo um desafio silencioso no ambiente corporativo, afetando tanto profissionais experientes quanto jovens talentos. Mais do que uma questão de idade, essa barreira limita a inovação e prejudica a cultura organizacional. Pesquisas indicam que equipes intergeracionais são mais criativas e produtivas, tornando essencial que empresas invistam na diversidade etária como um ativo estratégico.

Cleide Cavalcante

4 min de leitura
Empreendedorismo
A automação e a inteligência artificial aumentam a eficiência e reduzem a sobrecarga, permitindo que advogados se concentrem em estratégias e no atendimento personalizado. No entanto, competências humanas como julgamento crítico, empatia e ética seguem insubstituíveis.

Cesar Orlando

5 min de leitura
ESG
Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.

Alain S. Levi

6 min de leitura
Carreira
O medo pode paralisar e limitar, mas também pode ser um convite para a ação. No mundo do trabalho, ele se manifesta na insegurança profissional, no receio do fracasso e na resistência à mudança. A liderança tem papel fundamental nesse cenário, influenciando diretamente a motivação e o bem-estar dos profissionais. Encarar os desafios com autoconhecimento, preparação e movimento é a chave para transformar o medo em crescimento. Afinal, viver de verdade é aceitar riscos, aprender com os erros e seguir em frente, com confiança e propósito.

Viviane Ribeiro Gago

4 min de leitura