Dizem que para aprender e incorporar algo novo precisamos de, pelo menos, 21 dias de uma mudança de hábito. Mas nem 21 dias e muito menos 21 anos foram suficientes para aprendermos a colocar limites em nossa relação trabalho, autocuidado, família e sociedade.
Ana Tomazelli, fundadora e diretora presidente do Instituto de Pesquisa & Estudos do Feminino (Ipefem), uma ONG de educação em saúde mental, afirma que “não conseguimos resolver o burnout em nível individual, mas podemos desenvolver comportamentos para prevenir problemas e reduzir danos, como estabelecer limites, por exemplo. Para isso, precisamos suportar o peso de não sermos amadas”. Ela ainda alerta para um levantamento realizado pela FEA-USP no qual 63% das pessoas entrevistadas afirmaram que trabalham até 70 horas por semana, quando o teto, pela CLT, é de 44 horas semanais.
O sentimento de ser amada no ambiente corporativo é crucial para o bem-estar emocional e a saúde mental dos trabalhadores, especialmente das mulheres. As empresas e líderes desempenham um papel importante nesse sentido, criando um ambiente de trabalho que priorize o respeito, a empatia e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
As empresas têm o papel fundamental de criar um ambiente de trabalho saudável para suas funcionárias, com práticas que priorizem o bem-estar e a qualidade de vida dos colaboradores.
Raj Sisodia, escritor, palestrante, cofundador do Conscious Capitalism, Inc. e pesquisador acadêmico na Babson College da FW Olin traz em seu livro mais recente *Empresas que curam*, que tem como coautor Michael J. Gelb, o argumento de que as empresas podem ser uma fonte de cura e propósito, em vez de simplesmente uma fonte de lucro. Ele afirma que as empresas podem ter um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente, enquanto criam valor para os acionistas.
O autor enfatiza que as empresas precisam ter uma abordagem holística, que leve em consideração os interesses de todas as partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, fornecedores, acionistas e a comunidade em geral. Ele acredita que uma abordagem centrada no ser humano, que valorize a empatia, a compaixão e a colaboração, pode levar a empresas mais eficazes e mais saudáveis, tanto para as pessoas como para o planeta.
As empresas podem adotar medidas para prevenir o burnout e promover a saúde mental de seus funcionários, como oferecer horários flexíveis, licenças remuneradas para cuidar da saúde e bem-estar, e investir em programas de treinamento e desenvolvimento profissional que levem em conta o bem-estar emocional dos trabalhadores.
Neste contexto, é essencial que as lideranças estejam atentas ao bem-estar emocional de suas equipes, promovendo um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso, incentivando o diálogo aberto sobre saúde mental e oferecendo suporte emocional quando necessário. Ao investir na saúde mental e no bem-estar dos funcionários, as empresas não apenas promovem um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, mas também demonstram seu compromisso com o cuidado com as pessoas que fazem parte de sua equipe.
A produtividade e o sucesso não podem ser conquistados às custas da saúde mental e física. A busca por um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional é essencial para garantir um desempenho de alta qualidade e uma carreira sustentável a longo prazo.