Vale Ocidental

Um ecossistema de colaboração

__Ellen Kiss__ é empreendedora e consultora de inovação especializada em design thinking e transformação digital, com larga experiência no setor financeiro. Em agosto de 2022. após um período sabático, assumiu o posto de diretora do centro de excelência em design do Nubank.

Compartilhar:

Quando pensamos em colaboração no Vale do Silício, lembramos dos ambientes de trabalho abertos das grandes empresas de tecnologia, com seus cafés, áreas de descanso e mesas de pingue-pongue. Sim, é comprovado que espaços abertos convidam os funcionários a estabelecer o hábito de se organizar e colaborar com toda a estrutura hierárquica. São recursos que estimulam a criatividade, atraem e retêm os melhores talentos.

No entanto, a cultura de colaboração do Vale vai muito além disso. Estudos atribuem a inovação do local à intersecção entre academia, setor privado e governo – a convergência desses três setores é o que torna o ambiente diferente de qualquer outro. As universidades de Stanford e Berkeley atraem um fluxo constante de empreendedores e as melhores mentes da tecnologia. Tantas startups prósperas tornaram a região do Vale, a Bay Area e a vizinha São Francisco destinos atraentes também para investidores. Além disso, como muitos dos residentes são os primeiros a adotar novas tendências, a oportunidade de testar novos produtos também é facilitada.

As histórias de sucesso do passado dão fôlego às atitudes presentes. Se os empreendedores estão cercados pelo sucesso de tantas startups e de gigantes da tecnologia como Apple e Facebook, torna-se mais fácil imaginar vitórias para si próprios. E, por último, os recursos pessoais e institucionais já investidos ali tornam o Vale do Silício o local perfeito para o crescimento dos negócios e ampliam as chances de investimento. As oportunidades que o Vale oferece e a cultura inovadora que representa fazem dele um local verdadeiramente único.
Porém, os novos formatos de trabalho, provocados pela recente pandemia, transpuseram muitos dos acontecimentos físicos para o ambiente digital com a maioria dos trabalhadores em formato remoto. Nesse contexto em que a colaboração não é mais presencial e sim virtual, qual será o futuro da região? Hoje já ocorre um grande êxodo, com os preços dos aluguéis caindo, as taxas de ocupação de escritórios diminuindo e trabalhadores de tecnologia fugindo em grande parte para Miami, Denver ou Austin.

Alguns deles, formadores de opinião como Elon Musk, já anunciaram em voz alta sua saída. Apesar do êxodo de São Francisco não ser um fenômeno novo, será um movimento interessante de ser acompanhado. Será que o ecossistema de colaboração do Vale poderá ser replicado em outras cidades? Será que a Bay Area perderá relevância no universo mundial de tecnologia? Ou será que pessoas físicas e famílias voltarão a ocupar a região, como aconteceu após o incêndio e o terremoto de 1906? Em breve saberemos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura