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Um puxão de orelha

Conforme o tempo passa, empresas e empreendedores vão se esquecendo do valor do produto mínimo viável; ele tem de ser sempre a primeira opção à mesa

Luís Augusto Lobão Mendes

é diretor da HSM Educação Executiva, com vasta experiência executiva no desenvolvimento e implantação de...

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Estreamos este espaço para falar de educação executiva, que é a nossa praia. Elegi um assunto que acho urgente as empresas abordarem: seu modo de inovar. Sei que você, gestor, já leu tudo o que podia sobre o inovador processo da startup enxuta, a lean startup, desenvolvido por Steve Blank e Eric Ries, e seu MVP, sigla em inglês de produto mínimo viável –nesta revista, inclusive. 

Estou quase certo de que você achou incrível a combinação que os dois fizeram, em um mesmo pacote, de ideias e ferramentas de marketing, tecnologia e gestão, e a ousadia deles em transformar uma metodologia pensada originalmente para startups de tecnologia em um método aplicável a qualquer empresa. O ciclo construir-medir-aprender que Blank e Ries propuseram representou talvez uma epifania em sua vida, assim como a permanente interação com os usuários a fim de testar diferentes hipóteses para encaixar novidades no mercado. No entanto, na hora de colocar um produto ou serviço novo no mercado, você faz… um plano de negócios tradicional. 

Na hora H, você pede à equipe que deixe o produto ou serviço redondinho, perfeito para ser consumido. Você se apoia em pesquisa de mercado, em grupos focais, em projeções de crescimento  e em sua experiência ou intuição –e sente-se com o dever cumprido. Você continua a usar o método antigo. Eu lhe pergunto: por quê? Sei que construir pontes entre a teoria e a prática é trabalhoso, porque envolve muitas pessoas e suas concepções. 

Mas será que você acreditou de verdade na lean startup? Porque quem acredita vai à luta. Um dos problemas é o raciocínio convencional em que os gestores foram treinados, segundo o qual o método MVP não deveria funcionar. Porém a vida real mostra que funciona –e muito bem! Outro problema talvez seja o fato de que o conceito de produto mínimo viável vem sendo confundido, por muitos dos que dizem aplicá-lo, com uma versão do produto com funcionalidades mais simples para ser entregue mais rápido. Não é essa a proposta; usar o mínimo de capital no projeto não é igual a fazer algo baratinho. 

Um terceiro problema é que o MVP também tem sido interpretado erroneamente como um teste de protótipo ou conceito. Ele não foi concebido apenas para responder a questões técnicas ou sobre o design do produto! Seu objetivo é testar hipóteses fundamentais do negócio e proporcionar o aprendizado sobre isso. E o mais importante, que talvez poucos tenham entendido, é que o MVP deve ser um vetor da criação da cultura de experimentação na empresa. 

Lembre-se sempre: nos últimos anos, muitas ideias brilhantes sucumbiram no mercado por consumirem trabalho incansável sem nenhuma validação de seu valor e de suas possibilidades de crescer e se converter em um negócio sustentável. Perdão pelo puxão de orelha, mas esqueça o que fazia e comece a usar o MVP já.

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