Uncategorized

Vamos diminuir a lacuna existente entre pessoas trans e o RH das empresas

Fundadora da TransEmpregos

Compartilhar:

Infelizmente as estatísticas sobre a população trans no Brasil são escassas. Costumo citar a Antra (Articulação Nacional de Travestis e Transexuais), que aponta que 90% das pessoas trans vivem da prostituição, mas os dados não são abrangentes. É por isso que uma das nossas batalhas é identificar quem são e onde estão as pessoas trans, para que possamos ter políticas públicas corretas e mais centradas. Precisamos dar visibilidade e foco para que essa causa seja realmente inserida dentro da nossa sociedade. 

Para isso, a primeira coisa a fazer é acabar com os estigmas e ajudar as empresas a enxergarem os invisíveis. Porque, no geral, as pessoas acham que trans só pode ser garota de programa, cabelereira ou estar em subempregos. E as empresas, por não conhecerem, preferem não lidar com essa realidade. Isso dificulta o processo de tornar a cultura corporativa mais inclusiva. É preciso que os filtros e os processos seletivos das empresas aprendam a fazer contratações verdadeiramente inclusivas, em que todo mundo se sinta contemplado. Na outra ponta, é preciso capacitar as pessoas trans que sofrem desde cedo a exclusão na família e com a evasão escolar. Precisamos ampliar as capacitações e o desenvolvimento educacional dos profissionais trans. 

Temos observado que há muita empresa querendo entrar na moda da diversidade sem transformar a cultura corporativa. Eu acredito que não adianta buscar consultoria querendo ter mais diversidade se não procurar criar uma cultura verdadeiramente inclusiva. Se a empresa trabalha a cultura, a diversidade brota naturalmente. Outra coisa que eu vejo como muito importante é não transformar o processo de inclusão no que chamamos de “efeito zoológico”, que é fazer exibicionismo. É extremamente prejudicial, principalmente quando não é conversado com a pessoa que está inserida no processo. Aí, ela tem que posar de modelo na intranet ou palestrar em eventos para mostrar como a empresa é legal. Colocar a diversidade numa vitrine é uma armadilha. 

Eu acredito que quanto mais orgânico for o processo de incorporação da diversidade e ampliação da cultura inclusiva, melhor é. As empresas não precisam criar novos mecanismos. 

É preciso olhar para dentro e ver quais projetos já fazem parte do DNA da empresa e que podem ter essa cultura mais inclusiva. Assim, tudo fica muito mais fácil e natural. As empresas também precisam ir além da empregabilidade, e pensar no que é possível fazer para transformar ainda mais a cultura e agregar impacto por meio da responsabilidade social. 

Por fim, quero registrar que trabalho nessa causa porque tem tudo a ver com o que acredito, com minhas vivências e referências pessoais. 

E também por entender que um mundo mais justo e mais humano tem que tratar com equidade toda sua população. É isso que me move e que me impulsiona. Como visão de futuro, o que a gente quer é acabar com a TransEmpregos. Ela não foi criada para durar para sempre. Temos uma meta da instituição durar 15 anos. Já estamos no quinto ano. O dia que as pessoas e as empresas entenderem que competência não tem nada a ver com a identidade, cor, raça, de onde a pessoa veio ou orientação sexual, estaremos no caminho certo. Gosto muito de uma frase que diz: “Diversidade é quando a gente conta as pessoas. Inclusão é quando as pessoas contam”. Quando isso acontece, você não depende da boa vontade de uma liderança ou de um grupo. Todo mundo sabe qual o caminho certo a seguir.

Conheça o TransEmpregos: [https://www.transempregos.org/](https://www.transempregos.org/) .

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança na gestão do mundo híbrido

Este modelo que nasceu da necessidade na pandemia agora impulsiona o engajamento, reduz custos e redefine a gestão. Para líderes, o desafio é alinhar flexibilidade, cultura organizacional e performance em um mercado cada vez mais dinâmico.

Data economy: Como a inteligência estratégica redefine a competitividade no século XXI

Na era digital, os dados emergem como o ativo mais estratégico, capaz de direcionar decisões, impulsionar inovações e assegurar vantagem competitiva. Transformar esse vasto volume de informações em valor concreto exige infraestrutura robusta, segurança aprimorada e governança ética, elementos essenciais para fortalecer a confiança e a sustentabilidade nos negócios.

China

O Legado do Progresso

A celebração dos 120 anos de Deng Xiaoping destaca como suas reformas revolucionaram a China, transformando-a em uma potência global e marcando uma era de crescimento econômico, inovação e avanços sociais sem precedentes.

Liderança
como as virtudes de criatividade e eficiência, adaptabilidade e determinação, além da autorresponsabilidade, sensibilidade, generosidade e vulnerabilidade podem coexistir em um líder?

Lilian Cruz

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança
As novas gerações estão redefinindo o conceito de sucesso no trabalho, priorizando propósito, bem-estar e flexibilidade, enquanto muitas empresas ainda lutam para se adaptar a essa mudança cultural profunda.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG, Empreendedorismo
31/07/2024
O que as empresas podem fazer pelo meio ambiente e para colocar a sustentabilidade no centro da estratégia

Paula Nigro

3 min de leitura
ESG
Exercer a democracia cada vez mais se trata também de se impor na limitação de ideias que não façam sentido para um estado democrático por direito. Precisamos ser mais críticos e tomar cuidado com aquilo que buscamos para nos representar.
3 min de leitura
Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura
Inteligência Artificial
Marcelo Murilo
Com a saturação de dados na internet e o risco de treinar IAs com informações recicladas, o verdadeiro potencial da inteligência artificial está nos dados internos das empresas. Ao explorar seus próprios registros, as organizações podem gerar insights exclusivos, otimizar operações e criar uma vantagem competitiva sólida.
13 min de leitura