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Walmart versus clínicas e hospitais

Serviço de saúde do varejo é tema de discussão – e dá o que pensar sobre a concorrência que vem de lugares inusitados

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Por que o Walmart está entrando no setor de saúde, abrindo clínicas em todo o país? A melhor resposta, de acordo com Mark Pauly, professor emérito de administração de serviços de saúde da Wharton School, é: por que não? Os cuidados de saúde representam 18% do PIB americano. É um setor enorme e que não foi reformado nem reorganizado em 50 anos.

“Para muitas grandes empresas, isso parece ser um fruto fácil de colher”, disse Pauly ao podcast *Wharton Business Daily*. “O Walmart teve sucesso em se afastar de seu foco original em roupas baratas para se tornar o varejista nº 1 de mantimentos nos EUA.” Mas por que atendimento de urgência do Walmart? O professor admite que cuidar da saúde é mais complicado do que vender meias. A cobertura de seguro, por si só, faz com que a prestação de serviço esteja longe de ser uma simples questão de oferta e demanda. Mas a estratégia do Walmart parece ser construída em sua marca de conveniência. No início do ano, a empresa anunciou planos para construir 77 centros de saúde até 2024. “Eles parecem imaginar que você sai em um sábado para comprar algumas meias e decide dar uma passada para tomar uma vacina contra herpes”, disse Pauly. “Estão montando algo semelhante aos centros de atendimento de urgência ou clínicas de varejo. O Walmart aparentemente pretende entrar no mercado de cuidados primários episódicos.”

O problema com a estratégia é que a atenção primária não é lucrativa como procedimentos cirúrgicos, de diagnóstico e cuidados de longo prazo para condições crônicas, como diabetes. “Isso parece ser um pouco mais complicado porque eles não estão realmente preparados para a continuidade do atendimento”, disse. Pauly não está descartando a possibilidade de que o Walmart encontre uma maneira de fornecer cuidados de qualidade e de longo prazo, mas a empresa tem uma série de obstáculos para chegar lá. Fornecer pessoal adequado é apenas um deles. O Walmart é conhecido por cortar custos por meio da redução de pessoal, abordagem que seria desastrosa na saúde, área cujos cuidados são trabalhosos e requerem treinamento especializado. Pauly disse que o Walmart precisará integrar conveniência com atendimento coordenado que trate os pacientes como indivíduos. O maior sucesso da empresa no setor provavelmente será eliminar a concorrência. “É muito complicado marcar uma consulta com seu sistema de saúde regular”, disse. “Esse pode ser o nicho que eles visam. Você pode trocar o óleo do carro e seus próprios fluidos ao mesmo tempo.”

__Leia também: [Crise das startups chega à Índia](https://www.revistahsm.com.br/post/crise-das-startups-chega-a-india)__

Artigo publicado na HSM Management nº 158.

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