Uncategorized

A curva do pato

(ou quando inovar é gerar novos problemas)
É curador de conteúdo HSM e líder do time de conteúdos originais da plataforma. Graduado em Letras pela Universidade de São Paulo e em Edição pela Universidade Mackenzie, participa da produção e execução de parcerias, como o podcast CBN Professional, e produção de conteúdos para a HSM Experience.

Compartilhar:

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/3e7dd48c-4944-4eec-bef2-8fd62636f282.jpeg)

Considerada muitas vezes a grande solução para os problemas da humanidade, a inovação tecnológica sofre de um forte messianismo por parte de seus entusiastas, que enxergam em sua curva exponencial de desenvolvimento e impacto positivo um caminho de maravilhas e o desenho de uma quase utópica sociedade, praticamente um conto de Arthur C. Clarke, grande nome da ficção científica do século 20. No entanto, na mesma medida em que ganha complexidade, a inovação tecnológica também desenvolve uma curva exponencial de problemas que, muitas vezes, demandam outro tipo de abordagem que não a técnica; vale pensar em qual seria. 

Pensemos, por exemplo, na energia solar. Quando falamos dela, chegamos à chamada “curva do pato”, a demonstração visual de um problema comum para aqueles que trabalham ou estão mais familiarizados com a produção desse tipo de energia. O gráfico (que lembra vagamente a silhueta de um pato) leva em consideração os momentos em que se demanda maior uso de energia em uma sociedade versus a capacidade que ela tem de produzir energia elétrica a partir da luz solar. A relação desigual entre demanda (alta pelas manhãs e noites, quando as famílias estão em casa) e produtividade (alta ao meio-dia, com a maior exposição dos painéis solares à luz do sol; e inexistente à noite), além de demonstrar um grande problema que os idealistas de futuros sustentáveis deverão enfrentar, ilustra um problema que, ao menos em parte, é gerado pela tecnologia.

Mas nem precisamos pensar no futuro para ver a curva do pato e os desdobramentos problemáticos da tecnologia. Qualquer pessoa que já teve a oportunidade de visitar o metrô de uma grande cidade como São Paulo pôde viver na pele a questão da oferta e da demanda. A solução para isso, definitivamente, não é tecnológica, pois já tentamos ao investir em alternativas: ônibus, trens, táxis, apps de mobilidade; todos, de certa maneira, intensificaram o problema, não o resolveram. O resultado fica claro em cada horário de rush, em cada sexta-feira à tarde nas principais avenidas brasileiras. 

Tanto para os negócios quanto para a vida, a curva exponencial da tecnologia deveria vir acompanhada da mudança de mindset, de uma visão crítica sobre práticas, gestão de recursos, modelos de trabalho e gestão etc. A questão é: que facilidades essa inovação está me trazendo e quais os efeitos colaterais dela? É refletir a respeito de que mudanças de mentalidade tais novas tecnologias estão demandando e se isso vale a pena. 

Inovar sempre, mas sem pagar o pato.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança
14 de novembro de 2025
Como dividir dúvidas, receios e decisões no topo?

Rubens Pimentel - CEO da Trajeto Desenvolvimento Empresarial

2 minutos min de leitura
Sustentabilidade
13 de novembro de 2025
O protagonismo feminino se consolidou no movimento com a Carta das Mulheres para a COP30

Luiza Helena Trajano e Fabiana Peroni

5 min de leitura
ESG, Liderança
13 de novembro de 2025
Saiba o que há em comum entre o desengajamento de 79% da força de trabalho e um evento como a COP30

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
12 de novembro de 2025
Modernizar o prazo de validade com o conceito de “best before” é mais do que uma mudança técnica - é um avanço cultural que conecta o Brasil às práticas globais de consumo consciente, combate ao desperdício e construção de uma economia verde.

Lucas Infante - CEO da Food To Save

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
11 de novembro de 2025
Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.

André Veneziani - Vice-Presidente Comercial Brasil & América Latina da C-MORE Sustainability

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
10 de novembro de 2025
A arquitetura de software deixou de ser apenas técnica: hoje, ela é peça-chave para transformar estratégia em inovação real, conectando visão de negócio à entrega de valor com consistência, escalabilidade e impacto.

Diego Souza - Principal Technical Manager no CESAR, Dayvison Chaves - Gerente do Ambiente de Arquitetura e Inovação e Diego Ivo - Gerente Executivo do Hub de Inovação, ambos do BNB

8 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025
Investir em bem-estar é estratégico - e mensurável. Com dados, indicadores e integração aos OKRs, empresas transformam cuidado com corpo e mente em performance, retenção e vantagem competitiva.

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025
Na era da hiperconexão, encerrar o expediente virou um ato estratégico - porque produtividade sustentável exige pausas, limites e líderes que valorizam o tempo como ativo de saúde mental.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)