Empreendedorismo

A reinvenção do empreendedorismo a partir do propósito

Pensar seu negócio a partir do porquê ele existe transforma profundamente seu modo de agir e seu impacto na sua comunidade

Compartilhar:

Conversamos com Dani Junco, CEO do B2Mamy, mentora de startups e membro da Confraria do Empreendedor, a respeito de um tema que tem sido cada vez mais central na criação de novos negócios: o propósito. Ao longo de sua jornada atuando à frente de equipes de marketing, comercial e inovação, e mais recentemente, como CEO, Dani entendeu que saber o motivo pelo qual sua empresa existe faz a abordagem do empreendedor mudar radicalmente, agregando valor ao negócio e à comunidade em que ele está inserido.

Confira nosso papo com a mãe do Lucas e CEO de uma empresa que está capacitando e conectando mães ao ecossistema de inovação e tecnologia para transformar realidades.

__HSM Management: Por que é importante falarmos de propósito no contexto do empreendedorismo?__

__Dani Junco:__ Eu acredito que o [empreendedor é alguém que sonha e realiza em proporções impactantes](https://www.revistahsm.com.br/post/o-mundo-precisa-de-uma-sacudida) e essa minha crença está totalmente conectada com o conceito de propósito massivo transformador, do Salim Ismail, fundador da Singularity University. Ele aponta esse é um dos 11 atributos presente nas culturas de empresas exponenciais, como Google, Uber e Netflix. Para ele, o propósito não é uma declaração de missão, é uma mudança cultural que move a equipe interna para o impacto externo. Eu também acredito nisso, que uma empresa deve existir para uma finalidade maior do que apenas a de gerar lucro para seu dono e que o olhar centrado no cliente é principal pilar de empresas que decidem crescer de maneira exponencial.

Eu vejo o propósito como o principal combustível para criar negócios de impacto. É necessário entender o porquê e para quem sua empresa faz o que faz. É preciso um motivo audaciosamente grande que cause transformações significativas para uma comunidade. Na minha visão, quem não nasce para servir, não serve para empreender.

__HSM Management: Esse não é um assunto novo no mundo dos negócios, inclusive existem movimentos globais que abordam o propósito como um pilar importante para as organizações do presente e do futuro. No entanto, sabemos que o tema ainda enfrenta certa resistência de quem está à frente das empresas. A que você atribui essa resistência?__

__Dani Junco:__ Vejo que muita gente ainda torce o nariz quando ouve a palavra [propósito no mundo dos negócios](https://www.revistahsm.com.br/post/de-um-reset-no-seu-proposito) e acredito que essas pessoas provavelmente não conhecem essa abordagem a fundo ou ainda estejam muito conectadas em suas rotinas com o modo operante da Hard Economy. Esse é um tipo de economia baseado na lógica industrial, cujo estilo comando e controle funcionou muito bem por décadas, mas que tem perdido espaço nas empresas atualmente e que está em clara transição.

Eu acredito que pensar a organização a partir do seu propósito orienta a cultura organizacional da empresa, contribuindo de forma efetiva para o seu negócio, pois quando as pessoas tem clareza dos motivos do seu movimento elas se mostram mais abertas à construção de uma comunidade apaixonada e leal. Além disso, ter seu cliente no centro das decisões estimula a inovação e a definir as estratégias para crescer.

O propósito contribui também para a criação de um ambiente seguro para a equipe e renova a energia do empreendedor nos dias ruins. Afinal, ele é sempre maior do que você mesmo.

__HSM Management: Que orientação você dá para quem quer começar a pensar nesse assunto, em busca de seu propósito?__

__Dani Junco:__ Gosto muito da abordagem do Simon Sinek para pensar propósito. Ele afirma incansavelmente que “as pessoas não compram o que você faz, elas compram porque você faz o que você faz”. O porquê está relacionado ao sistema límbico do cérebro, que é o responsável pelas emoções e comportamento sociais. Então ativa-lo antes do neocortex, que é mais racional, causa uma conexão maior com as pessoas. E [empreender deve sempre sobre pessoas](https://www.revistahsm.com.br/post/a-escolha-da-gestao-humanizada-e-consciente-na-pratica) e como tornar a vida delas melhor.

Então, o propósito deve ser a bússola que te mantém focado. Para levar o conceito para a prática, algumas perguntas podem ajudar quem quer começar a desenvolver o seu propósito, tais como:
– De quem é a vida que deseja impactar?

– Quais são os principais desafios que essa pessoa encontra? Existem mais pessoas?

– O que te move hoje? No que você acredita?

– Qual atividade que onde você se sente muito produtivo, curioso e focado?
Minha dica é que as respostas sejam escritas em tópicos e depois a pessoa vá achando intersecções.

__HSM Management: Como o seu propósito pessoal se conecta com o que você faz hoje?__

__Dani Junco:__ Ao longo dos anos, li muito sobre os [propósitos das organizações](https://www.revistahsm.com.br/post/voce-sabe-o-que-e-inovacao-social) e dois deles me chamam a atenção pelo tamanho e impacto que essas empresas causam no mundo. Um deles é o do Google, cujo propósito é organizar toda a informação do mundo, e o outro é o da organização de conferências TED, que é encontrar ideias que merecem ser espalhadas. O meu propósito é colocar mulheres em movimento. Eu só consigo sonhar muito grande para caber muita gente!

Por isso, estou envolvida em diversos movimentos e me conecto de forma profunda com os negócios dos quais eu faço parte. A Confraria do Empreendedor, por exemplo, existe para conectar empreendedores que compartilhem desafios. Já a B2Mamy quer tornar as mães líderes e livres economicamente. Nessa jornada de quase cinco anos à frente da B2Mamy já capacitamos mais de 30 mil mulheres em nossos programas de educação, criando uma rede de empreendedoras. E estamos apenas começando.

Confira outros insights sobre o mundo dos negócios [em nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter).

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, a robótica ganhou destaque como tecnologia transformadora, com aplicações que vão da saúde e criatividade à exploração espacial, mas ainda enfrenta desafios de escalabilidade e adaptação ao mundo real.

Renate Fuchs

6 min de leitura
Inovação
No SXSW 2025, Flavio Pripas, General Partner da Staged Ventures, reflete sobre IA como ferramenta para conexões humanas, inovação responsável e um futuro de abundância tecnológica.

Flávio Pripas

5 min de leitura
ESG
Home office + algoritmos = epidemia de solidão? Pesquisa Hibou revela que 57% dos brasileiros produzem mais em times multidisciplinares - no SXSW, Harvard e Deloitte apontam o caminho: reconexão intencional (5-3-1) e curiosidade vulnerável como antídotos para a atrofia social pós-Covid

Ligia Mello

6 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo de incertezas, os conselhos de administração precisam ser estratégicos, transparentes e ágeis, atuando em parceria com CEOs para enfrentar desafios como ESG, governança de dados e dilemas éticos da IA

Sérgio Simões

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Os cuidados necessários para o uso de IA vão muito além de dados e cada vez mais iremos precisar entender o real uso destas ferramentas para nos ajudar, e não dificultar nossa vida.

Eduardo Freire

7 min de leitura
Liderança
A Inteligência Artificial está transformando o mercado de trabalho, mas em vez de substituir humanos, deve ser vista como uma aliada que amplia competências e libera tempo para atividades criativas e estratégicas, valorizando a inteligência única do ser humano.

Jussara Dutra

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
A história familiar molda silenciosamente as decisões dos líderes, influenciando desde a comunicação até a gestão de conflitos. Reconhecer esses padrões é essencial para criar lideranças mais conscientes e organizações mais saudáveis.

Vanda Lohn

5 min de leitura
Empreendedorismo
Afinal, o SXSW é um evento de quem vai, mas também de quem se permite aprender com ele de qualquer lugar do mundo – e, mais importante, transformar esses insights em ações que realmente façam sentido aqui no Brasil.

Dilma Campos

6 min de leitura
Uncategorized
O futuro das experiências de marca está na fusão entre nostalgia e inovação: 78% dos brasileiros têm memórias afetivas com campanhas (Bombril, Parmalat, Coca-Cola), mas resistem à IA (62% desconfiam) - o desafio é equilibrar personalização tecnológica com emoções coletivas que criam laços duradouros

Dilma Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
O aprendizado está mudando, e a forma de reconhecer habilidades também! Micro-credenciais, certificados e badges digitais ajudam a validar competências de forma flexível e alinhada às demandas do mercado. Mas qual a diferença entre eles e como podem impulsionar carreiras e instituições de ensino?

Carolina Ferrés

9 min de leitura