O isolamento social provocado pela pandemia da covid-19 colocou em prática algo ansiado por muitos brasileiros, a chance de trabalhar de casa. O que parecia um sonho para muitos – acordar cinco minutos antes do expediente, fazer reuniões do conforto do sofá, trabalhar junto dos familiares, contar com a companhia diária de seus pets – transformou-se em tormenta para parte deles. Ao contrário do que esperavam, a mudança brusca e urgente para o home office aumentou os níveis de ansiedade e estresse.
De acordo com um estudo realizado em julho e agosto de 2020 pela [Oracle e pela Workplace Intelligence](https://www.oracle.com/human-capital-management/ai-at-work/), a covid-19 aumentou o estresse, a ansiedade e o esgotamento dos mais de 12 mil entrevistados de 11 países, entre empregados, gerentes, líderes de RH e executivos C-level. A pesquisa indica que a covid-19 gerou mais estresse (38%), falta de equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (35%), esgotamento emocional e depressão por falta de socialização (25%) e solidão (14%), de acordo com os entrevistados.
O levantamento apontou ainda que 70% dos brasileiros que participaram disseram estar mais estressados e ansiosos no trabalho em 2020 em comparação a qualquer outro ano anterior. Entre os respondentes, os brasileiros são os que mais perdem o sono devido ao estresse corporativo – são 53% em comparação com 40% do restante dos países. Sobre a vida doméstica, 90% dos brasileiros e 85% dos trabalhadores globais afirmaram que os problemas de saúde mental acarretados pelo trabalho afetam suas relações pessoais. O estudo informa ainda que 35% dos entrevistados globais e 42% dos brasileiros estão fazendo mais de 40 horas extras por mês; 21% dos brasileiros afirmaram estar passando pela [síndrome de burnout](https://www.revistahsm.com.br/post/burnout-a-sindrome-que-tem-atingido-grande-parte-dos-colaboradores-no-brasil).
## Conversas precisam acontecer
A intensificação do apoio à saúde mental por parte das empresas é um ponto reforçado pelos entrevistados, afinal, 76% deles afirmaram que sua empresa deveria fazer mais para cuidar da saúde mental dos empregados. No Brasil, esse número é ainda maior (84%). Como consequência direta, 4 em cada 10 pessoas afirmaram que sua produtividade caiu durante a pandemia, assim como tomaram decisões mais equivocadas no emprego. Ao mesmo tempo, para 52% dos brasileiros pesquisados, suas [empresas iniciaram a busca](https://www.revistahsm.com.br/post/empresa-do-futuro-sera-mais-tecnologica-mas-nao-abrira-mao-do-capital-humano) e o oferecimento de serviços de apoio à saúde mental nesse período.
Nesse sentido, a pesquisa mostrou que grande parte dos trabalhadores está disposta a utilizar soluções de tecnologia como [inteligência artificial (IA)](https://www.revistahsm.com.br/post/a-sabotagem-e-a-inteligencia-artificial) para o cuidado emocional – 86% dos brasileiros e 80% do total estão abertos para falar sobre suas emoções com um robô. Quando questionados sobre abrir o jogo da saúde mental com seu gerente, 64% dos brasileiros afirmaram preferir falar com um robô.
O uso da IA é encarado como positivo para grande parte dos entrevistados, visto que a tecnologia oferece um espaço livre de julgamentos (34%), é imparcial (30%) e fornece respostas rápidas para questionamentos sobre saúde (29%). Além de ser uma alternativa para os tempos de distanciamento social, uma vez que a terapia com um robô pode ser feita de qualquer local e em qualquer horário, os entrevistados apontaram que a IA aumenta a produtividade (63%), melhora a satisfação no trabalho (54%) e o bem-estar geral (52%), ajuda a força de trabalho a reduzir a jornada semanal (51%) e permite tirar férias mais longas (51%).
![](https://lh3.googleusercontent.com/wGG8wH4A8e7gSJLEyfKoquP4lNaimQypYU0WmA6owKWGU0XZxc2SieQ0ZW7MH_Ir0guDhahZI1MQ1D-hAjDqA5vHTqc3coQNEtKjFe5J70p5hc3OJ6pVXTiCaUWdHcjtOqKaZF1VoX-nlEoB8w)
## Robôs ao socorro
O auxílio da tecnologia já havia sido apontado positivamente por outra pesquisa, *Supporting Mental Health in the Workplace: The Role of Technology*, realizada pela Accenture em 2018 com dois mil empregados e 400 estudantes do Reino Unido. Na época, 65% dos entrevistados se consideraram otimistas quanto ao papel da tecnologia no gerenciamento da saúde mental no universo corporativo, sendo que 39% já haviam experimentado alguma solução.
A pesquisa por informações e aconselhamento por meio de tecnologias foi apontada como a principal experiência realizada por 82% dos entrevistados. Em seguida, as linhas de apoio online já tinham sido acessadas por 72%, seguidas de perto pelo uso de salas de chat (67%) e consultas online (65%). Entre os aplicativos mais citados pelos participantes da pesquisa da Accenture estavam os que promoviam hábitos de sono saudáveis, mindfulness e meditação, muitos deles baseados em ferramentas de terapia cognitivo-comportamental.
Ainda de acordo com a pesquisa da Oracle, 83% dos respondentes desejam que suas organizações possuíssem tecnologias como apoio para a saúde mental, conforme as sugestões a seguir:
![](https://lh4.googleusercontent.com/Y8Htw4LGDvZwgx8_H6IbufZOllQyUxYv3HufjxOZK0Bf9Up7FyazHOl-8-raYpq-T-1efHtfgBAW6oWU_BriuRPW4C3KSPANBGw8qvzzvffTjoYAYbww7Owoiz9t2ytoiztAH3_J-V9nAZB18w)
## Por que investir em tecnologia?
Segundo a Accenture, ainda em seu estudo *Supporting Mental Health in the Workplace: The Role of Technology*, investir na tecnologia para cuidar da saúde mental dos empregados pode ser uma saída interessante por cinco motivos:
– **Empoderamento:** auxilia empregados a assumir a responsabilidade pela própria saúde mental;
– **Anonimização:** fornece ambiente seguro e confidencial para quem não está preparado para falar abertamente;
– **Acessibilidade:** está disponível onde e quando for necessário;
– **Custo-benefício:** possui custo relativamente baixo para empresas e empregados
– **Escalabilidade:** funciona para empresas e comunidades de todos os tamanhos e características
Confira mais artigos sobre o tema no [Fórum Saúde Mental nas Empresas](https://www.revistahsm.com.br/forum/saude-mental-nas-empresas).